Roça-roça

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Roça e roça,
De dia, a terra.
Roça e roça,
De noite, Rosa.
Não tem fio nem pavio,
Cabeça não pensa
E ele roça e roça.
Coça mão,
É um coça-coça
Sem parar,
Piolho, sarna, seborréia.
Rosa também tem um coça-coça
Onde ele gosta de roçar e que
Pariu Rosalina, Rosalinda e Rosvaldo.
Ele roça a terra,
Mata praga tiririca e
Colhe fome,
Que vem da terra.
A mão toda calejada,
Grossa como lixa,
Tanta enxada e pá para carpir.
Mata mato, que o mata,
Incha barriga dos filhos, pois
Os vermes crescem,
Nada para comer,
Rosa sofre.
Rosa chora,
Nos amores com amor,
Cheios de mal cheiro.
Os carinhos dele,
Arranham seus íntimos e
Vasam de ardência,
Tão estropiados que estão.
Ele não é bruto, é ignorante.
Tudo muito duro,
Mundo rude.
Bocas sem dentes.
Coitato dele, dela e das crias,
Tudo fica no roça-roça,
Que acaba com a vida,
Na vida dessa roça,
Onde nem poça se forma.
Pior, Rosa tá prenha,
Aguarda Rosa de Jesus
Ou Rosa da Cruz.
A lua diz que macho
Não será, mas, se errar,
Pode vir um Rosildo Filho
Abençoado por Deus.

HummmmmWhere stories live. Discover now