TRINTA E CINCO

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Finzinho de tarde, olha eu aqui! Cap novo na área. Estamos na reta final. Acho que o último vai ser o 40 *o* tô ansiosa!
Sem mais delongas, não se esqueçam de votar e comentar.
Boa leitura xuxus ♡

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Meses depois

David Collins

No caminho do trabalho de volta para casa minha mente não parava de pensar no que Livia havia dito antes de sair para a aula. "Eu vou morar sozinha." A forma como ela contou a novidade foi totalmente inesperada pra mim, mas em seu tom animado era possível notar que isso era algo que ela queria há muito tempo.

Lívia achou um apartamento perto da Universidade, o que tornaria tudo mais fácil e prático. A notícia era realmente boa mas por algum motivo um ciúme crescia em meu peito. Não queria tê-la longe de mim, morando sozinha no grande centro. Teria de me segurar para não transformar a alegria dela em um problema.

Eu conheço a namorada que tenho e sei que ela não suporta se sentir presa ou controlada. Eu também não quero isso, mas pensar nela em outra casa, conhecendo novas pessoas, estando longe de mim... era um pouco assustador. Talvez fosse fruto de uma insegurança. Talvez eu não me ache bom o suficiente para ela. Ou talvez seja apenas um ciúme bobo e desnecessário da minha parte.

O importante é que eu não estrague esse momento que pra ela está sendo tão incrível. Acima de tudo eu quero vê-la feliz. Além do mais, ela passa bastante tempo na Universidade agora, conseguiu um estágio numa revista após alguns meses. Natalie e ela conhecem mais o centro do que o próprio bairro. É totalmente conveniente e aceitável que ela queria morar por lá. Eu estou tentando me convencer fazem horas.

Dei algumas voltas desnecessárias para tentar me acalmar e não chegar em casa com esse mau humor. Uma hora mais tarde do que o habitual finalmente cheguei em casa. Estacionei o carro na garagem e respirei fundo antes de entrar pela porta.

- Che...guei... - Para a minha surpresa não havia ninguém em casa. Todas as luzes estavam apagadas. Karen estava de férias então eu me vi completamente sozinho.

Subi para tomar um banho e tentar relaxar. Logo logo as meninas estariam em casa e eu precisava aparentar tranquilidade. Desde que Livia despertou em mim esse amor eu tenho tido medo de parecer mesquinho e possessivo. Sei o quanto ela repudia isso e reconheço quanto isso tudo é ruim numa relação. Meu maior medo era decepcioná-la.

Acabei o banho e preparei um sanduíche de frango pra comer. Sentei-me no sofá e liguei a TV no canal de basquete. As horas foram passando e a minha ansiedade aumentava. Onde elas estão?

Peguei e larguei o celular umas cinquenta e cinco vezes pensando se ligaria ou não para ela. Não queria atrapalhar seja lá o que for que elas estivessem fazendo. Ultimamente esse acontecimento vinha sendo corriqueiro. Tinha dias que elas ficavam estudando, dias que iam conhecer mais do centro, dias que iam pra alguma festa. Eu tentava dar o máximo de liberdade. Livia é jovem, Natalie também. Isso tudo faz parte.

Assisti mais um pouco de TV tentando respirar e não surtar. Acabei cochilando por mais algum tempo. Acordei chamando o nome de Natalie mas elas ainda não estavam em casa. Tudo estava do mesmo jeito que deixei. Olhei o horário em meu celular e pude sentir meu peito queimar.

Onze horas da noite. Onde diabos elas se meteram? Minha irritação já dava lugar a preocupação. E se tivesse acontecido algo? As duas mulheres da minha vida ainda não tinham voltado para casa. Meu coração acelerou. Peguei o celular para ligar. Disquei o número de Natalie e quando ia apertar para ligar ouvi as doces vozes delas.

– Oi! Chegamos. Ainda está acordado? – Natalie me cumprimentou animadamente.

Livia parecia feliz e as duas pareciam não se importar muito com o horário que haviam voltado para casa. Senti uma raiva crescer em mim.

– Onde vocês estavam? – Perguntei em alto som.

– Nós fomos comprar umas coisas pro meu apartamento. Deixamos lá na mamãe e fomos numa pizzaria. – Livia respondeu confusa. – Aconteceu algo? – Ela me fitou com os olhos.

– São onze horas da noite e vocês nem sequer ligaram pra avisar. – Respondi seriamente. Natalie encolheu os ombros percebendo a gravidade da situação.

– Olha... pai, desculpa... A gente se distraiu nas compras, depois ficamos com a tia Susan um pouco...

– Já que vocês chegaram bem eu estou indo deitar. – Interrompi Natalie. – Boa noite.

Subi as escadas e pude sentir o olhar das duas sobre mim, me queimando como laser. Eu estava completamente puto. Meu coração passou a noite acelerado e elas nem ao menos se preocuparam em ligar. Me joguei na cama sabendo que não conseguiria dormir.

– David? – Livia bateu na porta do meu quarto e me chamou com uma voz doce. – Podemos conversar?

Me levantei da cama e caminhei até a porta. Destranquei e girei a maçaneta abrindo-a. Livia estampou um largo sorriso em seu rosto, mas eu apenas a olhei fixamente.

– Entra. – Eu disse dando-lhe passagem.

– Aconteceu... algo? – Ela me olhou novamente confusa.

– Vocês nem se importaram em ligar! Eu estava preocupado. – Eu não queria apresentar essa vulnerabilidade mas as palavras apenas saíam.

– Me desculpa, amor, não foi nossa intenção. – Os olhos de Livia se fixaram nos meus com ansiedade. – Nós nos distraímos nas compras pro apartamento. Depois passamos na minha casa e em seguida fomos comer...

– Então já está decidido? – Deixei minha frustração transparecer. – Você vai mesmo se mudar?

– Eu sabia! Eu sabia que você não estava bem com isso. – Ela se sentou na cama. – Precisamos conevrsar.

– Eu só... Eu não entendo, Livia! Por que você tem que ir para lá? – A cada palavra eu me sentia mais mesquinho e possessivo. Exatamente do jeito que eu não queria.

– Liberdade. Praticidade. Estamos mesmo discutindo isso? – Livia parecia indignada.

– More aqui. – Falei baixo e sem pensar.

– O que?

– More aqui, Livia. Você vai ter liberdade, eu posso contratar um motorista pra te dar praticidade...

– David! – Livia me interrompeu e eu percebi que tinha dito merda. – Você está louco? Se um dia formos morar juntos será na nossa casa, do nosso jeito e pelos motivos certos. Não assim apenas para me impedir de ir.

– Minha linda... Eu só quero te proteger, eu...

– David, essa proteção toda soa mais como uma prisão. – Livia riu meio incrédula. – Eu vou, já está decidido, não deveríamos brigar por isso! – Seu olhar era carinhoso, ela claramente não queria essa discussão.

– Livia, por favor me escute... Eu não suporto a ideia de você longe de mim, conhecendo pessoas novas...

– Como? Conhecendo pessoas novas? - Ela me olhava assustada. - Olha, eu acho que você está um pouco estressado... prefiro acreditar que essas palavras não saíram de você em sã consciência. - Ela segurou minhas mãos. - Eu vou sair daqui antes que você fale algo ainda pior. Amanhã haverá uma festa de despedida pra mim na casa da minha mãe. Espero que você apareça. – Livia falou séria. Saiu do quarto e fechou a porta. Que merda.

Sentei na cama e escondi o rosto com as mãos. Tinha plena consciência da merda que eu acabara de fazer. Agi como um completo babaca, fiz tudo o que eu sabia que não poderia fazer. Falei tudo o que não queria falar.

Eu precisava consertar isso. Esse passo está sendo muito importante pra ela, e ao dizer tudo aquilo em voz alta eu percebi o quão idiota e egoísta eu estava sendo. De repente uma angústia e um arrependimento me invadiram.

Percebi que, mesmo de longe, eu confio totalmente nela. Ela não merece esse meu comportamento.

Ai ai, David. Tão lindo mas tão impulsivo... até amanhã xuxus!

Não se apaixone por mimWhere stories live. Discover now