Hospital III

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A balada de uma pomba
Vá com paz e amor
Recolha suas lágrimas, mantenha-as em seu bolso
Guarde-as para um momento em que você realmente vai precisar delas







Emma


Tudo doía. Meu corpo inteiro doía. Até abrir os olhos tinha se tornado um trabalho difícil. A medida que meus sentidos retornaram, percebi que ainda estou viva. Estou inteira, embora com certeza não esteja forte como estava quando aconteceu. O excesso de energia não está mais presente e isso consigo sentir tanto psicologicamente quanto fisicamente. Eu não lembro de nada, já tentaram me fazer lembrar, mas nada vem na minha cabeça depois de eu ter entrado na festa. Estou cansada, as visitas me deixam mais cansada do que já estou e são sempre as mesmas perguntas: "o que aconteceu?", "você lembra do que?" e "por que fez isso?". São tão repetitivas que já até decorei. A enfermeira está fazendo eu andar pelo hospital. Eles me obrigaram a andar pelo corredor quando não havia nenhuma visita. Estou melhor que ontem, só me sinto tonta e sinto que meus braços pesam 100 quilos cada. Numa dessas caminhadas pelo corredor a enfermeira me falou sobre a preocupação das pessoas por minha causa, é engraçado. Quando você está morto as pessoas começam a te ouvir.

Não lembro de como foi o processo até eu fechar os olhos por completo. Só sei que não sonhei enquanto dormia, não fiz nada. Simplesmente, entrei na festa e em seguida acordei com a minha mãe me olhando e depois me mandando ficar calma. Não nego que a melhor coisa de estar numa cama de hospital é como eu estou sendo mimada pelo garoto que eu gosto, Taehyung tem me tratado tão bem e ele não sai de perto de mim por nada, porém é só isso, visto que a comida é ruim, odeio que a enfermeira me dê banho, odeio andar pelos corredores, odeio ver a minha mãe sendo uma boa pessoa na frente do Taehyung e depois sendo o que ela é de verdade na minha frente. Espero receber alta em breve, não aguento mais ficar aqui.

— Emma! — Candice entra no quarto com o Jimin. Ainda não falamos sobre a nossa briga, digamos que eu esteja fingindo que não lembro o que aconteceu e ela também não toca no assunto. Não sei quem será a primeira a colocar o que aconteceu em questão nem sei se iremos continuar do mesmo jeito. — Demoramos, porque o estacionamento estava lotado, parecia um formigueiro.

— Não acho que demoraram muito — digo me ajeitando na cama. — Oi, Jimin — falo e ele se aproxima.

— Oi, Emma. Você se sente bem? — ele pergunta.

— Nem um pouco, mas estou tentando ficar. Estão me levando para andar.

— Tá gostando?

Olho para ele e levanto as sobrancelhas como se fosse óbvio minha reação diante a um exercício forçado.

— O que você acha? Se fosse ao menos por fora do hospital eu até gostaria, mas é só pelos corredores.

— Mas isso vai te ajudar, daqui a pouco vai receber alta — diz Candice.

— Não vejo a hora — forço um sorriso.

— Então, você queria conversar comigo? — ele deve saber o que irei falar.

— Sim, mas... — digo e olho para a Candice. —... a sós

— Não acredito — ela coloca as mãos na cintura. — Meus dois melhores amigos estão mantendo segredos?

Sei que a Candice está brincando, mas não posso deixar de lembrar de quando ela me disse "segredos também machucam, Emma", queria que tivesse sido apenas uma alucinação minha.

Pinte a sua dor | kth [CONCLUÍDA] Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt