16h

2.8K 208 317
                                    

(Sim, eu sei, demorei, mas vão por mim, o capítulo tá enorme e vale a demora. Boa leitura ❤️)











Eu vejo memórias doces
Aquelas que faríamos
Nós ainda temos que fazer






Emma




Odeio acordar cedo. Por mim, eu ficaria dormindo o dia inteiro, mas eu consegui encontrar um grupo de apoio para pessoas que têm depressão e bipolaridade. Antes eu achava a ideia de se unir com várias pessoas problemáticas para conversar totalmente desnecessária e hoje estou aqui, escutando pessoas falando sobre elas e prestes a falar sobre mim. É a minha primeira vez e, felizmente, não é como nos filmes em que temos que repetir o nome da pessoa em uníssono toda vez em que ela começa a falar, é bem mais tranquilo. Theo está orientando a gente e ele já repetiu diversas vezes que não somos nossa doença, existe nós e o transtorno. Ele falou que são coisas diferentes. Quis discordar, mas fiquei calada, porque ele é o psicólogo e tem me ajudado bastante. A única coisa que me incomoda estando num grupo de apoio é conhecer uma das pessoas presentes. Não posso negar o quão chocada fiquei ao sentar na cadeira e ver quem estava sentado ao lado de Theo. Hoseok evitou tanto me olhar que teve uma hora que eu também parei de olhá-lo por respeito, sei como essa situação é constrangedora e não quero deixar que ele crie um bloqueio apenas pela minha inesperada presença nesta roda. É engraçado imaginar que uma pessoa que vive jogando piadinhas e sorrindo o tempo todo possa ter seus demônios parecidos com os meus. Minhas ações revelam totalmente o meu problema, mas o hoseok expressa o contrário. Agora eu noto como um sorriso não diz absolutamente nada sobre uma pessoa.

— Na última vez que aconteceu, eu tive alucinações e elas não queriam parar... — uma garota ao meu lado continua a falar, acho que seu nome é Luna. Não sei se me sinto mal por só agora ter prestado atenção, mas eu realmente não estava interessada até ela falar sobre as alucinações. — Pedi socorro, mas ninguém pareceu entender.

Só tive alucinações uma vez, na frente da minha mãe, mas ela não fez nada, como de costume. Entendo completamente a Luna.

— Durou quanto tempo, Yuqi? — Theo pergunta. O nome dela não era Luna?

— Pouco, mas foi horrível, eu estava no meu limite.

— Acho que você não estava maníaca, deve ter ingerido alguma droga e não está querendo falar — um rapaz de boné para trás que também não faço ideia do nome fala e eu dou uma risada, mas só eu rio, o restante das pessoas ficam sérias. Parabéns, Emma, é seu primeiro dia e você já está rindo de piadas desrespeitosas.

— Carlos, há chances disso acontecer quando a pessoa possui o transtorno — Theo inicia com sua adorável voz calma e leva seu olhar do rapaz para a tal da Yuqi. — Pode ser psicótico, quando a pessoa tem comportamentos que mostram sua perda de vínculo com a realidade como, por exemplo, ouvir vozes alucinadas ou ter delírios.

— Eu não consigo dormir quando estou assim — diz Elena. Uma das únicas pessoas que eu lembro o nome, porque Theo pediu para ela ir chamar a moça que traz água para a roda.

— Nem eu — digo, baixinho. — Meu maior desejo é ficar acordada a maior parte do tempo e tirar toda a energia do meu corpo.

— E você consegue? — Elena pergunta.

— Não, quando aconteceu pela última vez eu só consegui parar no momento em que meu corpo não aguentou mais — tento encarar todos, mas é difícil. Falar apenas com o Theo é bem mais fácil do que me abrir para tantas pessoas.

Pinte a sua dor | kth [CONCLUÍDA] Onde histórias criam vida. Descubra agora