9.FESTA DE SÃO MARCUS

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Quando minha menina adormeceu em meus braços naquela noite, eu senti novamente como se nada no mundo pudesse me atingir. Tê-la tão perto me dava sensação de que tudo ficaria bem, sempre.

Eu a aconcheguei o máximo que pude em meu corpo. Era tão estranho sentir aquele corpo junto ao meu. Eu sentia tantas coisas estranhas. Por mais que eu quisesse apenas me lembrar que quem eu carregava era a minha garotinha, aquele belo corpo de mulher não permitia. As coisas haviam mudado. Tudo era tão novo que eu me perguntava se poderia lidar com isso.

Satine ressonava confortavelmente em meus braços. Sua respiração quente passando em minha pele atrás do tecido fino da camisa. Seu rosto estava completamente afundado em meu peito. Tanto, que eu podia sentir o toque suave de seus lábios em meu peito.

Por um minuto eu não pensei. Por apenas um minuto, eu deixei apenas que meus instintos me governassem. Minhas mãos escorregaram pelas ondas cor de chocolate de seus cabelos, sedosos e brilhantes em meus dedos. Eu toquei a pele nua de seu ombro – era tão curioso que ela não se queixasse do meu toque frio.

Continuei minha exploração. Descendo os dedos em seu braço, sua cintura, seu quadril. Fechei meus olhos e senti o toque morno e suave de sua pele através do cetim da camisola. Santo Deus, como eu queria tocá-la! Satine gemeu. Eu parei. Ela abriu um pouco os lábios, tocando-os com a ponta da língua. E outro gemido, suave e intenso ao mesmo tempo.

- Demetri.

Meu nome saiu entre sussurros e gemidos, como se mesmo dormindo, ela reconhecesse o meu toque.

Eu podia sentir, mesmo que quisesse negar, mesmo que quisesse esconder. Eu podia sentir o desejo se acendendo dentro de mim. Era tão intenso, tão forte a avassalador que eu quase não podia me conter. O cheiro picante de especiarias e frutas. Pequenas amoras silvestres, vermelhas e suculentas, canela e pimenta e chuva. Esse cheiro absolutamente perturbador que eu sentia emanar dela através da pulsação. O cheiro do sangue dela. O mais precioso e delicioso de todos os aromas que eu já havia sentido. Eu me deixei perder nesse cheiro. Sentindo, sentindo. Minha mão percorrendo a extensão de sua coxa, grossa e firme, e quente. A sensação de sua pele na minha era tão intensa. Ah Deus! Eu não tinha idéia do que estava fazendo, me permitindo sentir aquilo por ela. Era tão absurdo.

Eu beijei sua testa e respirei fundo. Satine não poderia ser minha nunca! Não importava o quanto eu a amasse ou o quanto eu a desejasse e ainda que o fato de tudo isto ter acontecido tão de repente não fizesse diferença, ainda havia a minha promessa. Eu havia prometido ao meu mestre que a protegeria, sempre. Aro jamais permitiria que eu a tomasse para mim. Não importa o que eu sinta por ela, eu sou apenas uma peça de seu exercito. Ela sempre será a minha senhora e eu não posso mudar isso. Não pude quando ela era um bebê, não poderei agora que é uma mulher.

O pensamento de que algum dia outro homem a tocaria daquele jeito. Que algum dia outro homem a beijaria e que ela estaria sussurrando o nome de outro cerrou minhas mãos em punho. Eu preferia morrer a ver uma cena daquelas. A sensação de posse que existia em mim, em relação á ela, era grande demais. Eu engoli em seco. Ela era minha, sempre, minha!

Satine ressonou alto e sorriu. Um sorriso suave, com o canto dos lábios, a fazia parecer um anjo. Eu sorri junto, afagando novamente seus cabelos com a mão livre. Ela parecia tão doce e inocente ali, em meus braços. Pelo menos por enquanto, eu não precisaria encher minha cabeça com bobagens.

Eu esperei até o dia começasse a clarear, ainda sentindo-a junto ao meu corpo. Quando o céu começou a ser tingido de carmesim, eu me levantei, segurando-a em meus braços. Satine não acordou.

Eu caminhei pelos corredores escuros do castelo, tomando o cuidado de não ser visto – se tem uma coisa que eu rastreador sabe, é sem dúvida, não se deixar rastrear!

I Love DemétriWhere stories live. Discover now