22.SANGUE E LÁGRIMAS

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- Algo errado com você?

Eu paralisei com o som da voz. Eu me lembrava exatamente de onde me lembrava daquele som – era o anjo! O anjo que eu havia encontrado na estrada.

Engoli em seco o bolo de emoções que se formavam em minha garganta. Era estranho. Muito estranho. Meu coração estava acelerado e minhas mãos suavam frio. Tão frio que pareciam á ponto de congelar. Eu forçava minha garganta a emitir algum som, mas meus lábios se recusavam a abrir.

Uma mão fria e delicada pousou sobre meu ombro.

- Minha querida. Algo errado com você? Sente alguma dor? Quer que eu a examine?

Obviamente, havia algo de errado comigo: Eu era uma idiota completa! Nem mesmo conseguia falar com ele! O que eu queria? Que ele abrisse os braços e me dissesse que esperou por mim a vida toda? O cara nem mesmo sabia da minha existência!

Burra! Burra! Burra! – minha mente gritava com um megafone.

Você é uma Volturi! Você é uma Volturi! – eu respondi á ela.

Endireitei meu corpo. Respirei fundo e dei uma alisada nos cabelos com os dedos.

- Errrr... Na verdade... Eu... – sou sua filha e espero que você me ame! – gostaria de saber se o senhor tem um tempinho para conversar.

Ele não respondeu. O corredor permaneceu em silêncio absoluto.

Respirei fundo novamente e me virei, enxugando o principio das lágrimas que se formavam em meus olhos.

Quando olhou em meu rosto, o anjo ficou paralisado. Era como se ele visse algo que os outros não viam, e olha que eu nem me referia ao meu estado – deplorável, diga-se de passagem – naquele momento.

- Tem um tempinho doutor? – ele permaneceu em silêncio, aumentando minha agonia.

- Doutor?

- Desculpe – o anjo deslizou as mãos pelos cabelos claros, como se precisasse de um tempo para organizar as idéias – Eu... Eu... Claro! Podemos conversar.

Dei um espaço para que ele pudesse passar e entrar na sala, mas ele não fez. Ficou ali parado, com as sobrancelhas franzidas, como se me estudasse.

- Algum problema, doutor? É uma hora ruim? – baixei minha cabeça e usei a lógica – eu posso voltar em outro momento.

- Não! – ele me interrompeu – agora está perfeito. Entre.

Eu entrei. Ele também. Sentou-se na cadeira por detrás da mesa e continuou me fitando – eu estava começando a me sentir incomodada.

- Quem é você?

- Sou Satine Volturi – eu disse, os olhos ainda perdidos naquele mar de âmbar.

- Volturi? Volturi? – ele repetiu como se não conseguisse entender.

- Sim. O senhor os conhece?

- Você – ele encarou ainda mais os meus olhos – os conhece, criança?

Deixei que meus olhos encontrassem o padrão dos pisos do chão – Kate havia me dito que odiava os Volturi, mas que amava meu pai. Provavelmente o sentimento dele era o mesmo em relação á ela e aos Volturi.

- Um pouco – eu menti.

Minha mão estava sobre a mesa de madeira. Eu estava distraída. Tão distraída que nem percebi quando ele tentou aproximar a mão da minha. Eu a puxei. Não como um humano puxaria, lenta e descoordenadamente, eu a puxei como um vampiro, um movimento único e certeiro.

I Love DemétriWhere stories live. Discover now