20.MINHA HISTÓRIA

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Eu estendi minha mão, e agarrei a imensa e quente mão de Sam. De todos os garotos que foram aparecendo em minha frente e caminhando junto conosco pela floresta, o lobo vermelho era o que me olhava com mais estranheza. Ele parecia esperar que á qualquer momento eu correria para a frente e me lançaria no pescoço de algum deles. Eu não faria isso, mas não podia culpá-lo. Em minha vida eu havia aprendido que vampiros não eram confiáveis. Eu havia visto muitas coisas ruins acontecerem e ele certamente também.

Deixei que Sam me conduzisse porque, por alguma razão, me parecia o certo. Algo em mim gritava que ele era o líder e que eu podia confiar nele.

Chegamos á uma pequena cabana na floresta. Uma casinha de madeira toda enfeitada com flores e um canteiro de ervas aromáticas – me fazia lembrar as histórias que Marcus lia para mim, quando eu era pequena.

Sam me conduziu para dentro da casa. Meu coração estava acelerado e eu tentava me manter o mais calma possível. Ele me pediu que sentasse e deslizou as mãos em meus ombros.

- Pode ficar tranqüila, Satine. Nenhum de nós faria mal á você – e então ele completou a frase de uma maneira que encheu meu coração de felicidade – você faz parte desta família.

Eu suspirei profundamente, mas não respondi nada. Não sabia o que dizer.

Uma moça morena, de cabelos lisos e longos e profundamente negros entrou na sala.

- Oi. Eu sou Emilly – ela me disse.

Emilly tinha um sorriso doce e um rosto seguro, embora fosse marcado por algo que provavelmente, ela não gostasse de se lembrar. Eu não perguntei nada. Eu sabia exatamente como era difícil falar do passado.

A garota se sentou na cadeira ao meu lado, Sam fez sinal para que os outros saíssem. Ficamos apenas nós três, na grande cozinha.

- Satine, Emilly ficará aqui com você. Eu vou buscar alguém que pode explicar á você tudo que quiser saber sobre o seu passado.

Eu engoli em seco – então eu realmente descobriria tudo hoje.

Assenti com a cabeça e Sam saiu pela porta.

- Está com fome? Ou sede? - Emilly me perguntou.

Eu neguei com a cabeça e deixei meus olhos baixarem, analisando o padrão da madeira da mesa.

- Você come? Quero dizer, come como nós?

Emilly ficou tão sem graça com a própria pergunta que me fez sorrir. Eu não tinha problemas com minha natureza vampira, nem me sentia mal por me alimentar de sangue, humano ou não. Aro me dizia que eu não me sentia culpada porque nunca havia matado ninguém. Algo que eu não sabia o que, me fazia ser mais controlada do que os outros vampiros e menos venenosa. Eu nunca transformei Filomena, nunca transformei ninguém. Eu não poderia, meu sangue vampiro não era puro.

Olhei nos olhos de Emilly ainda sorrindo.

- Obrigado pela comida, eu estou nervosa demais para isso, mas aceito um copo de água. E sim, eu me alimento. Comida humana é necessária para mim tanto quanto sangue é.

Emilly arregalou os olhos.

- Não se preocupe, eu me alimento de animais.

Agora ela estava totalmente vermelha e envergonhada.

Eu estendi minha mão e segurei a dela.

- Não se preocupe, eu imagino o que pensa á respeito dos vampiros. Acredite, eu já vi esse olhar muitas vezes.

Emilly sorriu.

- Acho que Sam tem razão. Você só pode mesmo ser a criança.

- Que criança? – eu perguntei.

I Love DemétriWhere stories live. Discover now