10.DORES DE AMORES

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Enquanto eu andava, de mãos dadas com Renata, pelo corredor escuro e mofado do subterrâneo, minha cabeça girava sem parar. Por mais que eu quisesse me concentrar em alguma coisa, eu não conseguia. Na verdade, eu nem conseguia entender direito o que se passava na minha cabeça – eu precisava de ajuda. Eu só percebi o “quanto” precisava de ajuda, quando comecei a sentir minha visão nublada e empapada, sim, eu estava chorando.

Por mais que eu soubesse que as lágrimas estavam descendo dos meus olhos, era estranho de mais para classificar como eu. Eu sentia como se estivesse vendo uma situação acontecer em um segundo plano, como se eu fosse observadora de uma cena de teatro amador.

Renata tentava me arrastar para o meu quarto, quando eu parei no corredor.

- Não Renie, eu não quero ficar aqui.

Renata arregalou os olhos para mim, provavelmente pensando o que eu queria dizer com isso, afinal, o trem para Paris só sairia mesmo no dia seguinte.

- Leve-me para a casa de Filó, eu preciso conversar com ela.

- Satine, mestre Aro não concordará com uma coisa destas – e então ela completou – não podemos dizer a ele a verdadeira razão.

Isso era um ponto importante do todo. Eu sem dúvida não poderia dizer a Aro o porque de estar tão chateada com o fato de Demetri estar se pegando com Heidi no subterrâneo, eu não podia contar isso a ele por uma razão básica – eu teria que contar o que aconteceu antes, e isso era algo absolutamente fora de questão. Hey qual garota conta uma coisa destas para o próprio pai?

Eu engoli em seco e pensei um pouco melhor.

- Okay, você tem razão.

Renata sorriu, como se conseguisse compreender um pouco de todas as dúvidas que se passavam em minha mente.

- Suba, tome um banho e vista-se. Fique bem bonita, eu vou levá-la para dar uma volta – disse Renata.

Eu sorri em resposta. Não foi um sorriso completamente feliz, mas era tudo que eu podia conseguir naquele momento.

Tomei um banho quente e escolhi um belo vestido preto. Ele era de um ombro só, com um recorte interessante. Pelo menos morar na capital mundial da moda, ajudava meu guarda roupas.

Um pouco antes de terminar de me vestir, Renata bateu e entrou em meu quarto. Ela estava muito bonita, em um vestido azul marinho. Os cabelos claros arrumados cuidadosamente para trás, mostrando bem as linhas delicadas de seu rosto. Ela sentou-me na penteadeira e arrumou meu cabelo também. Eu fiquei olhando nossa figura no espelho e pensando se algum dos humanos que iríamos encontrar naquela noite, teriam noção do quão perigosas, nós podíamos ser.

Eu queria me deitar na cama e chorar. Eu queria me lamentar e ficar gritando como o mundo era injusto comigo, mas eu sabia que não iria adiantar. Eu havia aprendido desde cedo a ser forte. A vida havia me cobrado isto muito cedo, quando me tirou dos meus pais e me colocou ali, no castelo dos Volturi. Não que eu estivesse reclamando, eu não conhecia um lugar melhor. Os meus amigos estavam ali, meu pai estava ali, e Demetri estava ali. Quando pensei nele, senti uma pontinha de dor no meu peito, como se alguém o tivesse esfaqueado. Eu suspirei fundo e olhei para o teto, disposta a segurar – á qualquer custo – aquela lagrimazinha insistente.

Renata estendeu a mão para mim.

- Eu sei que não posso ser sua mãe, mesmo tendo te carregado no colo – ela parou e revirou os olhos para mim – afinal, olhe para isto – ela apontou para o próprio corpo – eu não pareço ter tido um filho, pareço?

I Love DemétriWhere stories live. Discover now