77.

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Rafael ouviu a campainha e praticamente correu para a porta, o coração na mão e a mente acelerada.

Amanda queria falar com ele, depois de dias e dias em silêncio.

Sabia que não era por mal — Diana lhe dissera que a loira fazia aquilo quando não sabia lidar com as coisas, e que ele tinha sorte que fora ela quem quis voltar com o contato.

Ela estava um caco e ele conseguia ver, com profundas olheiras e cabelo bagunçado e cansaço evidente.

Continuava linda.

— Oi, loirinha — cumprimentou com um sorriso cuidadoso enquanto ela entrava.

— Oi, loirinho — ela sorriu de volta, pegando o cachorro que já pulava em seus pés no colo. — A gente pode sentar?

— Claro, claro.

Sentaram-se de frente um para o outro no sofá, da mesma forma que faziam de madrugada para discutir sobre teorias da conspiração que não faziam sentido algum. Agora, porém, ela evitava seu olhar, fazendo carinho em Eredin.

— Eu — ela começou, incerta, e Rafael mordeu o lábio, tenso. — Eu sinto muito por ter sumido daquele jeito, eu só precisava de um tempo para pensar — ela lançou-lhe um olhar rápido quando ele assentiu. — E eu pensei. Bastante. Sabe, eu sempre recebi ódio na internet, mas não naquela proporção, e, sinceramente, depois de tudo que já aconteceu, eu realmente não acho que eu tenho o emocional pra lidar com aquilo, e é por isso que-

Amanda se interrompeu, cheia de dúvida, e Rafael sentiu um pressentimento ruim tomar seu corpo.

— É por isso que eu vim aqui dizer que a gente devia parar de se ver.

Se ela tivesse lhe dado um chute na barriga, a dor teria sido menor. O loiro visivelmente empalideceu, sentindo o estômago revirar dentro de si. Estavam juntos já fazia tanto tempo que imaginá-la fora de sua vida doía demais — e assim, do nada?

Claro, sabia que ela tinha total direito de tomar aquela decisão, mas pensar que nem tentariam, nem lutariam? Porra.

— Tudo bem — respondeu simplesmente, com a voz rouca, levantando-se do sofá, sem conseguir encará-la. Amanda, então, chamou, segurando o pulso dele com delicadeza:

— Não, Rafael, calma, deixa eu terminar de falar.

Ele respirou fundo e sentou de novo, apesar de não querer ouvir. O que mais ela teria para dizer?

Porém. o uso de seu nome o manteve ali — a loira nunca o chamava pelo nome e essa mudança deixou clara a seriedade da situação, pelo menos para ela.

— Eu vim aqui dizer pra gente parar de se ver mesmo depois de conversar com a Bella e com a Diana e com a Giulia sobre isso, e mesmo depois de pensar muito sobre o assunto, mas aí... Aí você abriu a porta e eu percebi que eu gosto de você demais pra acabar tudo desse jeito.

Rafael a encarava com atenção, processando cada palavra, um sorriso finalmente voltando ao seu rosto, e ela quase que imediatamente sorriu de volta.

— Você acabou com a minha vida, loirinho — ela brincou, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha, os olhos escuros brilhando intensamente. — E eu quero que você continue acabando com a minha vida por mais um tempo.

Ela segurou as mãos dele nas dela, mordendo o lábio daquele jeito só dela antes de perguntar, definitivamente causando um infarto no garoto à sua frente:

— Loirinho, namora comigo?

são paulo • [r.l.]Where stories live. Discover now