21.

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Elisa sentia seu corpo tremendo da cabeça aos pés.

Era como se declarar de novo.

E, bom, era mais ou menos isso que estava fazendo, mesmo.

Viu-o poucos minutos após chegar, um grande sorriso no rosto do menino de cabelos castanho-claros enquanto este andava em sua direção, animado, sem nem ao menos saber o porquê daquilo tudo.

Céus, ia explodir de nervosismo.

— E aí, Li?

Ele sentou ao lado dela.

— Oi, Vitor. Como você 'tá?

— Eu 'tô bem! E você?

— Bem também.

Lis viu-o abrir a boca para falar mais alguma coisa e quase desistiu, então decidindo começou a falar o mais rápido possível:

— Vitor, eu sei que a gente já conversou sobre isso, mas eu ainda tenho sentimentos por você. — O garoto permaneceu em silêncio, e Elisa tinha certeza de que seu coração ia parar de bater. — Eu queria... Eu queria saber se você tem certeza que não gosta de mim de volta. Porque, Vitor, a gente foi feito um pro outro, cara! A gente tem tanta coisa em comum e eu sempre me senti tão em casa e contigo e, tipo, a Flávia é uma pessoa sensacional e ela é muito, muito linda, mas, sabe... Sei lá, eu só acho que, se você desse uma chance pra nós, ia dar mais certo do que você pensa.

— Giovanna, eu 'tô ficando com a Flávia.

Por um segundo, a menina de cabelos claros manteve-se quieta, processando as palavras ditas por seu melhor amigo.

Flávia.

E Vitor.

Bom, agora que sabia, algumas perguntas se respondiam e várias coisas se tornavam óbvias.

De primeira, não sentiu nada além da mais completa surpresa e em seguida da compreensão. A dor surgiria apenas minutos depois.

— Por que vocês não me falaram nada? — praticamente sussurrou, encarando o chão com sobrancelhas franzidas.

— A gente não queria te magoar, Lis — ele colocou a mão por cima da dela, procurando os olhos dela desesperadamente.

— Então vocês decidiram mentir pra mim?

— Não, Lis...

— Não, Vitor, olha — mordeu o lábio, milhões de pequenos acontecimentos passando por seu cérebro, levando-a até a conclusão de que era o ser humano mais imbecil do universo. — Vocês não deviam ter mentido pra mim, Vitor. Há quanto tempo vocês 'tão juntos?

Ela o viu desviar o olhar e se preparou para a pancada.

— Desde mais ou menos duas semanas depois que você me contou que gostava de mim pela primeira vez.

Respirou fundo e esfregou os olhos com tanta força que sua visão ficou cheia de bolinhas pretas quando abriu os olhos novamente. Levantou-se de imediato e ele fez o mesmo, implorando com o olhar, mas Elisa não tinha capacidade de encará-lo.

— Eu preferia que vocês não tivessem escondido isso de mim.

— Elisa...

— Vitor, eu 'tô indo pra casa. Eu... Eu não quero falar com você.

— Li...

— Por favor. Só... Só me deixa ir embora.

— — —

— Li? Oi! O que você 'tá fazendo aqui? Quer comer alguma coisa?

Negou com a cabeça, recusando-se a adentrar o apartamento, apesar do espaço dado por Flávia para que o fizesse. Tantas coisas passavam por sua mente no momento que não conseguia pensar.

serenata existencialista • [r.l.]Where stories live. Discover now