Capítulo 5 - O problema do mal

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Saí do hospital apressada, estava meia hora atrasada para o jogo de perguntas com o Jackson. Eu acabei me distraindo durante as pesquisas com o DeLuca e perdi a noção do tempo. Como não ia conseguir cozinhar nada, passei em um mercado próximo do hospital e comprei uns aperitivos que poderiam servir. Corri para pegar um uber e rapidinho cheguei em casa.

— Jackson, me desculpa a demora, eu acabei me distraindo e... — Dei de cara com uma mesa de jantar servida. — Você já preparou tudo!

— Pois é, nós da família Avery somos ótimos anfitriões. — Ele disse piscando o olho e eu sorri, deixando meu casaco em cima do sofá. Fiquei na dúvida se subia para tomar um banho, mas como já tava atrasada mesmo fui sentar pra jantarmos.

— A ideia é trocar uma ideia durante o jantar e depois encher a cara!

— Eu não encho a cara. — Comentei.

— Você sempre acha que tô falando de você. — Ele balbuciou e eu sorri.

A mesa não era toda sofisticada e também não estava arrumada de forma romântica. Ele só descongelou uma lasanha que tinha na geladeira e serviu em uma travessa de vidro.

— Eu poderia ter cozinhado algo melhor, mas eu também cheguei mais tarde do que o previsto. Estava trabalhando em uma reconstrução facial.

— Uau. Isso deve ser interessante.

— Então, esse caso é mais complicado do que aparentava. Achávamos que era só corrigir o lábio leporino e pronto, já ficaria legal. Mas devido à condição do Jacob, ele tem um desvio na estrutura óssea da face. Eu e o Link estamos trabalhando nisso, precisaremos recriar o molde em torno do nariz e da boca.

Ah, então ele está trabalhando com o Link! Muito legal saber que eles são amigos, já podemos criar um elo daí.

— Quer me contar como escolheu a plástica? — Perguntei e me arrependi logo em seguida ao perceber o olhar desconfortável que ele lançou. — Ou, podemos falar sobre outra coisa.

Ele suspirou e tomou um gole de vinho, fazendo sinal com a mão para que eu esperasse.

— Não, não tem problema, eu posso falar sobre isso, mas antes, tem certeza que não quer me acompanhar nem com uma tacinha? — Falou fazendo referência ao vinho branco em cima da mesa. Eu cedi e concordei com a cabeça, estendendo minha taça para ele.

— Tudo bem, uma taça não vai fazer mal.

Jackson me contou sobre o seu mentor na Plástica, Mark Sloan. Eu sabia sobre o acidente de avião por conta da Cristina, já que quando tudo aconteceu ela e Owen ficaram muito abalados. Porém não sabia que Mark tinha sido o motivo pelo qual ele tinha escolhido essa especialidade.

— O Mark me enxergou, ele viu potencial em mim e investiu, me ensinou. E eu então me apaixonei pela plástica e abandonei a Neuro.

— Neuro? Sério? Você não tem cara de neurocirurgião.

— Você também não tem cara de chefe de trauma e mesmo assim é excelente no que faz.

O comentário desceu rasgando na minha garganta, tomei até um gole de vinho para ajudar a engolir.

— Estou me acostumando ainda com as coisas. Passei muito tempo trancada em um laboratório e isso pode ter me enferrujado um pouco. O primeiro dia no Grey Sloan não foi nada satisfatório pra mim. — Comentei com a cabeça baixa. Isso realmente me importunou desde aquele dia.

Eu já tinha perdido outras pessoas durante a minha profissão, mas eu sabia que isso tinha acontecido depois que eu dei tudo de mim. Dessa vez, porém, eu não me sentia assim. Achava que poderia ter feito algo a mais, prestado mais atenção, eu sei lá, não conseguia ficar bem com aquela situação.

A nova chefe do TraumaWhere stories live. Discover now