Capítulo 6 - Reabilitação

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Hoje era um dia importante e como de costume eu estava muito nervosa. Teddy passaria na casa do Jackson para me pegar e de lá iríamos até a clínica onde o Owen está internado. É a primeira vez que podemos conversar com ele desde que ele voluntariamente se inscreveu no programa de reabilitação para pessoas com Transtorno de Estresse Pós-Traumático.

O quadro do Hunt piorou muito depois que a Cristina foi embora. Mesmo tendo se envolvido com a Amelia, ele não estava emocionalmente bem. Vivia tendo ataques de raiva misturados com crises de ansiedade e pânico. Por causa disso ele começou a tomar antidepressivos e ansiolíticos por conta própria, até ficar viciado neles, que já não faziam mais efeito.

O estopim da internação veio logo após uma briga com a Teddy, onde ele teve um pico de ansiedade tão grande que na intenção de se acalmar, quase sofre uma overdose de calmantes. Nesse dia ele decidiu buscar tratamento para as consequências e principalmente para o transtorno em si.

Antes de comparecer à Clínica de Reabilitação, Owen me ligou e contou tudo o que estava acontecendo. Disse que queria deixar o Trauma em boas mãos antes de ir embora e que pediu ao Doutor Webber para que pudesse fazer uma indicação de substituto. Eu não pude recusar. Era meu amigo precisando de ajuda e eu devia isso à ele, à tudo que ele me ensinou.

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Quando chegamos na clínica fomos surpreendidas. O local era muito diferente do que imaginávamos. Era comum. Acredito que ainda tínhamos estigmas relacionados à doença mental e que esperávamos ver pessoas completamente perturbadas ali. Me repreendi em pensamento por achar isso e nos dirigimos à recepção para nos apresentar.

— Bom dia, eu sou Theodora Altman e essa aqui é Camille O'live, nós estamos na lista de Owen Hunt.

— Só um momento, por favor. — A atendente era uma jovem senhora de cabelo tingidos de vermelho. Ela vestia uma bata verde claro e tinha um óculos de grau azul. — Podem me acompanhar.

Suzane, como li em seu crachá, nos levou até onde Hunt estava, sentado à mesa nos esperando. Ele estava todo arrumado e quando nos viu deu um sorriso imenso. Caminhamos em sua direção também sorrindo.

— Camille! Olha só pra você! — Ele me abraçou forte. Fazia muitos anos que não nos víamos.

— Você está igualzinho, Hunt. O tempo está sendo bom com você. — Comentei e nós três rimos. — Como está essa força?

Ele e Teddy também se abraçaram.

— Os primeiros dias foram muito difíceis. Aceitar que precisamos de tratamento para um transtorno já é ruim, e aceitar que precisamos de tratamento para um vício em remédios, sendo um médico, é pior ainda.

— Eu imagino, mas acredito que esteja se saindo bem, está com uma cara ótima. — Teddy falou passando a mão no seu rosto.

— Sim, estou conseguindo. Alguns dias são melhores que os outros. Mas um dia de cada vez. — Ele suspirou. — Mas me contem, como anda as coisas lá no hospital?

— Nossa, foi tudo muito difícil no começo, mas agora creio que peguei o jeito. Já estou até fazendo amigos!

— Que bom, que legal, O'live. — Ele sorriu e pegou minha mão. — Muito obrigada por isso. Sabe que está honrando meu nome lá, não sabe?

— Eu sei sim e isso tem sido uma responsabilidade imensa. — Eu sorri me lembrando de como tinha sido confrontada por isso.

— Onde você está ficando? Eu gostaria de ter te abrigado na minha casa, mas como a Amy está por lá, creio que isso não aconteceu, né? Está na Teddy?

— E ficar de vela entre ela e o Henry? Deus me livre! — Nós rimos. — Eu estou temporariamente na casa do Avery.

— Do Jackson? — Ele perguntou surpreso. — Mas por que o Jackson?

— Eu também fiquei me perguntando isso. — Altman apoiou o queixo com as mãos e me olhou com um sorriso entre os lábios.

— Ai, minha gente, nada demais. Ele ofereceu e eu aceitei. Foi no primeiro dia, ainda não conhecia ninguém.

— Entendi. — Ele falou rindo, como se tivesse insinuando algo, mas logo depois ficou sério. — E a Amelia, gente, como está?

— Ela não fala comigo e nem com a Camille direito. Só o necessário, mas pelo menos não nos trata mais com grosseria. — Teddy respondeu, escondendo dele que a Amy às vezes nos dava uns esporros.

— Quando vai conversar com ela, Owen? — Perguntei. — Acho que ela merece ao menos uma conversa.

— Tá bom, mas eu não faço ideia do que falar para ela! Na nossa última conversa antes de eu entrar aqui eu disse que amava a Cristina e que ela tinha sido um erro na minha vida. Eu nem tenho cara para olhar pra ela nesse momento. Ela deve me odiar.

— Ela não odeia você, Owen. Ela te ama e, inclusive, ela quer muito que você volte. Sei disso pois no meu primeiro dia ela mesma falou que você voltaria para colocar as coisas no lugar. — Comentei lembrando da minha recepção no Grey Sloan.

— Eu vou ver o que faço. — Ele desconversou. — Tiveram notícias da Cristina? Ela procurou saber de mim?

Eu e Teddy fizemos silêncio. Não sabíamos notícias da Yang, mesmo deixando um monte de recados na caixa postal dela. Meredith se recusou a se meter na história e eu não julgo ela. Tudo isso é complicado demais pra mais gente se meter. Eu pensei em uma boa resposta, mas antes que pudesse dizer, Altman jogou a verdade no ventilador.

— Olha só, a Cristina não vai voltar. Você não pode exigir isso dela, Owen.

— Teddy... — Falei tocando o braço dela.

— Eu não quero que ela volte, eu só... Bom, eu só queria que ela se importasse. Eu realmente sinto falta dela. Queria que ela pudesse estar aqui nesse momento.

— Nós sabemos, mas você precisa entender que essa é a escolha dela e ponto final. Foque no seu tratamento e em sair bem daqui. Não se preocupe com as coisas que estão acontecendo lá fora, você vai ter todo o tempo do mundo para fazer o que quiser quando sair daqui. — Precisei concordar com as palavras de Teddy.

Owen abaixou a cabeça e depois acenou concordando. Ele realmente precisava se concentrar nele.

Ainda conversamos mais um pouco sobre assuntos diversos até que nos foi informado a hora de ir embora. Nos despedimos de Owen com a promessa de que ele falaria com a Amy para libertá-la de qualquer peso aqui fora. Sinto que as coisas podem dar certo dessa vez. Torço para que dêem. 

A nova chefe do TraumaWhere stories live. Discover now