03 | m i r a g e m

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"Há uma força misteriosa
Ela afunda sua garras em mim
E me puxa para mais perto de você"
Cupid, Alexandra Savior.

"Há uma força misteriosaEla afunda sua garras em mim E me puxa para mais perto de você"— Cupid, Alexandra Savior

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Não.

Bryan bufa, acompanhando-me com os olhos enquanto eu nos sirvo duas xícaras de café.

— Nós precisamos ir, Caleb — ele gargareja, batendo as mãos no mármore da bancada como uma criança. — Pense nas calouras e, melhor ainda, na bebida de graça.

Todo ano, e em plena segunda-feira, uma das diversas fraternidades da Sanriver é escolhida para dar uma festa de volta às aulas. Todos são convidados, desde os veteranos até os novatos. Ninguém liga para o fato de ser o início de uma semana letiva, enchendo a cara e matando aula no
dia seguinte justamente por conta de uma festa que celebra as aulas. É uma puta ironia e uma tremenda perca de tempo, na minha opinião.

— Minha resposta ainda é não — deslizo a xícara cheia em sua direção, vendo-o dar um grande gole no líquido escuro e franzir as sobrancelhas em seguida.

— Que horror — ele estala a língua, empurrando a peça de porcelana para longe. — querendo me matar, Hughes?

— Se isso for fazer você calar a boca — balanço os ombros, sorrindo de lado.

O loiro bufa mais uma vez, revirando os olhos teatralmente.

— É uma tradição — ele pontua. — Quase um ritual anual.

Então, suas orbes claras se arregalam levemente à medida que meu corpo reseta, o braço que levava a xícara até a minha boca parando com abruptidão.

— Eu detesto tradições — praticamente rosno. — Você sabe disso.

— Caleb — seu tom de voz se torna cuidadoso e, sem que ele precise dizer uma palavra sequer, eu já consigo vislumbrar uma conversa inteira sobre superação e enfrentar meus medos.

Voltar a viver, é como Bryan costuma definir.

— Não comece, por favor — imploro, esfregando o rosto de maneira frustada.

— Eu sei como é perder alguém — ele fala, ignorando meus protestos completamente. — Sei como é difícil e doloroso...

— Não é a mesma coisa — o corto.

Ele concorda silenciosamente.

— Não se compara dores — ele diz. — Sei disso. O que eu quero dizer é, você precisa sair dessa. É difícil mas...

— Vou embora, no máximo, uma hora da manhã — o interrompo pele segunda vez, dando lhe às costas e deixando a xícara já vazia sobre a pia. — Contente?

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