08 | c a c t o s

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"Não finja que você não precisa de um pouco mais de mim
Você age como se fosse nada, mas nós dois sabemos que é alguma coisa
Mesmo no escuro qualquer um pode ver"
Don't You Pretend, Kelly Clarkson.

"Não finja que você não precisa de um pouco mais de mim Você age como se fosse nada, mas nós dois sabemos que é alguma coisaMesmo no escuro qualquer um pode ver"— Don't You Pretend, Kelly Clarkson

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Respira, Clare. Não é nada demais.

É só o garoto com quem você conviveu poucos dias e demorou anos para superar parado no meio do seu apartamento – o garoto que se tornou um homem e ganhou formas irresistíveis.

Caleb arranha a garganta, fazendo-me parar de ajeitar o cacto, já perfeitamente arrumado, e me virar para ele. Seus olhos sobem à medida que me viro, o que me faz arquear a sobrancelhas de modo acusatório. Ele apenas sorri.

Cretino.

Lugar legal — ele comenta, coçando a nuca quase como se estivesse com vergonha de ter sido pego no flagra. Quase.

Obrigada.

Ele quebra o nosso contato visual apenas para analisar melhor o aparamento. Ou melhor, o loft. O ambiente é pequeno, exatamente da forma que eu sempre quis. Lugares grandes me passam a sensação de vazio, de solidão. Me fazem lembrar do período em que estive no orfanato, onde, mesmo cercada de diversas crianças, eu me sentia mais só do que nunca.

Um tremor transpassa meu corpo, e eu logo faço questão de espantar as lembranças do quarto frio e úmido que eu dividia com as demais garotas quando era órfã.

— Você é quem paga tudo isso aqui? — Caleb indaga, andando de lá para cá.

O legal de se morar em um loft é que, fora o banheiro, não há nenhuma parede inteira dividindo os cômodos. Mas essa parte legal se torna totalmente embaraçosa quando se recebe visitas, ainda mais quando a visita em questão não desgruda os olhos do seu quarto. Do seu quarto e do sutiã jogado em cima da sua cama.

— Meus pais pagam — respondo, andando discretamente até o quarto.

— Foi o que eu pensei — ele murmura, mais para si mesmo do que para mim.

Quando, finalmente, seus olhos vagam do meu quarto até a estante de filmes na sala, aproveito para alcançar minha peça íntima e escondê-la embaixo das cobertas.

— Vamos começar? — Pergunto, indo ao seu encontro. Pego-o analisando minhas almofadas com as sobrancelhas franzidas. — Algum problema?

— Você gosta mesmo de cactos, não é? — Ele indica todas as seis almofadas dispostas pelo sofá, todas com estampas e cores de cacto. — Não, espera. Você é obcecada por cactos. É uma colecionadora ou algo assim?

Reviro os olhos, arrancando o quadrado estofado de sua mão e devolvendo-o para o seu lugar.

Talvez tivesse sido melhor deixar o sutiã à vista.

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