30 | a f u n d a n d o

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"O que mais eu deveria ser?
Cheio de pedidos de desculpas
O que mais eu deveria dizer?"
— All Apologies, Nirvana.

"O que mais eu deveria ser? Cheio de pedidos de desculpas O que mais eu deveria dizer?"— All Apologies, Nirvana

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quem é vivo sempre
aparece, né? hehe

— O que você disse? — Ele indaga, o corpo imóvel e os olhos inertes.

Franzo o cenho, assustada demais com a tempestade que se forma do lado de fora, rugindo como um monstro faminto, para conseguir raciocinar com clareza.

— Que eu detesto tempestades — repito, erguendo o tronco e trazendo as cobertas  junto a mim.

Mesmo sob as camadas de tecido que me cobrem, a expressão gelada de Caleb me
arrepia até os ossos. Não consigo entender o que há de errado, não quando ainda me sinto nas nuvens com o que acabamos de fazer. Não quando, mesmo com os raios e trovões lá fora, há um sentimento dentro de mim que fala mais alto que o medo.

Por que ele não parece se sentir da mesma forma?

— Caleb? — Chamo, mas ele não parece me ouvir. Suas esferas escuras continuam firmemente cravadas no meu rosto, as sobrancelhas escuras unidas. — Caleb, está tudo bem? Você está me assustando.

Mas ele sequer parece escutar isso também. Carnalmente, o moreno está aqui. Sua presença quase tão sufocante quanto a tempestade do outro lado da janela. Crescente, aterrorizante. Mas seu espírito parece ter sido transportado para outro lugar, a milhares de distância.

Um lugar que eu não gostaria de estar.

Me mexo, jogando as pernas para fora da cama. Minha ameaça de levantar parece, enfim, ser o suficiente para trazer Caleb de volta a realidade. Ele pisca um par de vezes, recuando alguns passos como se tivesse levado um empurrão. E quando volta a me encarar outra vez, é como se ele realmente me enxergasse.

Como se ele visse muito além.

Me rasgando de dentro para fora, estudando meu âmago.

Contando cada uma de minhas entranhas.

Listando cada uma das minhas mentiras.

Suas feições se endurecem ainda mais, transformando seu rosto em uma careta nada humana. O moreno abre a boca, e quase acho que ele vá rosnar. Tudo em mim se agita, se contorce em expectativa. Em receio.

Um milhão de situações perpassam minha mente, as engenhocas do meu cérebro procurando um porquê para a sua mudança repentina de comportamento.

— Você não gostou? — É a pergunta tola que deixa minha boca. Sei que não é isso, sei porque o senti minutos atrás. Ele parecia estar gostando. — Não me diga que você se arrependeu, Caleb, ou eu juro por Deus que...

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