18 | t a t u a g e n s

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sem tempo, irmão.

— E o que você vai fazer?

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— E o que você vai fazer?

Beberico o café, franzindo o nariz quando o líquido quente queima a minha língua.

— Nada.

Will ergue as sobrancelhas claras, lançando-me um olhar julgador.

— Como assim nada? — Indaga, murmurando um "obrigado" quando a garçonete se aproxima, depositando o copo com o suco que ele pedira sobre a mesa. Quando ela se afasta, ele continua: — Você precisa contar para ele, Morgs.

Por quê? — Pergunto retoricamente. — Ele sequer lembra de mim, Will. Isso não te diz alguma coisa?

— Sim — ele concorda, mas sua expressão denuncia o quão absurdo ele acha o que acabara de sair da minha boca. — Que o cara tem uma péssima memória. Ou, talvez, ele tenha escolhido esquecer. Você já parou para pensar nisso?

Faz sentido, penso. Assim como eu procurei esquecer o meu passado, abrindo mão até mesmo do meu primeiro nome, Caleb pode ter feito o mesmo. Não é assim tão simples, no entanto. Não é como se existisse um botão de "deletar" no nosso cérebro. Posso ter crescido e amadurecido, me tornando, assim, uma nova versão de mim mesma. Posso até usar outro nome, porém as memórias nunca vão embora. Sempre, sempre, vou me lembrar de quem eu fui um dia e das coisas pelas quais passei. As coisas que enfrentei. Então, mesmo que Caleb tivesse escolhido esquecer, por que diabos ele não olhou no fundo dos meus olhos e soube, instantaneamente, que era eu?

Memória péssima uma ova.

— Talvez eu não tenha sido tão importante para ele quanto ele foi para mim — balanço os ombros, como se tal constatação não me magoasse. — Somos diferentes agora, também. Ele não precisa saber quem eu era, só quem eu sou.

William me observa por alguns segundos, claramente refutando em sua mente tudo o que eu acabara de dizer.

— Você está errada — é o que ele diz por fim, desviando seus olhos de mim para dar atenção a comida à sua frente.

E no momento seguinte, a porta da cafeteria se abre, o sininho preso no topo desta indicando a entrada de um novo cliente. Dara cruza o estabelecimento exalando confiança, as argolas de sempre penduradas em ambas as orelhas. Ela para em nossa mesa, a bolha de chiclete explodindo, e arrasta a cadeira vazia para para trás ao se sentar.

— Quem morreu? — É a primeira coisa que ela fala, sem saudações ou introduções.

Will solta uma risada nasalada.

— A honestidade da Morgan, aparentemente.

Willian! — O censuro, arregalando os olhos brevemente.

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