A História de Maximilian

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Fazia parte de seu plano fazer o mundo de Jane ruir. Fazia parte de seu plano retirá-la daquilo que lhe era cômodo, para que ela pudesse se abrir para o novo. Contudo, o semblante perdido da vampira o abalou grandemente, fazendo-o perceber que não havia se preparado o suficiente para bagunçar a vida dela e vê-la tão sem rumo, sem ser afetado por tabela.

Maximilian nunca pensou em deixá-la sem nada. Ele estava com tanta sede quanto Alec e havia atacado o ser humano que mais lhe agradara, percebendo tarde demais que Jane também estava de olho naquela mulher. O que acontecera no banquete da noite anterior tinha sido uma eventualidade, mas, ainda assim, ele sentia-se culpado.

Ele não a viu desde então. E nem mesmo quanto sondou Alec a respeito, durante o treinamento da tarde, conseguiu descobrir grandes coisas, porque a única coisa útil que saiu de sua boca foi: "ela está no quarto".

O camaleão deita-se no chão ao concluir o treinamento do dia, pouco ligando para a imundície do solo depois de tantas pisadas, fazendo isso apenas porque podia e não tinha nada melhor para fazer. Ele observa o teto por alguns segundos, fazendo uma nota mental de que a pintura daquele cômodo precisava ser retocada, mas mudando os pensamentos logo em seguida em direção a Jane, visto que não conseguia ficar um dia sequer sem pensar nela.

Alec se senta ao seu lado após meia hora de treinamento. Para mentes tão promissoras, não havia necessidade de repetir os movimentos de luta várias e várias vezes como os humanos faziam, e tão pouco preocupar-se com exercícios de força ou aquecimentos. Os vampiros apenas se reuniam para repassar alguns golpes antigos e aprender outros novos, e fim, o treino chegava ao fim.

Contudo, apesar de tanta facilidade em aprender a luta corpo a corpo, Alec sentia-se feliz e incomodado ao mesmo tempo. Feliz por aprender a fazer tantas coisas novas e se defender sozinho, e incomodado por "se sentir feliz" com algo tão bobo, quando nenhum outro vampiro de Volterra o fazia.

— Ficar feliz não o torna fraco, Alec – comenta Maximilian subitamente, lendo suas feições e comportamentos com facilidade.

— Jane diz que ficar feliz por coisas tolas é um sinal de fraqueza, sinal de humanidade.

— Todos nós já fomos humanos. Não há nada de errado em conservar algo de sua vida antiga. Ficar feliz com a dor ou com as vitórias pelo clã não é o único meio de ser feliz. As vezes, estar com quem se ama já é o bastante para tal...

Jane para subitamente no corredor, ao ouvi-los conversar.

Ela estava em seu quarto quando, repentinamente, sentiu que deveria conferir onde Alec estava. Não era frequente, mas, às vezes, a vampira sentia essa sensação estranha, algo que ela secretamente havia intitulado de "o chamado", como se o irmão a estivesse chamando para perto de alguma forma, seja para livrá-lo de um problema ou apenas para ter a sua companhia.

A vampira nunca contou sobre isso para ninguém, nem mesmo para o próprio Alec, e, se Aro sabia, era unicamente por roubar a informação de suas lembranças. Contudo, ao sentir aquele chamado gritando em suas entranhas, Jane percorreu os corredores do castelo atrás do irmão, demorando a localizá-lo já que não estava acostumada a vê-lo treinar e não sabia em que parte do castelo ele costumava fazer tal atividade.

Jane estava prestes a abrir a porta do salão quando ouviu Alec pronunciar o seu nome, ouvindo, na sequência, o camaleão falar sobre sentimentos humanos e sobre o amor. Ela se conteve por um longo momento, sabendo que tais baboseiras corromperiam a mente de seu gêmeo do que realmente importava – o clã –, mas não conseguindo interrompê-los de imediato, congelando principalmente ao ouvir Maximilian dizer:

— Todo vampiro já teve um coração humano, Alec, repleto de sentimentos. A maioria apenas se esquece desse fato.

— Às vezes, os sentimentos humanos parecem idiotas, muito diferentes do que somos hoje. Acha mesmo que eu e Jane já sentimos como eles, no passado? – pergunta o gêmeo, confuso por não ter quase nenhuma lembrança de seu passado, dando-o justamente a impressão de que nunca tivera sentimentos.

Coração GeladoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora