Histórias Ocultas

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― Já teve alguma ideia de como pegá-la? – pergunta Maximilian, encostado no batente da porta de seu quarto, olhando para a vampira que permanecia deitada sobre a cama e encarava o teto pensativamente.

― Já disse que não vou falar com você sobre esse assunto! Sua parte na missão acabou, o que farei agora não lhe diz respeito – retruca Jane, fugindo do assunto para que ele não percebesse que ela ainda não tinha conseguido planejar nada.

Droga! Ela estava se saindo muito mal naquela missão.

― Devia tê-la abatido naquele momento, quando tinha vantagem. Onde eu estava com a cabeça por querer ser prepotente em vez de matá-la? – acrescenta em pensamento, sentindo-se idiota por ter se envolvido tanto com aquela conversa e as ameaças, e ter deixado aquela oportunidade de ouro passar.

Dois dias se passaram depois que a vampira encontrou Andrômeda pelas redondezas e ela adquiriu mais um irritante fragmento de seu passado. Agora, como consequência daquela lembrança, ela não conseguia mais deixar Maximilian sozinho e todo o seu plano de usar o camaleão como isca escorria pelo ralo.

Sim, apesar de não ter uma estratégia inteiramente traçada, Jane pretendia usá-lo como isca para pegar Andrômeda. E sim, ela sabia exatamente quando tal plano se tornou absurdo aos seus olhos: quando se deu conta de que Maximilian lhe era tão importante quanto Alec, e que, por isso, ela não deixaria que a nômade o tocasse.

O camaleão se aproxima da cama e se deita ao seu lado, fazendo-a fechar o olhos instintivamente com a proximidade. Será que ele não percebia que aquela cama era pequena demais para ambos? Bem, ele sabia, mas ignorava este detalhe, desejando apenas se manter perto dela como vinha fazendo em todos aqueles dias.

Jane percebia isso agora, percebia que, desde que estavam no castelo, ele constantemente a estava procurando e buscando se manter por perto, alimentando-se de sua presença. Ela sempre se achou a mais inteligente da Guarda, no entanto, sentia-se tola por não ter notado aquilo antes, por ter tomado suas aproximações como perseguições ou como formas de afrontá-la.

Quanto um único vampiro poderia ser idiota, sem ser considerado um energúmeno? Se existisse uma média, Jane sabia que já a tinha ultrapassado.

Era estranho pensar em sentimentos, pensar que ela tivera sentimentos no passado e que eles estavam retornando no presente, como se a terra congelada de seu coração estivesse sendo quebrada por Maximilian e adubada por todas as suas recordações, fazendo muitas coisas brotarem em seu interior ao mesmo tempo, algumas compreensíveis e outras ainda incompreensíveis.

Ela não sabia dizer o que sentia por ele, se amizade, familiaridade ou amor.

Amor? Não, impossível! Aquela era a opção mais inviável.

Jane sente algo tocar o meio de sua testa, levando-a a abrir os olhos e encarar a mão do camaleão, que tocava sua pele com um único dedo. Ela o encara em seguida, percebendo como o pouco espaço daquela cama deixava o rosto dele próximo ao seu.

― No que você está pensando tanto? – questiona ele, massageando sua testa franzida.

― Em você – pensa ela, pressionando os lábios para impedir aquelas duas palavrinhas de saírem, porque elas já estavam na ponta de sua língua. – Nada. – responde depois de algum tempo, apenas para não deixá-lo sem uma resposta.

Aquilo era ridículo!

Noutros tempos Jane Volturi o ignoraria e o deixaria no vácuo facilmente, mas, agora, ela ficava preocupada em não deixá-lo sem uma resposta, mesmo que fosse uma resposta mentirosa. Tal atitude era ridícula aos seus olhos, uma coisa de garota humana, algo que somente a pequena Jane se preocuparia em fazer.

Coração GeladoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora