A Floresta

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Meu nome é Sam Wilkinson. Essas serão minhas últimas palavras. Recentemente recebi um e-mail estranho no trabalho e antes de partir dessa para melhor, gostaria de contar para vocês sobre esse e-mail e o que aconteceu depois dele. Não ligo se você vai acreditar ou não em mim, apenas quero deixar um registro. Uma confissão, por melhor dizer. Vou tentar fazer um texto breve, mas creio que o melhor seja que eu comece do começo.

Eu odiava minha vida desde que me conheço por gente. Deu-se inicio no meu primeiro dia de aula. Foi quando o bullying começou. Não sei o que fiz para merece-lo ou o motivo de ter continuado não importava quantas vezes mudasse de escola. Meu único crime, parecia, era ser gordo. Era um círculo vicioso. Quanto mais pegavam no meu pé, mais eu comia para me confortar e quanto mais eu comia, mais pegavam no meu pé. Fui me tornando depressivo e mais anti-social. Quando fiquei mais velho e fui para o ensino médio, comecei a desprezar todas as pessoas no geral. Basicamente qualquer ser humano que não fosse minha mãe. Minha visão misantrópica do mundo não me ajudava muito, creio eu. Vamos dizer que minha personalidade não se desenvolveu para uma das melhores.

Nunca me mudei de casa e passei maior parte dos meus dias no porão da casa da minha mãe jogando vídeo games antigos. E essa era minha vida. Já estou falando no passado... Meu Deus. Essa ainda é minha vida. Minha maior vergonha - minha maior culpa - é que essa minha condição deixava minha pobre mãe infeliz. Já vi fotos dela logo após meu nascimento. Minha mãe me olhava com tanta alegria em seus, naquela época, jovens olhos. Mal imaginava o ser inútil que eu me tornaria. Devia ter imaginado algo diferente. Acreditava que seu menininho iria crescer para se transformar em um homem que lhe daria netos; não achava que eu cresceria e me tornaria... eu.

Nunca desenvolvi outras habilidades a não ser jogar vídeo game, então por muito tempo fiquei desempregado. Mas eu gostava assim. Não queria estar com outras pessoas. Entretanto, cerca de três anos atrás, minha mãe me obrigou a voltar a estudar para que conseguisse encontrar um emprego e ajudar com o aluguel que ficava cada dia mais alto. Relutantemente concordei, e escolhi um curso aleatório na escola técnica mais próxima que encontrei de casa. Não tenho carteira de motorista, então não podia ir muito longe. Mas isso era o de menos, queria mesmo era estar o mais próximo possível do aconchego da minha casa.

O curso que escolhi não era divertido. Administração de empresas, o que significava basicamente que ficaria o dia inteiro sentado olhando para tabelas de Excel. Nunca achei que me levaria a lugares, não por não ter aprendido o que me ensinaram, mas porque achei que ninguém seria louco o suficiente para contratar alguém como eu. Entretanto, depois do meu estágio em uma grande empresa de tecnologia - não vou mencionar o nome, mas muito provavelmente você já ouviu falar nela - milagrosamente fui contratado. Embora tenha sofrido minha vida toda, foi só quando comecei esse período da minha vida - o qual estou vivendo agora - que comecei a considerar suicídio.

O estresse era insuportável desde o início. Todos os dias quando eu pegava o ônibus para ir trabalhar tinha que ativamente prestar atenção no fato de que as pessoas escolhiam deliberadamente não sentar do meu lado. No trabalho, os escritórios eram em um espaço aberto, então não havia possibilidade de escapar das pessoas não importa o quanto eu tentasse, e elas não podiam escapar de mim. Por algum motivo, fui colocado junto do pessoal do RH, a galera mais barulhenta e social de todo o prédio. Tinha que ficar ouvido o papo furado deles o tempo todo enquanto ficava encarando minhas tediosas tabelas. E, não foi surpresa o fato de que eles também não gostavam de mim. Na maior parte do tempo apenas fingiam que eu não existia, mas quando era obrigado a falar com um deles - ou quando acidentalmente nossos olhares se cruzavam - eu podia ver a repulsa em seus olhos.

Jennifer, uma moça que ficava ao meu lado, era a que mais me odiava. Sempre me recebia com uma expressão de nojo e podia ver com frequência seus olhos se revirando quando me sentava na cadeira ao lado. Era visível sua irritação quando eu dirigia a palavra a ela. As vezes podia ouvi-los falando de mim pelas costas. Jennifer nem se importava em baixar o tom de voz. E, bem, não tinha como eu ir até o RH e fazer uma reclamação, eles era o RH.

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