III. Third.

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[#003] TERCEIRO — Aquela sobre as ilusões de um tolo apaixonado.

Alô? — a voz da garota soou sonolenta do outro lado da linha, indicando que provavelmente eu a tinha retirado à força de uma boa soneca. — Quem é?

— É o Taehyung, da faculdade. — Lhe expliquei.

Ah, oi! Como vai?

— Bem. E você? — perguntei só por educação, terei de confessar.

É, estou ok. — Quase podia ver Vivian dar de ombros enquanto dizia isso. — Tenho certeza que não foi pra saber se eu estou bem que você ligou. A que devo tal honra?

— Você comentou sobre uma casa de shows comigo, lembra?

Ah, sim. A Devil's Ink. — Recordou-se e pude ouvir um riso nasal. — Mudou de ideia, é?

— Sim. — Falei de uma vez.

Havia acabado de fechar a locadora naquela sexta-feira e pressionava o bilhete escrito à mão por Jeongguk junto do cupom que veio junto deste contra o meu peito. Eu queria tanto que aquilo fosse pra mim que simplesmente ignorei toda e qualquer prova do contrário.

A brisa estava minimamente menos quente do que de costume, embora o ar ainda estivesse bastante abafado. Eram quase onze horas da noite, afinal, e a temperatura sempre caía um pouco quando esse horário chegava. Com o clima mais ameno, eu conseguia formular melhor as frases e os argumentos que gostaria de dizer à Vivian — bem que essa parte mais racional poderia ter dado as caras no quesito de aceitar que Jeongguk não tinha motivos para gostar de minha pessoa.

Desde o momento em que lhes encontrei, eu vinha passando o tempo todo encarando aqueles pedaços de papel, reconsiderando mil vezes a minha decisão de trazê-los para o apartamento comigo quando era óbvio que deveria tê-los entregado a Mark.

A maioria não assumiria tão depressa, você é valente. — Vivi riu. — Tô suspeitando que você quer que eu vá contigo, não é?

— Na verdade sim. Não sei onde fica esse lugar e não queria chegar sozinho.

Hm, tá bem — disse. Ao fundo da ligação, escutei seus passos leves pelo chão de onde quer que estivesse naquele momento. — Imagino que você deva saber onde fica a Gelattos..?

— A sorveteria italiana?

Essa mesma.

— Sim, eu sei. É perto daqui onde estou.

Ok, então me espere por lá, chego em uns quinze ou vinte minutos.

— Tudo bem — sorri, já começando a andar em direção ao nosso ponto de encontro. — E muito obrigado por me acompanhar, tá?

Não tem de quê, Tae. — Ela falou em um tom risonho, genuínamente simpática. — Mas, se estiver a fim de retribuir o favor, você poderia trocar umas palavras com aquele meu amigo de quem eu te falei lá na faculdade uns dias atrás.

Fiz uma careta, tentando lembrar do ocorrido enquanto continuava caminhando pelas ruas bastante movimentadas daquele lado da cidade. Na época, San Francisco simplesmente não dormia, tampouco seus habitantes.

— Ok — suspirei, finalmente recordando do que ela estava falando. — Contanto que ele não seja um esquisitão, eu não vejo problema.

Ah — a risada breve que seguiu esse “ah” deixou bem claro que eu estava me metendo em uma grande furada. — Relaxa, o cara é de boa. Vou avisar ele que vamos dar as caras. Até breve, Tae!

cherry cola | taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora