V. Fifth.

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[#005] QUINTO — Aquela sobre os tolos que dançavam ao luar arroxeado.

Nos anos noventa, algumas pessoas estavam apaixonadas pela voz rouca do vocalista do Guns N' Roses, outras se viam fascinadas pela ousadia de Madonna, e é claro que Backstreet Boys, N'SYNC e Spice Girls eram sempre seguidos por multidões de fãs aonde quer que fossem.

É óbvio que eu sabia toda a letra de “like a virgin” e mexia os quadris quase que involuntariamente escutando as batidas de certas bandas de rock, mas, dentre todos os artistas ocidentais daquela época, os meus favoritos eram sem dúvidas os Bee Gees.

Não sei explicar exatamente o porquê, apenas não conseguia ficar parado quando alguma música deles tocava. Eram canções diferentes do que eu estava acostumado, mas que, ainda sim, conversavam com o meu gosto musical.

Entretanto, apesar de tanto gostar, essa era uma admiração que eu guardava mais para mim. Se alguém perguntasse diretamente, eu até diria que era um bom ouvinte, mas que me limitava a algo casual com sua discografia — o que não era de todo verdade, visto que eu tinha conhecimentos que iam além do básico a respeito dos Gibb.

Nunca pensei que seria confrontado sobre eles. Quer dizer, não sobre o meu gosto musical, mas sobre eles em específico. Mas, como você ainda ouvirá muito por aqui, Jeongguk era uma caixinha de surpresas.

Você os conhece ou não? — Jeongguk insistiu no assunto.

Se Namjoon não estivesse no mesmo cômodo que eu, provavelmente teria surtado da maneira mais gay que você possa imaginar e depois teria dito que sim, conhecia os Bee Gees bem até demais, mas acabei apenas por sorrir nervosamente.

— Conheço sim. Por quê? — perguntei ao rapaz do outro lado da linha.

Namjoon havia dito algo sobre eu estar “pendurado no telefone residencial como um adolescente bobão” e revirado os olhos, concentrando-se em sua leitura depois de finalizar seu julgamento. Isso que Jeongguk e eu nem estávamos conversando há tanto tempo. Pode-se dizer que eu estava só afirmando qualquer coisa que ele sugerisse para o nosso segundo encontro, que era o motivo de sua ligação.

Eu estava feliz por conversar com ele.

Tem uma discoteca foda não muito longe daqui de onde eu moro — contou. — Aparentemente, o dono é amigo dos caras e eles vão vir tocar como um favor, pra angariar fundos pra alguma coisa.

Afastei o telefone do rosto por um momento, não conseguindo mais segurar a minha felicidade. Gritei.

Namjoon, lentamente, ergueu os olhos das páginas de seu livro para mim. Sibilei-lhe um pedido de desculpas e voltei a enrolar os dedos no fio ondulado do aparelho em minhas mãos, ouvindo um suspiro audível escapar de seus lábios. Também notei um pequeno sorriso surgindo em seu rosto, pequeno demais até para que as suas covinhas dessem o ar de sua graça, mas ainda sim perceptível.

O que foi isso? — o tom risonho de Jeongguk denunciava que ele havia escutado a minha reação, no mínimo, humilhante. Não pude evitar de ficar envergonhado.

— Nada. — Tentei fingir que estava tudo bem, mordendo o lábio inferior. — Quer ir lá hoje, então?

Se você quiser, eu quero. — Quase pude vê-lo dando de ombros. — Mas a discoteca fica meio longe daí…

— Ah, não tem problema. — Sorri para o nada, todo abobalhado. — Eu posso voltar de táxi, né?

É, pode. — Concordou. — Ou poderia vir dormir aqui.

Cheguei a me desequilibrar na borda da poltrona onde estava sentado, quase indo de encontro com o chão.

Novamente o meu colega de apartamento me encarou, dessa vez com um olhar um tanto preocupado e questionador. Acredito que aquela cena era algo bem estranho de se ver, especialmente pelos olhos de alguém que não estava contextualizado sobre a minha posição com a pessoa no outro lado da linha.

cherry cola | taekookWhere stories live. Discover now