VII. Seventh.

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[#007] SÉTIMO — Aquela sobre os amantes que ficavam cegos.

— Hey, Tete. — Irene abriu um sorriso pequeno quando cheguei à locadora em uma quinta-feira que parecia normal.

Ao lado da morena, Mark estava estirado tal qual um cadáver. Seu rosto estava colado na superfície do caixa, os braços cruzados diante de sua cabeça para evitar que qualquer resquício de luz tivesse acesso aos seus olhos. O cabelo estava visivelmente bagunçado, talvez até sujo.

Mark estava assim desde o começo da semana. O pessoal disse algo sobre ele ter levado um fora, e eu não só fiz-me de desentendido como também ofereci a ele o meu ombro para que pudesse chorar. É uma atitude da qual me arrependo bastante.

— Mark — a garota prolongou o “a” de seu nome, tentando soar simpática consigo. Ela balançou seus ombros suavemente, ficando contente quando finalmente conseguiu atrair a atenção alheia. — Tae chegou. Você já pode ir, está bem?

Jeongguk não mencionou Mark nem uma única vez desde que tínhamos começado a sair. Também não disse nada quando a “tempestade” começou a acontecer, poucas semanas depois. Seu ponto de vista sobre essa história é uma incógnita.

— Uhum — o moreninho levantou, andando como um zumbi até a salinha dos funcionários. Eu fui ao seu encalço para largar as minhas coisas. — Oh, Tae, acabei nem dando “oi” pra você. Desculpe.

A parte mais cruel disso tudo é que, enquanto Mark estava definhando diante de meus olhos, eu contava os minutos para ver Jeongguk de novo.

— Não se preocupe com isso. — Sorri, focando em organizar os meus materiais da faculdade no armário. — Como você está?

Desde segunda-feira, Jeongguk aparecia no final do meu turno para me levar até em casa e conversar um pouco. Acho que foi na quarta que nós jantamos juntos em um restaurante em Chinatown, e foi muito legal, embora eu ainda tivesse certo receio de deixar Namjoon a sós com a cozinha.

A rotina de encontros também envolvia o cherry boy me convidando para ir até seu apartamento — ou se convidando para ir ao meu. Eu sei o que ele queria fazer porque ele nem fazia questão de disfarçar, e é por isso que eu desconversava.

Mesmo com esses meus foras, Jeongguk não desistia e também não abandonava o plano de me levar para o churrasco de Seokjin, do qual eu pouco sabia até então. Na verdade, levei um tempo para descobrir a maior parte das intimidades de Jeongguk. Até hoje não sei muito sobre ele, sendo honesto.

— Mal pra caralho — Mark respondeu, fechando o próprio armário depois de juntar suas coisas. Ele escorou-se no móvel gelado, suspirando. — Não era pra doer tanto assim, a gente nem tinha nada sério.

— Você não tem culpa de sentir algo que essa pessoa não sente. — Murmurei, sem encará-lo. — Deixe doer, chore. É melhor bater de frente com o sentimento do que fingir que ele não está aí.

Na faculdade, Vivian chegou a questionar o porquê de eu estar cantarolando algumas músicas do Queen durante a aula, e eu, lógico, ocultei a verdade ao dizer que só estava começando a conhecer melhor a banda britânica. Ela parecia estranhamente — desconfortável e — desconfiada de algo, mas não insistiu no assunto.

Jean Reiss, por sinal, está me evitando desde a noite em que fui à Devil's Ink.

— É, você tá certo. — Mark assentiu, cabisbaixo, e fez um esforço para sorrir. — Obrigado, Tae. Apesar de não sermos tão próximos, você é um bom amigo.

Há quem discorde. Não contei nada sobre o meu lance com Jeongguk para Irene também, temendo qual poderia ser a reação dela quanto a isso.

— Não tem de quê, Mark. Só tô fazendo o mínimo que é apoiar você nessa situação.

cherry cola | taekookWhere stories live. Discover now