VI. Sixth.

1.6K 340 376
                                    

[#006] SEXTO — Aquela sobre os beijos dados à meia noite.

A sensação de segurança ao andar de moto acabou chegando muito antes do que eu esperava. Agarrava na cintura de Jeongguk com apenas uma mão enquanto que, com a outra, segurava um dos pirulitos que recebemos lá na discoteca.

Arriscando levar uma multa — ou até sofrer um acidente —, nós estávamos sem capacete. Não era um percurso muito longo, no entanto, visto que o prédio de Jeongguk ficava no mesmo bairro.

— Agitado, né? — eu comentei.

Atrás do local em que Jeongguk vivia, havia um estacionamento particular para os condôminos. No momento em que entramos nessa área, uma grande variedade de músicas pôde ser ouvida. Também era visível que luzes coloridas, daquele tipo que se usa para improvisar uma boate dentro de casa em festas mais íntimas, estavam em vários apartamentos.

O prédio em si não tinha nada demais. Era um lugar alto, cinza escuro, com incontáveis janelas nos andares mais inferiores. Entretanto, conforme você subia o olhar, a quantidade de janelas e luzes diminuía. Por algum motivo, eu achei esse detalhe bastante interessante.

— É — ao estacionarmos, eu desci primeiro e o meu motorista fez o mesmo em seguida. Ele pegou a minha mochila, jogando-a por cima do ombro com um sorrisinho presente nos lábios. — Mas eu gosto.

Seguindo na direção do prédio, avistei uma pequena lixeira para recicláveis ao lado de algumas outras na saída do estacionamento. Ali, atirei o palito do pirulito que saboreava até então. Outro detalhe que considerei interessante.

— E aí, Jeon?! — pouco antes de adentrarmos no prédio, uma garota enfiou a cabeça para fora de uma das muitas janelas com luzes e música, acenando freneticamente para a figura ao meu lado.

Jeongguk fez uma careta que demonstrava confusão, mas acenou de volta. A desconhecida gargalhou alto e balbuciou alguma coisa sobre precisarem marcar algo para fazerem juntos, sendo novamente puxada para dentro logo após.

— Garoto popular, hm? — perguntei, tentando soar bem humorado embora estivesse incomodado.

— Hm — deu de ombros. — Nem sei quem é.

A entrada do prédio era formada por uma porta dupla de vidro, algumas plantinhas de plástico nas laterais desta e um tapete grande avermelhado para limpar os pés. Um porteiro recepcionava os recém chegados por de trás de uma mesa pequena.

— Senhor Jeon, boa noite. — Disse. Era um senhor de mais idade, vestindo roupas sociais.

— Uma ótima noite, senhor Fraser.

Infelizmente, Jeongguk não tinha a mesma mente altamente pensante que eu — não teve a brilhante ideia de não ficar nem no térreo nem muito distante do chão para, assim, facilitar caso houvesse a necessidade de realizar uma fuga. Ou seja, dentre vinte e cinco andares, o maldito morava no último.

A pior parte? Tinha um elevador. Mas ele seguiu reto para as escadas e eu fiquei com vergonha de dizer que era sedentário demais pra isso.

— Puta merda! — ali pelo vigésimo degrau, o Jeon subitamente interrompeu seu percurso e voltou-se para a minha figura exausta atrás de si. — Você não tem alergia a gatos, tem? Esqueci completamente de perguntar isso antes.

— Não tenho. — Tentei fingir que não estava com o corpo dolorido. — Por quê? Você tem um?

— Moro com três, na verdade. — Riu fraco.

Me apoiei na barra das escadas, com a respiração automática desligada. Tinha que ficar me lembrando de inspirar e expirar como um ser humano comum, sem fazer sons preocupantes, sem deixar visível que eu estava a ponto de desistir e acampar ali mesmo.

cherry cola | taekookHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin