「Capítulo Sete」

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Dove Cameron POV
Morumbi, São Paulo
31 de maio de 2022

Fico um tempo olhando para meu filho, não sabia o que falar e muito menos responder sua pergunta. Ele tinha escutado que alguém morreu, seria questão de tempo para ele associar com a mãe pela sua ausência. É melhor eu dizer ao invés dele descobrir sozinho, não é? Soltei um suspiro sem saber o que fazer, Sofia sempre foi melhor do que eu para fazer aquelas coisas que envolve notícias tristes e agora estou tendo que assumir aquilo.

Me parte o coração saber que eu posso ter perdido ela e um possível filho…

— Príncipe, a mama precisa lhe dizer algo — tentei disfarçar a voz chorosa, atravesso a sala para chegar no meu  filho. No mesmo instante estica seus braços com sinal claro de que quer colo, assim faço.

Seus braços rodearam meu pescoço e seu rosto escondido no mesmo, suas pernas abraçando minha cintura apertando de leve, respiro fundo sentindo o cheiro adocicado do perfume, é o mesmo dela e sabia que havia sido influência, minha esposa sempre soube que ele é meu preferido.

— Mama, o que a senhora quer falar? — perguntou inocente. Vou até a poltrona e me sento, obrigando-o a sentar de frente para mim.

— O que eu vou falar é delicado, então precisa ser forte — sinto novamente meu rosto ficar úmido, mas não ligo.

— Plometo ser fote — sua fala embolado me faz soltar um pequeno sorriso. Suas mãos fofas vêm para meu rosto — Não goto de te ver cholando, mama!

— Eu sei que não, filho — pego uma das suas mãos levando até meus lábios depositando um beijo na mesma — Porém, a mama não consegue controlar o choro

— Puque? — questionou.

— Bom… — desviei meu olhar do seu direcionando para minha família ali, todos concordaram a falar. Suspiro reunindo forças para dizer aquilo — Sua mom sofreu um acidente, pequeno — seus olhos enchem de lágrimas, aquilo partiu meu coração.

— A mommy está bem? Pufavô, diz que sim — implora com a voz embargada.

— Não sabemos, meu amor, estão investigando para saber se ela está bem. É complicado — digo em meio às lágrimas.

— A mommy… — repri os lábios não querendo poder confirmar aquela pergunta implícita dele.

— Não sabemos, filho — digo — Espero que não

Vejo suas lágrimas cair dos teus olhos inundando seu rosto delicado, abraço seu corpo frágil e pequeno permitindo chorar ainda mais do que antes. O soluço saindo da boca dele fez meu coração se apertar ainda mais, queria poder fazer qualquer coisa para não vê-lo chorar daquela forma. Céus, porque a vida tinha que ser cruel em várias formas?

Todos presentes na sala estão chorando por tudo, foram os quatro meses mais difíceis das nossas vidas. Não sei por quanto tempo fiquei chorando abraçada ao corpo do meu filho, só me dei conta quando Dave separou do abraço e olhou-me com os olhos vermelhos de lágrimas com um bico manhoso nos lábios.

— Posso ficar sozinho? — perguntou baixo olhando-me nos olhos. Eu não queria deixá-lo só, era apenas uma criança de quase 3 anos. Hesito um pouco em deixar ir para o quarto, mas ia dar alguns minutos de privacidade antes de ir ficar com ele. Sinto como se precisasse ficar mais perto dele depois dessa notícia trágica.

— Pode, mas daqui a pouco vou ficar com você — informei vendo o mesmo concordar, dou-lhe um beijo na testa e boto ele no chão. Rapidamente ele sobe as escadas e por fim escuto a porta do seu quarto bater.

Fecho os olhos deixando minha cabeça encostar no estofado da poltrona, quando eu poderia voltar a viver minha vida novamente?

Seria questão de dias para que toda a imprensa saiba do acidente...

— Dove… — escutei meu melhor amigo chamar, porém não quis lhe responder.

Nunca pensei que um dia estaria passando por todo esse sofrimento. O que fiz para merecê-lo?

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Não muito tempo depois meus sogros foram embora alegando que precisavam fazer algumas coisas, apenas concordei e me despedi deles. Lina e Cam como estão morando comigo desde o sumiço da Sofia, falaram que iam me deixar sozinha. Todos sabiam que sempre fui uma pessoa de sofrer calada por tudo, sempre foi dessa forma desde o fundamental e ao passar do tempo piorou.

Observo as grossas gotas de chuva escorrer pelo vidro da janela, a noite já tinha chegado e com ela a mudança drástica de tempo, é como se a natureza oscilasse de acordo com o que sinto. Deixo um suspiro doloroso escapar pelos meus lábios, direciono meu olhar para minha cama vendo meu bebê ali deitado em meio a tantos lençóis e travesseiros fazendo sua segurança.

O restante da tarde fiquei com ele para que não sofra só, tentei distraí-lo de várias maneiras e algumas funcionou por instantes, mas depois ele deitava no meu colo e chorava um pouco. O que minha esposa faria se fosse ao contrário? Constatando que ele não acordaria tão cedo, saí do quarto para ir no quintal, precisava ficar um tempo em ar livre sem me sentir sufocada.

A noite fria me recebeu, mas não me abalei pela baixa temperatura. Noites frias já fazem parte da minha nova rotina desde que ela sumiu da minha vida. As gotas grossas de chuva rapidamente me deixam molhada, não ligo por estar molhada, apenas deito na grama de barriga para cima e fecho os olhos.

É como se as gotas da chuva tivessem a capacidade de lavar minha alma condenada ao sofrimento...

E queria que tivessem…

»»————><————««


Novamente invadindo o perfil dela para postar o capítulo KKK

 𝐉𝐮𝐫𝐚 𝐉𝐮𝐫𝐚𝐝𝐢𝐧𝐡𝐨 Where stories live. Discover now