「Capítulo Dezenove」

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Dove Cameron POV
San Onofre Beach, Califórnia
16 de Julho de 2022

Após finalizarmos o café da manhã, meus cunhados junto com meu filho foram organizar o restante das bolsas que vamos levar para a praia. Decidimos passar o resto da manhã e o início da tarde na praia, para aproveitar o forte sol que está fazendo. Enquanto a noite, ficaríamos em casa para realizar a festinha de aniversário do meu pequeno. Sofia e eu ficamos responsáveis por retirar a mesa e lavar a louça, permitindo com que eu fique mais tempo ao lado dela, mesmo que o silêncio tome conta do lugar. Apenas ter a presença dela ao meu lado, me faz matar um pouco da saudade dela, de estar no mesmo ambiente e de poder, vez ou outra, olhar para ela.

— Posso perguntar uma coisa? — a voz dela atraiu minha atenção. Fecho a torneira, lhe dando o prato para secar, olhando na sua direção.

— Claro, pode perguntar qualquer coisa — respondi, ela assentiu.

— Eu sei que hoje é o aniversário do Dave, porém, porque ele está tão animado? — questionou, deixando aparente sua confusão. Rio de leve, encostando meu quadril na borda da pia.

— Hoje tem eclipse lunar total, ele ama eclipse e tudo que tenha a ver com astronomia — comentei — Porém temos uma grande influência nisso... — Sofia parou de secar o prato para me olhar, seus olhos transmitiam confusão — Você nasceu durante a noite e eu nasci durante o dia. Quando começamos a nos relacionar, tínhamos o hábito de ficar chamando uma a outra de "sol e lua" e quando tivéssemos os nossos filhos, eles seriam o eclipse.

— Uau... — falou abismada e encantada.

— E também é por causa da lenda do sol e da lua... — indaguei — Você sabe dessa lenda, não é? — ela negou com a cabeça, envergonhada — Reza a lenda que o Sol e a Lua sempre foram apaixonados um pelo outro, mas nunca podiam ficar juntos. Pois a lua só nascia ao pôr do Sol. Sendo assim, Deus na sua bondade infinita criou o eclipse como prova que não existe no mundo um amor impossível. Então, o eclipse ocorre por causa do amor do Sol e da Lua — observo as expressões dela suavizar — Nossa história de amor, no caso a antiga, não foi fácil. Tivemos vários altos e baixos, passamos um longo tempo escondendo dos nossos pais o relacionamento, escondendo as nossas orientações sexuais. Precisamos terminar algumas vezes, mas no final nosso amor foi mais forte e ficamos juntas no final.

— Porque precisamos terminar algumas vezes? Nossos pais não aceitavam nosso relacionamento? — perguntou curiosa.

— No início, eles não aceitavam. Foram contra e até nos proibiam de nos ver, porém, sempre dávamos um jeito de nos encontrar. Com isso, eles notaram que não tinha como nos separar, acabaram desistindo e aceitando. Agora eles são os nossos maiores apoiadores — comentei — Não foi o motivo de nos fazer terminar algumas vezes. No último ano do ensino médio, acabei fazendo um intercâmbio para Inglaterra, passei quase 6 meses lá. A diferença de horário e a distância, fizeram a gente terminar, mas retornamos na primeira semana que voltei. Dois anos depois, você ganhou dois intercâmbios, um de 6 meses para o Canadá e outro para Espanha. Terminamos pelo o mesmo motivo de antes. Isso ocorreu outras duas vezes, quando fiz dois semestre da faculdade na França e um em Portugal, na mesma semana que voltei para o Brasil, precisei viajar de última hora para New York, representando a empresa da minha família em uma conferência — solto um suspiro ao lembrar daquela época — Nenhuma de nós aguentava ficar namorando a distância, era cansativo demais... Passamos mais ou menos seis meses sem termos nada, apenas amizade, portanto, não conseguimos ficar muito tempo longe uma da outra. Voltamos a namorar, tempo depois teve o pedido de noivado...

— Nossa, deve ter sido uma época bem difícil para nós — concordei — Eu queria poder lembrar de tudo, da nossa história, da sua gravidez, dos primeiros momentos do Dave. Dos meus pais, da minha irmã... — aperto o pano de prato fortemente, aproximo dela, tocando suavemente na sua mão. Atraindo seu olhar para o ato e depois para mim. Por longos segundos, fiquei hipnotizada pelos seus olhos, sentindo uma onda elétrica atravessar o meu corpo — Eu sei que preciso ser paciente, mas quando escuto você falando sobre as coisas do meu passado, do nosso passado... — se corrigiu — Me sinto inútil por não lembrar, é como se tivesse uma grande e pesada nuvem cinzenta cobrindo minhas memórias — ela não se mexe. Nossos corpos estão a centímetros de distância.

 𝐉𝐮𝐫𝐚 𝐉𝐮𝐫𝐚𝐝𝐢𝐧𝐡𝐨 Where stories live. Discover now