「Capítulo Dez」

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Dove Cameron POV
Guarujá, São Paulo
17 de junho de 2022

— Não pode ser… — sussurro novamente, encarando fixamente a foto.

— Se parece muito com ela, Dov — indaga Lina chorando.

— Lina, não pode ser ela — sinto minha voz embargar.

— Eu ainda estou aqui — a voz da Scarlett se fez presente, me tirando daquele mundo de esperança e incertezas.

— Scarlett, desculpa. Acabei esquecendo de você — coloco o celular da minha cunhada no balcão, procurando o meu no bolso do short. Pego o celular e ligo ele — Você conhece essa mulher aqui? — pressiono o dedo na tela para não travar e viro para a tela do notebook.

— Não estou vendo muito bem — ajeito um pouco, inclinando mais para frente da câmera impedindo de ter algum reflexo — Oh, porque você tem uma foto da Ava no seu celular? — a curiosidade em sua voz me fez ter a certeza.

É ela. É a minha Sofia. Por mais que atualmente pareça diferente da foto que mostrei, tirada no natal do ano passado, semanas antes de tudo isso acontecer. Seus cabelos estão mais curtos e um pouco mais claros que a última vez que eu vi, mas as suas feições são as mesmas juntamente com seu sorriso inconfundível. Não noto quando as lágrimas começam a cair dos meus olhos, pela primeira vez estou chorando por causa de alegria e felicidade. Sinto os braços do Cameron me abraçar, selando o momento.

— Encontramos ela, Cam — digo chorando.

— Sim, encontramos loirinha — beija minha testa — Agora explique o motivo desse choro e alegria para a Scarlett, ela está confusa — olho para a tela do notebook e vejo a expressão confusa no rosto dela. Cameron me solta indo abraçar a namorada.

— Estou igual a um cego em um tiroteio — gargalho com sua fala, limpando as lágrimas que caíram pelo meu rosto.

— Desculpa te deixar de lado em menos de cinco minutos, Scarlett. Afinal, eu estou levemente confusa — ela ri levemente — Bom, a foto que te mostrei é da minha esposa.

— Sua esposa parece muito com a Ava — faço uma pequena careta ao escutar aquele nome. É estranho. Estranho escutar outro nome, igual ao seu, sendo referido ao amor da sua vida.

— Por que a minha esposa é essa tal de Ava — indagou vendo a surpresa em seu rosto.

— Sério? Oh my gosh! — tampou a boca com as mãos.

— Sim, você se lembra do dia em que encontrou ela? — perguntei me ajeitando na cadeira, com as esperanças renovadas.

— Não, eu não me recordo agora. Sinto muito — declara — Quando eu a encontrei ela já se apresentou com Ava, não falou nada sobre seu passado. Talvez tenha perdido a memória.

Estranho. Uma sensação estranha se fez presente dentro de mim após a fala da Scarlett.

— Pelo menos você presta para alguma coisa, cunhadinha — o deboche de Lina não passa despercebido pelos meus ouvidos.

— Você me ama que eu sei, Lina — impliquei com ela.

— Vejo que tem uma ótima relação com seus amigos — Scarlett ri do outro lado.

— Eles são muito amorosos — falo rindo.

— Uma pergunta, ela se chama Ava?

— Não, o nome dela é Sofia — respondo sua pergunta — E antes que pergunte, Sofia sempre adorou o nome Ava e pensava em colocar na nossa filha, quando a gente tivesse — explico a ela.

— Não vai me dizer que também a influenciou sobre sua profissão? — semicerrou os olhos na minha direção. Espremo os lábios já entregando os pontos.

— Essa foi a minha segunda influência — digo — Ela nunca gostou de arquitetura ou algo do gênero, mas gostava de quando eu explicava as coisas e no final ela acabou aprendendo a gostar.

— Entendi, essa criança que está no colo dela é o filho de você? — pergunta curiosa.

— Sim, isso foi no natal — respondi, vendo uma pequena ruga de expressão se formar na testa dela.

— Ele é muito lindo, quantos anos ele tem? — questiona com uma expressão mais suave.

— Vai fazer três anos em breve — solto um pequeno suspiro, com tudo que aconteceu e o que está acontecendo, é bem provável que não vai ter festa de aniversário. Não sem a Sofia.

— Quero muito conhecer ele. Aliás, agora tem um motivo para aceitar a proposta sem pensar duas vezes — me encara cheia de expectativas.

— Qual? — questiono, mesmo sabendo qual é o motivo.

— Sua esposa está aqui — fala como se fosse o óbvio, dando um sorriso no final.

— Porém, é provável que ela não se lembre de mim.

— Irei dar uma de cupido e juntar vocês novamente. Se ela foi capaz de te amar uma vez, ela será capaz de amar várias e várias vezes — disse ela.

— Por mais que eu esteja feliz e animada ao saber que minha esposa está viva, eu ainda preciso pensar. Tenho que conversar com meus sogros e com outras pessoas, tenho que ver se é possível fazer essa pequena mudança sem afetar meu filho.

— Não pense, Dove. Apenas aceite — indaga.

— Scarlett… — sussurro, mas a mulher parece irredutível.

— Aceita, deixe eu ajudar vocês — faz um pequeno bico.

— Scarlett… Eu vou pensar, ok? Terá a resposta o mais rápido possível e não irá se decepcionar — falo, vendo ela soltar um suspiro.

— Ok, ok, desisto — levanta as mãos em rendição — Aguardarei ansiosa sua decisão.

— Você não irá se arrepender — endireito as costas e olho sério para ela.

— Estou confiando em você — aponta para mim — Enfim, foi bom conhecer e conversar com você, porém eu preciso entrar em reunião.

— Certo, foi ótimo fazer negócios com você — sorrio.

— Digo o mesmo, fiquei feliz ao saber que pude ajudar vocês em alguma coisa e que irei ajudar mais ainda depois — fala com um tom convencido, nego com a cabeça rindo — Tchau, sra. Cameron.

— Tchau, sra. Thompson — a chamada é encerrada. Fecho o notebook e olho para o nada.

É um misto de sentimentos que estou sentindo, principalmente felicidade. Porém, algo dentro de mim está gritando que estou enganada em relação a minha esposa estar viva. E se foi um engano? Se ela não estiver viva? Se a pessoa for parecida com ela e não é ela realmente? Ela está tão diferente da última vez em que a vi, mas ao mesmo tempo tão igual.

Apenas não quero criar expectativas para uma coisa, na qual eu posso quebrar a cara depois…

E se a Ava não for ela?

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 𝐉𝐮𝐫𝐚 𝐉𝐮𝐫𝐚𝐝𝐢𝐧𝐡𝐨 Where stories live. Discover now