═ 𝐈𝐈. Tudo começa em nós.

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bem aqui, nossos mundos colidiram


Bella estava completamente absorta em sua pintura, com um pincel pequeno na mão direita e a esquerda pairando sobre sua mesinha de tintas, os dedos manchados em tons de marfim, creme, cinza, carvalho e azul, os cabelos presos no alto da cabeça, e ...

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Bella estava completamente absorta em sua pintura, com um pincel pequeno na mão direita e a esquerda pairando sobre sua mesinha de tintas, os dedos manchados em tons de marfim, creme, cinza, carvalho e azul, os cabelos presos no alto da cabeça, e um avental que um dia foi branco por cima de sua jardineira jeans e camisa azul claro.

Em sua tela havia uma paisagem pouco familiar, parcialmente desfocada, enquanto a maior parte da atenção estava sobre a silhueta de um homem caindo do céu em direção à completa escuridão. Cada traço era firme e realçava sua estrutura alta e magra, mas forte, uma de suas asas brancas se enrolava ao redor de seu corpo, enquanto a outra se estendia em direção ao céu do qual ele caíra. Em seu rosto não havia nenhum foco, nenhum traço familiar, como se ela nunca soubesse como acertar aquele pedaço.

Ela nunca viu seu rosto, afinal, o pai que foi embora na primeira oportunidade. Aquele que deveria ter tido a coragem de admitir seus crimes, e lutado por ela. Se isso o fizesse cair do paraíso, ao menos teria sido pelas razões certas.

Mas tudo o que sobrou para Arabella foram as pinturas de um homem que nunca a escolheu.

Tão concentrada em seu trabalho, ela por pouco não se assustou quando ouviu a porta da sala sendo aberta. Abaixando a mão com o pincel, olhou sobre o ombro direito para encontrar a figura de um desconhecido sob o batente.

Ele apenas ficou ali, de pé, parado por um momento enquanto segurava a maçaneta e alternava seu olhar entre a garota e a tela em sua frente, descaradamente a estudando, como se decidisse se a situação valia seu esforço ou tempo.

Bella foi quem fez o primeiro movimento, talvez para quebrar o constrangimento, ou para suprir sua curiosidade. Afinal, ela mal sentiu a aproximação de qualquer ser vivo, e o sobrenatural em sua frente era tudo, menos imperceptível.

— Olá. — Ela ergueu a mão sem o pincel e acenou com os dedos manchados de tinta, um sorriso pequeno e tímido puxando os cantos de seus lábios.

Um brilho desconhecido cruza o rosto do homem, mas some tão rápido quanto apareceu. Ele franze a testa, e pergunta de repente:

— O que faz aqui?

— Eu estudo aqui. — Mente Bella com um encolher passivo de seus ombros.

Então ele bufa e acena na direção das janelas.

— Esqueceram de te avisar que nem os fantasmas ficam vagando por aqui a esse horário. — Rebate em zombaria.

Com um breve olhar, Bella sabe que ele tem razão, faltam poucas horas para o nascer do sol, o que é cedo demais para qualquer pessoa estar ali. É um milagre que ninguém a tenha encontrado até agora.

𝐍𝐄𝐏𝐇𝐈𝐋𝐈𝐌  ━  ᵏˡᵃᵘˢ ᵐⁱᵏᵃᵉˡˢᵒⁿWhere stories live. Discover now