Capítulo 16

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"Amar pode machucar

Amar pode machucar, às vezes

Mas é a única coisa que eu conheço

Quando fica difícil

Você sabe, às vezes pode ficar difícil

É a única coisa que nos faz sentir vivos.

Nós guardamos esse amor em uma fotografia

Fizemos essas memórias para nós mesmos

Onde nossos olhos nunca estão se fechando

Nossos corações nunca estão quebrados

E o tempo está congelado para sempre."

Ed Sheeran – Photograph

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O mesmo filme que passara na cabeça de Maria quando chegara ao Brasil tornou a se repetir. A imagem daquele homem a sua frente, só lhe trazia péssimas lembranças de um tempo que ela fazia questão de esquecer, mas a vida também parecia fazer questão de lembra-la a todo instante, de fazer suas memórias reviverem, mesmo quando seu único desejo, era deletar aquelas imagens de sua mente.

Maria e Antônio nunca se deram bem. Ele sentia um enorme prazer em provoca-la, fazer brincadeiras sem graça e lhe botar apelidos, mas o ápice de tudo isso, fora quando ele armou a tal aposta, e então, Maria seria mais uma vez refém do escárnio planejado pelo mesmo.

— Eu mesmo, em carne e osso, talvez mais carne que osso, mas cá estamos. – O homem um pouco acima do peso, dizia entre risos.

— Foi bom te ver, mas tenho que ir. – Maria, nervosa, ia se retirando, mas ele a impediu segurando seu braço. Ela o olhou com total desprezo, e se soltou do mesmo.

— Espera, Maria. Há tempos que não nos vemos, vamos conversar um pouco.

— Não tenho muito tempo, preciso mesmo ir.

— Você se tornou um mulherão, hein – ele continuou falando, inibindo sua saída – na verdade sempre foi né, mas agora – bateu palmas discretamente – tá de parabéns. Agora eu entendo porque o paspalho do Estêvão tava caidinho por você, eu no lugar dele estaria na mesma.

Maria sorriu sem graça, e ele continuou:

— Se bem que o que ele gostava mesmo era ter várias mulheres à sua disposição. Olha, não tô querendo fazer fofoca não, mas naquela época, ele ficava com você e com sua irmã ao mesmo tempo, e dizia pra gente que você era só um passatempo, que nunca iria querer nada sério com você.

— Você já acabou? – Perguntou com a voz trêmula.

— Horas antes do acontecido daquela noite, ele tinha estado com a Fabíola. – Ele ignorou-a e prosseguiu, agredindo-a com suas palavras. – Ele tinha planejado tudo do melhor pra sua irmã: flores, comidinha chique, e eu sei disso porque a gente era íntimo, sabe. E ele me disse que era a última vez que ele se envolvia com você, que pagaria a aposta, e meteria o pé na sua bunda. Aqueles xingamentos? A maioria ele falava quando estava com a gente.

— Antônio, de verdade, eu gostei muito de te ver, mas preciso ir.

— Ah, mais já? A conversa tava tão boa.

— Eu não gosto de relembrar do meu passado.

— Tudo bem, eu te entendo. Se precisar de alguma coisa, eu trabalho naquela sapataria ali na frente – apontou – e eu não sei se você tem algum contato como Estêvão, ou com a Fabíola, mas se tiver, manda um abraço pra eles, e quem sabe a gente não marca qualquer coisa.

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