Lapsos

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Desde quando fui descoberto comecei a ter estranhos lapsos, uma hora eu estava em um palco cantando, em outras flashes ofuscavam minha visão e ainda em outros momentos eu estava sozinho em meu quarto olhando o teto e refletindo sobe erros cometidos em algum momento indecifrável, era estranho  e esquisito as vezes, sei que era eu e também que eram minhas memorias, mas só se passavam de estranhos vultos que caracterizavam aqueles breves momentos.

Em vez de procurar conversar com Young sobre esses estranhos momentos que eu lembrava resolvi me isolar, teve dias que fui para a zona litorânea e passei o dia todo aproveitando a maresia e pescando como um simples hobbie só para devolver novamente aquela vida ao mar, eu me sentia como eles, um peixe grande tirado de seu habitat se debatendo em busca de respostas e sentindo a pressão de tudo aquilo tira meu ar aos poucos; noites sem dormir, dias estressantes faziam parte de minha rotina, mesmo estando de férias, eu sabia que aquele privilégio havia sido me dado para eu aproveitar, mas tirar uma parte de sua vida sem aviso te deixa sufocado e perdido.

Eu só queria me lembrar de quem eu realmente era!

Sorri involuntariamente por estar me comparando a aquele peixinho se debatendo em meu anzol e calmamente o devolvi a agua o reconfortando com palavras como tudo irá ficar bem, mas será que ficaria mesmo? Será que ele assim como eu se lembraria do trauma causado por uma mudança brusca?

Não irei mentir e dizer que minha estada ali não estava sendo divertida, eu estava amando usufruir novamente da presença de meus pais, rever os pais de minha amiga, conviver novamente com ela, passear por locais que eu sentia saudades e também visitar meu irmão que se sentiu emocionado por minha presença; tudo aquilo era mundo bom mesmo e em momento algum eu pensei em ser egoísta ou resmungador, porém eu só queria saber e desvendar quem era aquela pessoa famosa que estava nos holofotes com um largo sorriso se parecendo comigo.

Já fazia dois dias que ligações em meu celular dela se faziam presentes, eu entendia sua preocupação, no entanto eu só queria ficar sozinho e tentar relaxar.

Isso era um pouco engraçado também, eu nunca realmente fiquei sozinho nesses dias, me cerquei de varias pessoas para poder me sentir completo e cheio, mas em nenhum momento aproveitei a mim mesmo e a minha companhia; sempre fui um cara de presença e de fazer outros se sentirem bem, nunca ligando para o que eu verdadeiramente sentia quando todos iam embora;

E agora, aqui, aproveitando somente o balando do barco alugado vejo que eu precisava tirar um tempo somente para mim, me redescobrir e repaginar, não por fora e sim por dentro, expurgando todos os pensamentos negativos, duvidas e incertezas que existiam em minha mente e coração.

Quando voltei para casa, encontrei minha mãe verdadeiramente preocupada, mesmo a tendo avisado que iria pescar um pouco longe da cidade, ela se preocupou em meu estado emocional e como eu ficaria sozinho em outro local. É mesmo sendo um homem crescido ela ainda me tratava como seu bebê Jinnie...

Perguntas sobre minha carreira e minha vida em Seoul/Gangnam  viraram assunto proibido dentro de casa, acho que meus evidente desconforto sobre isso; no tempo certo quando tudo estivesse bem eu falaria eu só não sabia quando seria e quando chegaria.

- Filho, Youngnie esteve te procurando! – minha mãe apareceu na porta de meu quarto enquanto me vestia – aconteceu algo?

Sim, a ignorei durante dois dias seguidos...

- Não sei mãe, mas irei entrar em contato com ela e saber.

A mesma concordou e saiu do quarto avisando que em breve serviria o jantar, ao olhar pela janela vi que uma tempestade se aproximava da cidade e mal sabia eu que também de minha amizade...

Me Ajude a Lembrar | KSJWhere stories live. Discover now