Apenas mais um clichê

Capítulo 2

Depois de algumas horas na estrada, finalmente as garotas haviam chegado em seu novo lar.
Elas desceram do carro e em seguida, pegaram sua bagagem no porta-malas, caminhando até a entrada da casa.
A Sra. Margaret morava em uma rua nobre do bairro, as calçadas eram todas cobertas com grama e árvores muito bem cuidadas e bonitas. Havia uma estradinha de pedras que levava até a porta de sua casa e pequenas flores que cresciam em volta, assim como de todas as outras residências ao redor, dando um ar bonito e acolhedor para a vizinhança.
Além das flores que existiam por ali, Margaret também tinha seu próprio jardim em seu quintal, que podia ser visto através do espaçamento do portão que cercava sua casa, que inclusive, era bem grande, apesar de ter apenas dois andares.
O seu formato era bem desproporcional, mas de um jeito charmoso, que no fim, fazia uma combinação bonita e moderna. Na garagem havia um carro calquer que Melinda não sabia qual era por sua falta de interesse em automóveis, e a enorme porta de madeira era como uma cereja no bolo, deixando a casa ainda mais atraente e convidativa.
As meninas entraram e deram de cara com a sala de estar, que continuava do jeito que elas lembravam, com o enorme sofá branco, a televisão que já era gigantesca quando a de todos era de 20 polegadas e o enorme quadro de Pietra na parede, de quando ela ainda era criança, vestida de alguma princesa qualquer da Disney.
Pietra era a filha mais nova de Margaret, a única pessoa que morava com ela, já que o seu namorado a largou pouco depois de Pietra nascer e seus filhos mais velhos, um já havia se casado e saído de casa e outro, infelizmente veio a falecer anos depois. Por conta disso, Margaret mimava a garota de todas as formas possíveis, já que ela tinha bastante dinheiro devido a boa posição de trabalho que tinha no passado, que lhe rendia uma boa aposentadoria hoje em dia. Mas, como o dinheiro não podia comprar atenção, ela ainda era alguém bem carente que se entregava pra qualquer fonte de afeto que aparecesse, o que justificava ela ter aceitado as garotas em sua casa de braços bem abertos.
Pietra entrou na sala com seu cabelo habitual, que era preto, escorrido e partido ao meio, seu olhar cansado também permanecia e seu nariz arrebitado parecia mais esbranquiçado do que nunca. Pietra parecia uma vampira que não tomava sangue fazia muito tempo: pálida e cansada.

— Oi mãe — cumprimentou e Sra. Margaret foi lhe dar um beijo na cabeça. Pietra era bem mais velha que as meninas e provavelmente já estava terminando a faculdade, mas Margaret ainda a tratava como uma garotinha.

Vendo as duas assim, lado a lado, ficava claro que Pietra não tinha puxado um fio de cabelo de sua mãe e nem mesmo uma gota de sua personalidade.

— Oi meu amor. Pietra, você se lembra da Melinda e da Melissa, né? — perguntou, já que Pietra nunca ia com Margaret quando ela ia visitar as meninas e fazia questão de se esconder em seu quarto quando as meninas vinham até a casa dela.
— É, lembro. Oi, fiquem longe do meu quarto e não mexam nas minhas coisas.

Pietra saiu, ignorando os chamados da mãe.

— Pietra não está num bom dia, meninas, o limite do cartão dela estourou.
— Uau, que problemão — Melinda revirou os olhos — Enfim, onde nós vamos ficar, tia?
— Ah sim, aqui em baixo está do mesmo jeito mas eu fiz muitas reformas lá em cima. Depois que o Flavinho se mudou, eu dei uma ajeitada no quarto dele pra ficar para os hóspedes. Ah, e vocês lembram que ele tinha aquela mini academia né? Também levou tudo, deu outro quarto novinho, de tanta tralha que tinha lá, vamos lá ver.
— Vão vocês que eu já vou indo pra casa, tudo bem? — intrometeu-se o Sr. Malavassi.
— Ué, pai, já? Nem vai esperar eu e a Melinda terminarmos de arrumar as coisas, sei lá, jantar com a gente?
— Não, eu peguei esses dias de folga por conta do funeral, mas tenho que ir voando pro trabalho.
— Assim, no meio da tarde?
— São coisas importantes pra resolver, Melissa, não fique me artomentando. Tchau meninas — ele beijou a testa das duas, agradeceu Margaret e foi embora.