Capítulo 7

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No dia seguinte, Melinda acordou indisposta, ela estava sem ânimo algum para ir pra escola, a única coisa que lhe consolaria era chegar junto de Tom, já que ele iria começar a ir pra escola com ela, talvez assim, a humilhação fosse menor.
Ela fez sua higiene matinal e desceu até a sala de jantar, dessa vez, Fafá não estava mas o seu café estava posto e ela tomou, mesmo sem sentir o gosto das coisas.
Naquele dia ela estava sem pique para se arrumar, mas mesmo assim vestiu uma das roupas novas que havia comprado, que era uma calça jeans clara e uma regata preta, já que estava calor naquela manhã, e dessa vez deixou o cabelo solto já que ele agora estava curto demais para se fazer um rabo de cavalo.
Ela terminou de comer e recebeu uma mensagem de Tom dizendo que ele não poderia ir com ela hoje pois havia acordado atrasado, Melinda sentiu seu lábio secar e as lágrimas se formarem, a única coisa que poderia fazer com que ela se sentisse menos pior naquele dia, estava arruinada.
Ela enxugou as lágrimas antes que escorressem e saiu de casa com sua mochila.
O caminho até a escola foi perturbador, a cada passo que Melinda dava ela se sentia mais perto de desmoronar.
Chegando na escola, o portão já estava aberto e ela entrou, indo direto para sua sala o mais rápido possível e se sentando no mesmo lugar do dia anterior.
Ela tentou se manter em silêncio para passar despercebida e não ser incomodada mas não adiantou:

— Olha a Carrie, a estranha — um aluno gritou, apontando para ela e rindo.
— A Ana Francisca tá diferente — outro aluno comentou, dando risada.

Melinda abaixou a cabeça mas ouviu um impacto enorme que parecia ser de um soco.
Ela ergueu a cabeça novamente e viu o garoto que estava zombando dela caído no chão com a mão no nariz e uma menina em pé, de frente pra ele, com os punhos cerrados.

— Você tá louca, caralho? — Berrou o garoto se levantando e partindo pra cima da menina que estava de pé, que o segurou, o curvando e enchendo seu estômago de socos, Melinda até olhou para o outro lado pois odiava violência — Para, para, me solta, desculpa.

A garota o largou no chão, ele estava com falta de ar e com o nariz sangrando.

— Se você mexer com essa menina de novo, eu faço pior — a garota colocou uma mecha atrás da orelha — E que isso sirva de lição pra todo mundo.

Ela se sentou ao lado de Melinda que se encolheu, achando que ia sobrar pra ela também.

— Você está bem? — a garota perguntou, segurando o ombro de Melinda.
— S-sim — Melinda respondeu assustada.
— Não precisa ficar com medo, eu não vou fazer nada, eu só faço isso com idiotas.

Melinda sorriu, voltando seu olhar para o garoto que estava zombando dela, ele estava curvado, apoiado em uma mesa, com algumas pessoas em volta tentando ajudar. Ele não tinha mais expressão de raiva, somente de medo e isso confortou Melinda de certa forma.

— Qual é o seu nome? — a morena perguntou, entrelaçando uma mecha em seu indicador.
— Melinda — respondeu com um sorriso.
— Nome de vaca. Eu sou a Samantha.
— Nome de garota de programa.

Samantha começou a rir e Melinda se confortou por ela ter tido essa reação, ela falou aquilo no automático e assim que terminou de falar, achou que levaria uma surra também.
Samantha era bem assustadora vista assim de perto, ela tinha as pontas do cabelo verde-água e era a única coisa nela que tinha alguma cor viva. Ela usava uma regata parecida com a de Melinda e uma calça com rasgos no joelho, seus piercings na sobrancelha e no septo pareciam brilhar como se fossem jóias.
Samantha decidiu que ficaria junto com Melinda nas aulas, já que elas eram em duplas. Como na aula passada Melinda havia ficado sozinha já que Tom era dupla de Léo, ela se confortou em ter alguém para se sentar com ela.
As duas ficaram conversando e logo Tom e Léo chegaram juntos.
Os dois cumprimentaram Melinda e Samantha com um beijo no rosto e saíram para cumprimentar outros alunos.

Apenas mais um clichêWhere stories live. Discover now