Capítulo 9

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Depois da escola, naquele dia, a tarde se passou tranquilamente para Melinda, que foi pra casa feliz por ter feito amigas e se sentido mais poderosa que nunca, mas seu entardecer foi baseado em cheetos e "As branquelas", já que ela não tinha nenhum plano de sair de casa, diferente de Samantha.
Samantha estava de frente para o espelho se maquiando, eram 19:49 e Nando havia dito que passaria lá às 20:00, então ela estava dando os últimos retoques em si mesma antes que ele chegasse.

- Onde você vai? - perguntou Andréa, a mãe de Samantha, entrando no quarto.
- Que susto - Samantha borrou um pouco seu batom, mas logo corrigiu - Vou sair com o Nando, eu disse hoje cedo.
- Você não respondeu a minha pergunta.
- É só uma festinha aqui perto, mãe, relaxa. Eu tô com celular, vai me mandando mensagem, qualquer coisa.
- Volta às nove, tá?
- Nove, mãe? Assim vou ficar nem uma hora fora, você sabe que tomo cuidado, é aqui pertinho.
- Mas melhor não, filha, o nosso bairro está muito perigoso.
- Se está muito perigoso, por que o Samuca que tem quatorze pode voltar meia noite pra casa? O problema não é pra onde eu vou e sim, com quem eu vou, não é, mãe?

Andréa bufou, colocando uma mecha atrás de orelha.

- Você sabe que seu pai não se dá bem com ele - respondeu cabisbaixa - Eu só não quero problemas dentro de casa.
- Ele não se dá bem com ele ou não se dá bem com a orientação sexual dele? - Samantha questionou se virando pra mãe, séria.
- Samantha, não começa, por favor..
- Começo mãe, a senhora tem que entender que o "problema dentro de casa" é estar casada com um cara atrasado e preconceituoso.

Uma buzina pôde ser ouvida do lado de fora e Samantha saiu do quarto, ignorando sua mãe, que defendia seu pai com unhas e dentes.
Ela encontrou com Nando na rua, que estava dentro de um carro, esperando-a.
Nando usava uma camisa de botões com estampa de flores vermelhas e uma bermuda jeans escura, enquanto Samantha usava uma saia preta e um cropped de mangas compridas com uma jaqueta preta por cima e meias arrastão. Também usava uma gargantilha com uma lua crescente.

- Que cara de enterro é essa? - Nando perguntou desabotoando alguns botões de sua camisa devido ao calor que fazia dentro do carro.
- O que você acha? Minha família implicando com você - bufou - Como sempre.
- Por que você se importa tanto com isso? Não é como se eu não tivesse acostumado com família me rejeitando.

Samantha torceu o nariz se lembrando do fato de Nando ter sido expulso de casa por seus pais quando eles descobriram que ele era gay, o que fez com que ele fosse criado por sua vó, que era a única família que ele tinha.

- Não pensa nisso - Samantha tentou confortá-lo, por mais que aquela ideia só deixasse ela mesma deprimida, já que ele realmente já era acostumado com aquilo - Onde estamos indo?
- Você vai ver - Nando sorriu - Acho que você tá precisando de animação, tô te achando muito murchinha ultimamente.

Samantha ignorou e seguiu o caminho em silêncio, ela odiava qualquer rolê do Nando, mas ia por eles serem amigos, mesmo odiando cada segundo.
Chegando no destino, os dois desceram do carro e enquanto Nando pagava o motorista, Samantha percebeu do que se tratava o lugar que ele havia levado ela.

- Uma boate? - ela perguntou erguendo uma sobrancelha, olhando pra Nando enquanto ele caminhava até ela.
- Não, linda - respondeu com um sorriso, mostrando seu aparelho azul marinho - Uma boate gay.

Samantha revirou os olhos.

- E eu por acaso sou gay?
- Não, mas ninguém vai saber, olha a cara de sapata que você tem.

Samantha deu um sorriso um tanto forçado e entrou no lugar com Nando.
Lá dentro tocava uma música aleatória da Lady Gaga e algumas pessoas dançavam na pista de dança enquanto outras estavam sentadas nos pequenos sofás que tinham espalhados pelo lugar, perto do bar.

Apenas mais um clichêWhere stories live. Discover now