Depois da escola, naquele dia, a tarde se passou tranquilamente para Melinda, que foi pra casa feliz por ter feito amigas e se sentido mais poderosa que nunca, mas seu entardecer foi baseado em cheetos e "As branquelas", já que ela não tinha nenhum plano de sair de casa, diferente de Samantha.
Samantha estava de frente para o espelho se maquiando, eram 19:49 e Nando havia dito que passaria lá às 20:00, então ela estava dando os últimos retoques em si mesma antes que ele chegasse.- Onde você vai? - perguntou Andréa, a mãe de Samantha, entrando no quarto.
- Que susto - Samantha borrou um pouco seu batom, mas logo corrigiu - Vou sair com o Nando, eu disse hoje cedo.
- Você não respondeu a minha pergunta.
- É só uma festinha aqui perto, mãe, relaxa. Eu tô com celular, vai me mandando mensagem, qualquer coisa.
- Volta às nove, tá?
- Nove, mãe? Assim vou ficar nem uma hora fora, você sabe que tomo cuidado, é aqui pertinho.
- Mas melhor não, filha, o nosso bairro está muito perigoso.
- Se está muito perigoso, por que o Samuca que tem quatorze pode voltar meia noite pra casa? O problema não é pra onde eu vou e sim, com quem eu vou, não é, mãe?Andréa bufou, colocando uma mecha atrás de orelha.
- Você sabe que seu pai não se dá bem com ele - respondeu cabisbaixa - Eu só não quero problemas dentro de casa.
- Ele não se dá bem com ele ou não se dá bem com a orientação sexual dele? - Samantha questionou se virando pra mãe, séria.
- Samantha, não começa, por favor..
- Começo mãe, a senhora tem que entender que o "problema dentro de casa" é estar casada com um cara atrasado e preconceituoso.Uma buzina pôde ser ouvida do lado de fora e Samantha saiu do quarto, ignorando sua mãe, que defendia seu pai com unhas e dentes.
Ela encontrou com Nando na rua, que estava dentro de um carro, esperando-a.
Nando usava uma camisa de botões com estampa de flores vermelhas e uma bermuda jeans escura, enquanto Samantha usava uma saia preta e um cropped de mangas compridas com uma jaqueta preta por cima e meias arrastão. Também usava uma gargantilha com uma lua crescente.- Que cara de enterro é essa? - Nando perguntou desabotoando alguns botões de sua camisa devido ao calor que fazia dentro do carro.
- O que você acha? Minha família implicando com você - bufou - Como sempre.
- Por que você se importa tanto com isso? Não é como se eu não tivesse acostumado com família me rejeitando.Samantha torceu o nariz se lembrando do fato de Nando ter sido expulso de casa por seus pais quando eles descobriram que ele era gay, o que fez com que ele fosse criado por sua vó, que era a única família que ele tinha.
- Não pensa nisso - Samantha tentou confortá-lo, por mais que aquela ideia só deixasse ela mesma deprimida, já que ele realmente já era acostumado com aquilo - Onde estamos indo?
- Você vai ver - Nando sorriu - Acho que você tá precisando de animação, tô te achando muito murchinha ultimamente.Samantha ignorou e seguiu o caminho em silêncio, ela odiava qualquer rolê do Nando, mas ia por eles serem amigos, mesmo odiando cada segundo.
Chegando no destino, os dois desceram do carro e enquanto Nando pagava o motorista, Samantha percebeu do que se tratava o lugar que ele havia levado ela.- Uma boate? - ela perguntou erguendo uma sobrancelha, olhando pra Nando enquanto ele caminhava até ela.
- Não, linda - respondeu com um sorriso, mostrando seu aparelho azul marinho - Uma boate gay.Samantha revirou os olhos.
- E eu por acaso sou gay?
- Não, mas ninguém vai saber, olha a cara de sapata que você tem.Samantha deu um sorriso um tanto forçado e entrou no lugar com Nando.
Lá dentro tocava uma música aleatória da Lady Gaga e algumas pessoas dançavam na pista de dança enquanto outras estavam sentadas nos pequenos sofás que tinham espalhados pelo lugar, perto do bar.
YOU ARE READING
Apenas mais um clichê
ספרות נוערMelinda Malavassi é a típica nerd de óculos redondo e saia quadriculada, que prefere calcular o valor do X ao invés de estar como as garotas de sua idade, comprando sutiãs grandes demais e beijando garotos com sabor de vodka barata. Até que, uma mud...