Capítulo 6

83 10 8
                                    

Depois de um tempo na secretária, um coordenador mandou que Tom voltasse para sua sala de aula, que assim fez, deixando Melinda sozinha no corredor frio.
A tinta deixava seu corpo gelado e ela tremia seu lábio inferior, abraçando o corpo para tentar se manter aquecida.
O portão da escola se abriu e a Sra. Margaret entrou, dando de cara com a sobrinha naquele estado.

— Melinda? O que aconteceu? — perguntou assustada.

Melinda não respondeu, apenas encarou a tia e começou a chorar.
Margaret pegou Melinda pelo braço e foi até a diretoria, xingando Deus e o mundo, dizendo que era uma falta de respeito que deixassem algum aluno fazer aquilo com a sua sobrinha, presumindo que alguém havia jogado tinta nela.
Os funcionários não tiveram oportunidade de responder, já que Margaret apenas gritava indignada, dizendo que ia processar a escola e todo o tipo de exagero, até que novamente pegou Melinda pelo braço e foi até o seu carro.
A tinta estava um pouco seca, mesmo assim, Melinda estava relutante e envergonhada de entrar no carro da tia, ela podia acabar sujando tudo, tudo por conta de ser uma estabanada.
O caminho até a casa de Melinda foi apenas com ela quieta, em prantos, enquanto Margaret berrava o quanto estava indignada, botando a culpa inteiramente na escola.
Assim que o carro estacionou, Melinda desceu correndo, ignorando os gritos da tia, entrando na casa o mais rápido possível, onde deu de cara com Melissa e Pietra que estavam na sala assistindo filme juntas.

— Melinda? — perguntou sua irmã, já preocupada por sua tia ter tido que a buscar mais cedo na escola — O.. quê? Que isso?
— Melinda, não é assim que se pinta o cabelo — Pietra deu risada, colocando uma pipoca na boca.

Melinda correu para o andar de cima em direção ao banheiro, ela abriu a torneira e começou a tentar desgrudar os fios que estavam duros como pedra, com água.
Ela chorava de maneira descontrolada, sua respiração falhava devido as lágrimas e suas pernas tremiam.

— Melinda? — Melissa perguntou, surpreendendo-a, aparecendo na porta do banheiro, que estava aberta — O que isso significa? O que aconteceu?

Melinda não conseguia responder devido as lágrimas, ela apenas olhou para a irmã esperando por alguma palavra de ajuda, mas recebeu o contrário disso:

— Será possível que você só serve pra dar desgosto pra nós?

Melinda a encarou incrédula e soltou num fio de voz:

— O-o quê?
— Olha isso, olha pra você, que nojo. Você acha que eu quero que saibam que sou irmã da garota idiota que tomou um banho de tinta no primeiro dia de aula?
— Eu não tomei um banho de tinta porque eu quis, Melissa, eu não peguei o balde e joguei na minha cabeça.
— Mas podia ter evitado, eu jamais deixaria alguém jogar tinta em mim. Achei que você ia se resolver se se vestisse melhor e tivesse mais atitude, mas não, quem nasce pra ser um idiota, vai ser pra sempre, é melhor você aceitar que não passa de lixo.

Melissa suspirou e saiu, fazendo Melinda começar a pegar vidros de perfume no armário e do banheiro e jogar em direção a porta, quebrando-os.
Ela começou a chorar ainda mais alto, se jogando no chão e puxando seus cabelos, berrando de raiva.

— Calma, calma, Melinda, tá tudo bem — Luciana a abraçou com força, para que impedisse que ela continuasse se machucando — Isso, respira, estou aqui, já passou.

Melinda foi ficando mais calma até parar de chorar, apenas soluçando e suspirando.

— O que está acontecendo aqui? — gritou Fafá preocupada, entrando no banheiro em seguida.
— É só uma crise, já passou — Luciana respondeu sem soltar Melinda — Fafá, pegue o remédio dela, por favor e pegue uma troca de roupa também.

Fafá fez que sim com a cabeça e saiu.
Luciana levantou Melinda e a empurrou até o box do chuveiro, ajudando a tirar sua roupa, Melinda estava tão mal que não fez nada para impedir.

Apenas mais um clichêOnde histórias criam vida. Descubra agora