⊱Dois⊰

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u estava bastante nervoso.

O encontro com aquele milionário seria naquela noite. Minha cabeça estava a mil por hora. Até agora não conseguia esquecer a forma como ele me olhou na noite anterior no leilão. Seus olhos extremamente profundos me faziam querer vacilar. Aquele homem esbanjava sensualidade e eu também não fazia o tipo de hétero macho o suficiente para não admitir que outro cara era bonito.

Eu não seria menos homem por admitir que outro homem era bonito, não era como se eu quisesse provar um pouco dele. Há homens no mundo que têm muito medo de serem chamados de frágeis. Bem, ninguém é obrigado a ser como ninguém. O que tem que se ter em mente é a segurança da sua heterossexualidade. Hétero vem da palavra grega etepos que significa diferente e sexual está relacionado à sexualidade, portanto heterossexual é quem sente atração pelo sexo diferente ou oposto do seu.

Naquele dia eu não iria trabalhar, pois era a minha folga. Acordei por volta do meio dia. Assim que levantei fui andando em direção à cozinha e me deparei com Davison de avental cozinhando. Ele não percebeu minha chegada logo de cara, dançando e cantando ao som de algo em seus fones de ouvido, enquanto mexia alguma coisa com a colher de pau na panela. Eu não consegui me conter, então acabei rindo, o que me denunciou ali, fazendo com que ele parasse imediatamente e retirasse os fones de ouvido.

― Não chega assim de mansinho cara! ― disse ele aparentemente chateado.

― Desculpa! ― falei ainda rindo.

― Do que você está rindo seu palhaço?

― Nada, é só que você estava uma gracinha dançando daquele jeito!

― Não vejo graça nenhuma seu besta!

― Desculpa, eu não resisti! ― confessei.

Ele voltou a mexer a panela e agora eu podia ver que havia feijão carioca dentro dela. Dava para ver que o feijão borbulhava e a cada mexida que Davison dava, um pedaço de carne surgia e sumia na superfície do feijão. O cheiro que emanava daquela panela estava ótimo. O cheiro salpicante do tempero subia ardente até as minhas narinas. Minha mãe sempre dizia que uma comida bem temperada era facilmente reconhecida pelo seu aroma.

― Está bastante cheiroso! ― ressaltei.

Davison era um ótimo chefe diferentemente de mim. Eu fui criado em uma cultura machista onde o homem tem que ser servido por suas mulheres e nunca fazer a sua própria comida. Na minha casa, nem o próprio prato meu pai colocava, pois minha mãe o servia como uma boa serva. Além de nunca ter chegado próximo à um fogão, também nunca me interessei por aprender a cozinhar nem para mim e nem para ninguém.

Uma voz conhecida ecoou pela pela sala e e fim ouvi a porta bater. Com aquela forma de chegar, só poderia ser apenas uma pessoa. A irmã mais nova de Davison. Ela tinha total liberdade de entrar e sair a hora que quisesse daquela casa.

― Dandara! ― disse Davison assim que a viu pela abertura da cozinha americana.

― E aí seus putos! ― falou ela se aproximando.

― E aí Dandara! ― cumprimentei-a.

― E aí? ― indagou ela um tanto empolgada. ― Como vai ser hoje à noite?

― Como assim "como vai ser hoje noite?" ― perguntei confuso.

― O seu jantar com o ricaço é claro!

― Espera, você contou para a sua irmã sobre o meu encontro com o bilionário? ― interpelei irritado.

― Espera, você disse bilionário? ― inquiriu Dandara cheia de interesse.

Quem dá mais por ele?Where stories live. Discover now