⊱Dezessete⊰

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ais um dia de trabalho.

Eu estava contabilizando o caixa para fazer a soma de lucros no final do expediente. A loja já havia fechado e estávamos apenas Jachson, Guga e eu ali dentro. O portão já tinha sido fechado. Jachson varria a sujeira perto do balcão, enquanto Guga limpava a mercadoria com um espanador de penas, mas parecia nem ligar muito, com o celular em uma mão e fones de ouvido, parecendo estar em um outro mundo, como era de costume, enquanto a outra mão espanava as coisas sem ao menos sequer levantar o seu olhar na direção em que trabalhava.

Já havia refeito a mesma conta umas três vezes para ter certeza. Minha cabeça não estava muito ordenada. Eu só conseguia pensar no casamento da irmã de Henrique e no terno chique que eu iria usar feito pelo alfaiate mais caro que eu já havia conhecido na minha vida. Queria ver se realmente era tudo isso que Jean Cloud falara quando estivera com ele algumas dias atrás em seu ateliê. Faltava pouco menos de três dias para o casamento e minha cabeça não parava. Talvez mesmo com uma roupa fina, eu ainda deixaria transparecer que era um pobretão. Era algo que não poderia mudar. Os ricos se comportavam diferentemente.

Acordei quando ouvi uma batida na porta de Enrolar em aço. De longe pude ver duas pernas de uma calça social. A porta não estava totalmente fechada, apenas abaixada suficientemente para dar a sensação de que, já havíamos fechado, o que de fato tinha ocorrido. Jachson surgiu atrás de mim tocando o meu ombro.

― Acho que tem alguém ali! ― disse ele apontando na direção da porta. ― Vai lá ver quem é e deixa que eu termino isso, afinal você já está fazendo isso a meia hora e não sai do lugar!

― Bem, eu já terminei só recontei mais duas vezes para ver se estava tudo certo! ― revelei. ― Anotei o valor da última soma no caderninho, pode ficar tranquilo!

Ele assentiu e eu me levantei indo até o portão para ver quem era. Ao levantar a porta, tive um susto. Era Henrique de pé bem diante de mim com um sorriso aberto no rosto e as mãos pegadas à cintura. Até hoje acho que nunca o havia visto com outra roupa a não ser seus ternos e gravatas. Talvez fosse estranho ou ao menos surpreende vê-lo com uma outra roupa que não fosse terno e gravata.

― Henrique, o que faz aqui? ― questionei surpreso.

― Bem, vim até aqui porque acabei de ligar para o Jean Cloud e ele disse que quer que a gente vá agora lá ver o seu terno, pois já está pronto!

― Ah, eu vou só pegar as minhas coisas e volto em um segundo!

― Henrique amigo ― disse Jachson se aproximando. ― Que bom vê-lo aqui!

Guga também se aproximou sorrindo, enquanto eu revirava os olhos e ia até o balcão pegar a minha mochila, voltando logo em seguida e me juntando à eles.

― Bem, Henrique e eu estamos com pressa! ― disse cortando o assunto que nem estava tão interessante assim, estava mais para bajulações deles para Henrique.

― Foi bom ter você aqui mais uma vez Henrique! ― disse Henrique acenando com a mão e Guga fez o mesmo.

Henrique apenas acenou enquanto caminhava para o carro juntamente comigo. Abri a porta dessa vez, impedindo que Henrique o fizesse, então um pouco impressionado com a minha atitude, não questionou nada e foi até o banco do motorista. Ele deu a partida e acelerou o carro para longe dali, enquanto podia ver os olhares interesseiros de Jachson e Guga ficando cada vez mais para trás.

― Você está mesmo com pressa não é? ― indagou Henrique.

― É que eu fico nervoso com Jachson e Guga por perto. Eles são muito interesseiros. Estão loucos que você pague uma noite inteira de bar para eles se afogarem na cachaça!

Quem dá mais por ele?Where stories live. Discover now