⊱Doze⊰

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ora uma noite e tanto.

Acordei por volta das dez horas da manhã com Henrique abrindo as cortinas do seu quarto para a porta de vidro que dava para a varanda. Ele estava sem camisa usando uma calça moletom preta e com os pés descalços. Seu cabelo liso estava um pouco bagunçado, assim como o meu deveria estar naquele momento por eu ter acabado de acordar. Esfreguei meus olhos incomodado com a forte luz que agora entrava naquele recinto preenchendo-o.

Aos poucos minha visão começou a se acostumar com a claridade e eu pude ver uma bandeja sobre o criado mudo com um café da manhã recém-preparado. Havia torradas como da última vez, uma panqueca, alguns morangos bem vermelhos que me pareciam bastante apetitosos, uma xícara de café, uvas e um copo de leite, provavelmente para pôr no café, não podia cometer o mesmo erro que o da última vez. Também tinha dois pedaço de bolos cortados. Um podia ver que era de ovos o outro eu não sabia do que poderia ser, mas tinha uma coloração amarelada.

― Você está me colocando em mal costume! ― disse como uma piada.

Henrique sorriu.

― Acho que o sentimento é recíproco! ― emitiu ele com um sorriso contido.

Não entendi exatamente o que ele queria dizer com aquilo, mas não dei tanta importância assim e tentei pegar a bandeja que estava sobre o criado mudo, mas percebi que não seria uma boa ideia e interrompi a minha ação antes que pudesse causar um desastre. Henrique logo se prontificou em me ajudar com a bandeja e se aproximou, pegando-a e pondo-a sobre o meu colo. Comi um pedaço da torrada e coloquei um pouco de leite no café, dando um gole seguidamente.

― Nossa, as torradas daqui nem se comparam! ― confessei. ― São muito boas!

― É, é que compro esses pães na melhor padaria da cidade e eles ainda vem deixar na minha casa.

― Ulala. E eu aqui achando que pão era pão em todo lugar.

Henrique riu cruzando os braços e em seguida aproximando-se um pouco mais sentando na cama bem próximo aonde meus pés estavam sob a coberta. Comi mais um pouco da torrada com um gole de café. Em seguida peguei um pedaço da panqueca. Também estava divina de maneira que virei os olhos comendo, apreciando cada tempero usado ali naquela massa. Henrique me observava com atenção comendo esboçando um sorriso, esperando que eu aprovasse cada alimento naquela bandeja.

― Vem! ― chamei-o com um gesto de cabeça. ― Eu não vou comer tudo isso sozinho.

― Ah, não. Esse eu preparei especialmente para você, afinal de contas você fez por merecer ontem à noite.

Dei uma risadinha nervosa e enfiei mais comida na boca. Agora era a vez do bolo. Primeiro matei a minha curiosidade comendo um pedaço do bolo amarelo e percebi que era um bolo de milho. Era muito bom. Depois comi o bolo de ovos e não pude me esquecer dos morangos. Amava comer morangos, mas nunca os comparava por serem tão caros no mercado e agora que as coisas estavam um tanto difíceis em casa, talvez nunca mais comesse morangos, portanto tinha que aproveitar bem a oportunidade que estava tendo agora comendo todos os que estavam na bandeja.

― Você gosta mesmo de morangos não é mesmo? ― disse Henrique dando uma risada após me ver comer um morango atrás do outro.

― Hum! ― disse confirmando com um gesto de cabeça enquanto ainda mastigava mais morangos. ― São muito bons.

― De fato. Sempre escolho os com a maior qualidade.

― Bem, eu tenho que me apressar para ir embora.

― Hoje é domingo, não precisa se apressar tanto. Não trabalhamos hoje.

― Eu sei, mas não quero tomar mais o seu tempo.

Quem dá mais por ele?Onde histórias criam vida. Descubra agora