⊱Dezoito⊰

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ra o dia do casamento.

Eu me arrumava em frente do espelho completamente ávido. A cada minuto que se passava, eu só ficava cada vez mais ansioso para o momento que se aproximava. Eu ajeitava as últimas partes daquele terno. Já havia colocado a calça, camisa social interna, colete e por último o blazer, mas até agora não estava conseguindo colocar a gravata. Davison, que estava ali sobre a minha cama me observando de longe o tempo todo, confessou que também não sabia dar o nó em uma gravata. Tentei seguir todos os tutoriais possíveis na internet, mas meu nó nunca ficava tão perfeito quanto o esperado. A única solução que me restava era esperar Henrique chegar para me ajudar com a gravata, já que ele era aparentemente mais experiente no assunto que eu.

Henrique também havia me comprado sapatos caros para combinar com o terno. Não fiz a soma completa do quanto ele gastou comigo especificamente para aquele casamento, tinha medo de me assustar com o valor, como se não bastasse apenas o terno com o valor altíssimo que ele me pagou, como se fosse uma mixaria, chegando a parecer eu numa loja de roupas de dez reais.

Ouvi uma batida na porta e soube imediatamente que era Henrique, pois já estava na hora dele chegar. Já era quase quatro horas. O casamento iria começar às cinco. Precisava estar pronto logo para poder partir ou iríamos nos atrasar e a única pessoa que tinha esse direito era a própria noiva e mais ninguém.

― Acho que é o Henrique! ― disse um tanto ávido. ― Vai lá atender a porta Davison, por favor!

Davison levantou da cama e correu para fazer o que eu havia lhe pedido. Ouvi seus passos se distanciando e em seguida o barulho da porta se abrindo. Ouvi a voz dele, uma voz suave e grave cumprimentando Davison, que fez o mesmo. Pude ouvir também ele perguntando por mim e segundos depois apareceu acompanhado de Davison na porta do meu quarto. Logo que seus olhos me encontraram, seu rosto se iluminou e ele sorriu.

― Bem, vou deixar vocês aí! ― disse Davison saindo de ré. ― Qualquer coisa que precisarem basta gritar por mim que eu vou estar no meu quarto!

Com isso ele sai de vez, deixando apenas Henrique e eu, nos encarando em total silêncio. Ele sorria para mim como se tivesse ganhado na loteria, enquanto eu me sentia cada vez mais desconfortável. Seus dentes eram brancos como se fossem pequenos pedaços de leite frescos. Talvez fosse por isso que ele ria tanto. Se tivesse dentes como o dele certamente riria demasiadamente também.

― Você está lindo!

A verdade é que ele também estava bonito. Ele era bonito. Isso eu não poderia negar. As roupas finas que usava, só ajudavam ainda mais a deixá-lo à caráter. Sua barba rala estava com as linhas rentes, dando um aspecto desenhado. Aquilo ressaltava ainda mais o seu rosto e a sua beleza, mas eu não conseguia com tanta facilidade dizer o mesmo que ele me dissera. Não em um tom de voz tão alto, então apenas disse:

― Obrigado!

Ele deu um meio sorriso e jogou a cabeça para o lado. Seu olhar diretamente lançado em mim deixava meu rosto cada vez mais quente, como se seu olhar me proporcionasse energia. Sabia que estava vermelho, mas não podia evitar. Remexia a gravata com o nó desajeitado que eu havia dado para me livrar de toda aquela tensão, então me lembrei imediatamente do que eu queria pedir a Henrique.

― Ah, preciso que você me ajude a colocar essa gravata! ― mostrei a ele o meu feito desengonçado e ele não conseguiu conter uma gargalhada. ― Olhei todos os tutoriais possíveis na internet, mas o meu nó não saiu igual!

Ele aproximou-se de mim e pegou a gravata das minhas mãos, avaliando de perto o nó desastroso que eu havia feito. Ele começou a desfazer o nó que eu havia dado até a gravata voltar a ser o que era anteriormente, uma tira única com cerca de um metro. Ele se aproximou um pouco mais de mim e pôs a tira única sobre os meus ombros. Ele estava próximo de mim significativamente.

Quem dá mais por ele?Donde viven las historias. Descúbrelo ahora