𝗔 𝗣𝗼𝗻𝘁𝗲 𝗱𝗼 𝗕𝗲𝗶𝗷𝗼

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𝐃𝐨𝐦𝐢𝐧𝐠𝐨, 𝟎𝟒 𝐝𝐞 𝐉𝐮𝐧𝐡𝐨 𝐝𝐞 𝟏𝟗𝟖𝟗

Os raios de sol invadiam a casa dos Bowers mais uma vez. Pai e filho logo pularam da cama como era de costume, mas, Charlotte não. Charlotte continuava no seu mundo dos sonhos, um mundo sem mães bêbadas, ou irmãos idiotas e, com o principal: a sua avózinha. Mas, essa realidade não durou muito tempo, até o seu despertador tocar.

Entrou no banheiro, escovou os dentes e colocou um short jeans claro e uma blusa de botão com mangas curtas rosa bebê. Voltou para o quarto, pegou seu estojo de maquiagem e passou de tudo um pouco no delicado rosto. Sim, passar maquiagem naquela hora era um exagero, mas a britânica não estava nem aí. O dia estava quente, então, pra finalizar a menina prendeu seus negros cabelos ondulados em um coque.

Desceu as escadas e foi direto para a cozinha, já que estava morrendo de fome e encontrou o pai tomando uma xícara de café.

- Bom dia pai ! - A britânica disse com um sorriso mais radiante do que nunca.

- Bom dia Charlotte ! Coma ! - O homem sorriu.

- Pai, o senhor pode me mostrar onde é a farmácia, estou animada para dar uma volta por aqui.

Em seguida o homem se retirou da mesa e, abriu um dos armários da cozinha. Pegou um mapa um pouco amassado de Derry e traçou o caminho com uma caneta permanente vermelha.

- Obrigada pai ! Prometo não me perder. - Ela disse se retirando da mesa.

- Se perder ? - Henry disse surgindo no local literalmente do nada.

- É. Ela vai na farmácia pra mim. Vai aproveitar e vai conhecer um pouco da cidade.

- Você não acha que ela ainda é muito pequena pra andar assim, sozinha por uma cidade que ela nem conhece ? Eu levo ela.

A britânica apenas revirou os olhos, como fazia sempre que seu irmão queria ferrar a sua vida.

- Tome conta dela, Henry.

Em seguida os dois irmãos saíram da mal-cheirosa casa. Henry, com um olhar orgulhoso por ter feito o que havia planejado, e, Charlotte com ódio de ter seus planos estragados mais uma vez pelo irmão. Um carro azul, e muito bonito por sinal, quase mais bonito que o de sua mãe parou na frente dos dois.

O menino sentou no banco da frente, e, a menina no banco de trás, no meio de dois meninos muito estranhos. Charlotte, para disfarçar fixou seu olhar para frente, mas isso não impediu que os meninos continuassem a fazer perguntas.

- É ela, Henry ? Pelo jeito não é tão pequena assim. E ... até que é bonitinha, vai ! - Um menino com os cabelos descoloridos afirmou.

- Princesinha ? Qual o seu nome ? - Um com uma blusa amarela desbotada, um mullet preto e um sorriso medonho e misterioso perguntou.

- Charlotte. - A menina respondeu mostrando sem interesse nenhum e pedindo socorro com o olhar para Henry, que se virou para trás.

- Olha só pirralha, hoje estou sem paciência, então você vai voltar pra casa sozinha da farmácia, ok ?

A menina não via a hora de chegar logo na tal farmácia e ir pra casa logo, ficar trancada no seu quarto o dia todo ouvindo Abba e Beatles.

- Ei cara ! Pega leve, hoje é o primeiro dia dela aqui com a gente. Eu sou o Patrick, esse daqui é o Victor - Se referiu ao de cabelos descoloridos.- E aquele ali da frente é o Belch.

- E último por sinal. - O menino respondeu friamente, vendo que a britânica já havia roubado os seus holofotes.

Percebendo que a energia negativa não iria mudar, Charlotte pegou o mapa do seu bolso para confirmar se estavam fazendo a rota certa e, adivinha ? Estavam indo em direção à principal ponte de Derry. Pensou para si mesma : "Os meninos nasceram aqui, sabem o que estão fazendo."

Os cinco chegaram à ponte e pararam o carro.

- Se você sair daqui eu te dou uma surra. - Henry Bowers disse fechando a porta e trancando a irmã no carro, que apenas revirou os olhos e esperou com paciência.

Olhou pela parte de trás do carro e viu que alguëm se aproximava, lentamente. Logo reconheceu : era Patrick, o menino que acabara de conhecer.

- Ei, queridinha, sabe o nome dessa ponte ?

- Não, e, na verdade, nem quero. - Respondeu mais uma vez o menino friamente, desviando o olhar de seu rosto atipicamente assustador.

- O nome é "Ponte do Beijo". - Patrick disse, tirando a britânica do carro.

- Me solta seu ... cafajeste ! - Charlotte gritou, tentando lutar com o menino que claramente era mais forte que ela.

- O seu vocabulário britânico te faz adorável, sabia ? - Sorriu.

Então, no mesmo momento Patrick Hockstetter colocou a adolescente contra a porta do lindo carro azul e deu um beijo à força na menina, fazendo com que a mesma tivesse ânsia de vomito. A reaçã da menina foi apenas dar um chute, o meis forte que pode, no menino.

- Gatinha, você vai ser tratada assim em Derry, então, já vai se acostumando.

Logo depois disso, Patrick foi em direção aos amigos, que estavam segurando um menino gordinho contra a ponte. Charlotte não se importou com o que fariam com o ele, já que estava muito chocada com o que havia acontecido. Havia sonhado com o seu primeiro beijo a vida toda, mas, agora percebia que tudo aquilo era apenas uma ilusão. Se sentia tonta e, com ansia de vomito. Quantos germes aquela boca podre poderia ter ! Não conseguia parar de chorar e, ao mesmo tempo limpar a boca com a parte de trás da sua mão.

Trinta minutos depois, quando a dor havia passado um pouco e as lágrimas já haviam secado, a gangue voltou novamente ao carro, mas, dessa vez em tres. A adolescente nem questionou a ninguém e ficou em silencio até a chegada da farmácia.

[...]

A Extraordinária História de Charlotte Bowers (PRIMEIRA VERSÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora