𝗙𝗹𝗶𝗽𝗲𝗿𝗮𝗺𝗮𝘀

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𝐐𝐮𝐚𝐫𝐭𝐚-𝐟𝐞𝐢𝐫𝐚, 𝟐𝟎 𝐝𝐞 𝐉𝐮𝐧𝐡𝐨 𝐝𝐞 𝟏𝟗𝟖𝟗

- Querida, eu tenho uma notícia muito boa para você! Seu primo Connor vai vir passar uns dias aqui conosco - Bunch disse animadamente para a filha colocando o vermelho telefone dial no gancho.

- Ótimo! Quando ele chega ? - A menina se fingiu interessada no assunto.

- Daqui há algumas horas, espero que você goste dele. É um bom menino.

                                           [...]

Beverly parou de ligar frequentemente, os losers não chamavam-a para fazer mais nada. Seus últimos dias haviam se passado deitada na cama e filosofando sobre a vida e sobre seus problemas. Pessoas se afastavam dela por causa do irmão, então a única coisa que havia lhe restado era a solidão.

Ouviu o ruído que a velha porta da faixada fazia e continuamente vozes e risadas. Seu primo havia chegado, desceu as escadas com um sorriso realmente encantador. Viu um menino com a postura recatada e cachinhos loiros memoráveis.

- Prazer, sou Charlotte ! Sua prima !

- Oi, sou Connor - ele respondeu desviando o olhar e abaixando a cabeça.

- Papai, onde ele vai ficar ?

- Pensei no seu quarto, o que acha ? - O homem respondeu sorrindo para a filha, que parecia a cada dia ser mais doce.

- Sim senhor ! Primo, eu te ajudo - ela disse pegando a mochila e colocando lençóis em um velho remanescente colchão no seu quarto.

- Connor ! Como você cresceu, garoto - Henry apareceu no aposento como um passe de mágica, fazendo com que a irmã sorrisse vendo como ele era bom para o menino.

- E aí ? Podemos fazer alguma coisa juntos ? - Charlotte cortou o irmão, tentando ser amigável.

- Hmm ... soube que abriram um fliperama aqui, que tal ? Ia ser legal, eu acho - ele olhou para o chão novamente.

                                         [...]

Os dois chegaram ao local, haviam passado o caminho todo conversando e quebrando o gelo. A menina apenas tentava tirar da cabeça a possibilidade do "trashmouth" estar lá, já que o local era praticamente a sua segunda casa.

Viu os cabelos pretos do menino minimamente cortados de costas, já que estava com o rosto vidrado no telão em um dos ordinários jogos do fliperama. Para Charlotte todas aquelas imensas caixas tecnológicas eram a mesma porcaria e, na verdade só estava ali para distrair a mente e se mostrar simpática.

Então, respirou fundo e foi falar com o colega. Tocou um de seus ombros por trás e abriu um sorriso.

- E aí Richie ? Como andam as coisas ?

- O-oi Lottie ? Tudo bem, e com você ? Estamos sentindo sua falta lá no "Losers Club".

- Ah. Legal - a menina sentiu uma espécie de soco no estômago - esse daqui é o meu primo Connor, ele veio passar uns dias - o menino respondeu fazendo um "e aí ?" com a cabeça.

- Maneiro - Richie se mostrou desconfortável.

- Bem, você pode me ensinar a jogar um desses joguinhos aí, talvez eu até curta.

Os três passaram a tarde toda vidrados nos telões de jogos. Charlotte lá no fundo havia realmente se apaixonado por aquilo, mas não queria se assumir uma "nerd esquisitona".

De repente se viu com os olhos cansados, então decidiu sair um pouco dali e tomar um ar. Passou pela porta do escuro e mofado fliperama e foi em direção a um dos bancos que estavam na grande praça. Sentou-se ali e sentiu o calor do sol de fim de tarde abençoando-a mais uma vez. Fechou os olhos e se esqueceu de todos os seus problemas.

Alguns minutos se passaram, e logo ouviu uma voz familiar chamando-a. O céu se tornara mais azul, e a vida, mais bonita desde que reconhecera de quem era a voz.

- Stanley ?

- É - o menino disse se acomodando no banco, ao lado da menina - faz tempo que não te vejo.

- Eu não estava muito bem. Problemas, sempre eles ! Sempre me importunando - a britânica disse, fazendo com que o judeu abrisse um sorriso. Sorrisos eram raros antes de Charlotte chegar ali - vamos falar de coisas boas agora ! O que você tem feito ?

- Na verdade, tenho passado a maioria do meu tempo na sinagoga lendo o Tanakh, basicamente a "Bíblia dos Judeus".

- Ei ! Isso é bom ! Muito bom ! Não sei se estou enganada, mas é basicamente o "Velho Testamento", certo ?

- Sim - ele sorriu mais uma vez, se sentindo aliviado de ter alguém que de alguma forma.

- Eu já li todo o "Novo Testamento" na época que a vovó ainda era viva, mas depois que ela se foi eu simplesmente parei de acreditar - disse olhando fixamente para o chão.

- Bem, se você quiser - o pequeno judeu olhou com os olhos brilhando para a britânica - poderíamos ler juntos. Iria ser um pouco mais legal pra mim.

- É, ia ser perfeito. Quem sabe ? - A menina se levantou do banquinho - preciso ir, meu primo chegou aqui na cidade e, estamos no fliperama. Só vim pra cá descansar os olhos.

- Eu também estou de passagem. Amanhã nos encontramos aqui ?

- Dez horas ?

- Combinado - o coração do menino bateu mais forte.

Charlotte entrou no local mais uma vez, agora enjoada de continuar jogando. Abriu a porta e alguém passou por ela correndo e chorando por sinal. A menina não entendeu nada do que estava acontecendo até ver a gangue.

- Henry William Bowers, o que você fez dessa vez ? - Charlotte gritou no estabelecimento com todas as forças que lhe restavam.

- Aquele * de * estava dando em cima do Connor ! Pare de defender aquele bichinha - o bullier disse avançando na irmã.

- Foi você né Connor ? O menino não fez nada de errado, não é ? Fale a verdade - Charlotte se aproximou do primo - mexer comigo tudo bem, eu te tolero todos os dias . Mas agora ... mexer com os meus meninos ? Aí ja é demais ! - Ela disse dando um soco no irmão, iniciando a briga, fazendo com que o dono os expulsasse do local, continuando o "show" na frente do fliperama.

As forças da menina já estavam se esgotando, e, percebendo isso, Belch separou o atrito de vez. Charlotte viu Richie sentado no mesmo banco que estava, então logo correu para o local. Reginald continuava com os olhos totalmente fitos na menina.

- Richie ! Richie, querido ! Você está bem ? - A menina perguntou ainda um pouco ofegante.

- Acho que estou - o trashmouth respondeu tirando os óculos cheios de gotículas e limpando o rosto, tentando disfarçar as lágrimas.

- Ei ! Eu já revidei ele. Meu primo é um idiota mesmo . Isso deve ser de família - a menina tentou aplicar um pouco de humor, mesmo sabendo que nunca chegaria aos pés de Tozier - sei que essa dor que você está sentindo é muito maior que a minha.

Os dois continuaram em silêncio e fixando os olhares no chão do local.

- Só quero que você saiba que eu estou aqui, pode me contar tudo, tudo mesmo. Sei que deve me considerar só mais uma colega, mas eu te amo - a
menina disse alisando os cabelos do menino e logo abraçando-o.

Em seguida começou a chorar também, os dois se abraçaram e continuaram em silêncio. Naquele momento uma amizade nascia, uma amizade forte, que talvez durasse para a vida toda. "Em todo o tempo se tem o amigo; Mas na angústia, nasce o irmão.", e era isso que os dois estavam passando naquele momento.

[...]

Notas: Oie ! A escola está sendo bastante cansativa, então postar todos os capítulos nos dias certos está sendo bastante difícil. Espero que me entendam ! 💞

A Extraordinária História de Charlotte Bowers (PRIMEIRA VERSÃO)Where stories live. Discover now