𝗢 𝗠𝗲𝗻𝗶𝗻𝗼 𝗱𝗼 𝗔𝗰̧𝗼𝘂𝗴𝘂𝗲

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𝐓𝐞𝐫ç𝐚-𝐟𝐞𝐢𝐫𝐚, 𝐝𝐢𝐚 𝟎𝟓 𝐝𝐞 𝐉𝐮𝐧𝐡𝐨 𝐝𝐞 𝟏𝟗𝟖𝟗

As garotas acordaram e se prepararam para mais um dia. Donna, a empregada de Beverly pediu para a menina ir comprar duzentos gramas de filé no açougue, então Charlotte foi junto, planejando finalmente voltar para casa depois disso.

Ela não sabia o certo como se vingaria do irmão pelo soco e pelo vestido, a sua vontade era de botar veneno na sua comida ou algo do tipo, mas, felizmente, não era louca a esse ponto, então passou o caminho inteiro olhando para o chão, pensativa no assunto.

Até que o inesperado aconteceu: Henry e sua gangue passaram pelas duas meninas, que apenas reviraram os olhos em total sincronia.

- Bom dia, irmãzinha, levantou cedo hoje ! Ainda não acredito que dormiu na casa dessa *, você é tão inocente ... - o menino disse saindo do luxuoso carro azul com Victor, enquanto Belch, continuava no lugar onde estava.

A única reação da menina foi cochichar algo não audível com a amiga, fazendo com que ambas dessem risadas.

- Uma princesa como você não deveria fazer essas grosserias, Lottie - Victor Criss, o de cabelos descoloridos disse brincando com os cachos da menina.

- Não sou "princesinha" de ninguém, seu idiota - a britânica revidou.

- Um dia com a Beverly e você já está assim ? Meu velho vai amar saber disso - Henry disse agaixando na intenção de ficar do mesmo tamanho que a irmã e dando um sorriso malicioso.

A ruiva apenas olhava para a britânica com um olhar de compaixão. Na verdade conseguia se ver ali, no lugar da amiga. O mais encantador e ao mesmo tempo tenebroso de toda essa história é que, por algum motivo duas as encontraram refúgio, uma na outra. Vemos como é possível encontrar refúgio na dor.

Belch (arroto) Huggings, ou Reginald, era o único que permaneceu no carro, estava com um olhar de revolta como na maioria das vezes. Charlotte nunca percebeu muito nele. Filho de dois médicos legistas que investigavam o motivo desses desaparecimentos na cidade de Derry e, volta e meia recebiam corpos com arranhões e mordidas misteriosas, era o menino mais rico do grupo e, de fato o único que sabia dirigir.

Seu nome verdadeiro era "Reginald" e, nao "Belch"(arroto). Chegou na cidade com seis anos por causa de uma ótima proposta de emprego para seus pais e, aos treze entrou na Bowers Gang.

Seus pais sempre conversaram muito com o menino e o alertaram sobre as escolhas que fazia, mas ele sempre era influenciado pelos amigos. Era uma pessoa boa, de fato, mas o tempo o fez ser o vilão da história.

- Henry querido, foi muito bom bater esse papinho com você, mas agora eu e a sua irmã realmente temos que ir andando, tchauzinho - Beverly disse puxando Charlotte pelo braço e apertando o passo.

- Obrigada Bev, fugimos deles mais uma vez !.

[...]

As duas meninas chegaram rapidamente ao açougue, onde um menino negro, muito sorridente e da mesma faixa etária atendeu as duas.

- Bom dia ! Duzentos gramas de filé, por favor.

- Sim senhora - o menino respondeu, feliz em finalmente ver pré-adolescentes como ele.

- Você é novo aqui ? Não me lembro de te ter visto outras vezes.

- Na verdade não. Moro na fazenda do meu avô e, comecei a trabalhar aqui agora, por isso não deve me conhecer.

O menino não conseguia tirar os olhos de Charlotte, que, olhava para o chão. Os dois realmente seriam um casal muito fofo, mas a menina não tinha cabeca para o amor agora. Beverly, percebendo a atração do menino pela sua amiga, decidiu deixar os dois a sós.

- Pode me dizer onde tem um banheiro ?

- Naquela porta, à esquerda - o menino respondeu, colocando os pedaços desejados em uma balança, e tentando puxar assunto com sua paixão a primeira vista - mora aqui faz tempo?

- Por incrível que pareça, não. Só estou passando o verão com o meu pai e, na verdade é a minha primeira vez aqui, na cidade - a britânica disse sorrindo.

- É, dá pra ver pelo seu sotaque. Deixa eu adivinhar ... Inglaterra ?

- Exato ! Venho de Londres, cidade muito agitada, e, ainda estou me acostumando com a serenidade daqui. Deve ser legal morar em uma fazenda.

- Acredite ! Não é bem assim. O meu sonho é ir pra Flórida - o menino disse, enquanto a ruiva voltava do banheiro, satisfeita de que seu plano havia dado certo.

- Aqui está - o menino entregou um pacote para Beverly.

- Obrigada !

- Espera ! Até me esqueci de perguntar seu nome - Charlotte interrompeu.

- Michael, Michael Hanlon. E o de vocês ? - Perguntou claramente se referindo à Charlotte.

- O meu é Beverly.

- Meu é Charlotte,Charlotte Bowers - a menina disse, fazendo o menino arregalar os olhos - nos vemos por aí, Mike.

As duas saíram da loja, deixando o local triste outra vez. O menino apenas observava as duas meninas de costas. Agora, ele jamais conseguiria esquecer Charlotte outra vez, mas, ela provavelmente era irmã do seu pior inimigo. E se ela apenas estivesse debochando dele ? Bem, esquecê-la seria a melhor solução.

- Eu odeio, odeio de todo o meu coracão o meu sobrenome - a menina disse, indignada - nunca mais digo que sou uma Bowers para ninguém e, quando eu voltar para casa vou passar a me chamar "Charlotte Elisabeth Jackson".

- Mas, voce sabe que o Michael não arregalou os olhos por causa do seu irmão né ?

- Lá vem história !

- Há muitos anos atrás, seu pai ficou revoltado por uma família de negros ter se mudado para Derry, então invadiu as terras deles e matou todas as galinhas. Alguns dizem que ele até desenhou uma suástica no chão do terreno - Beverly contou a história achando que a sua amiga fosse ficar surpresa, mas, de alguma forma ela não se surpreendeu.

- Então quer dizer que o meu pai além de grosso e porco é racista e nazista ? - Ela parou e respirou fundo.

- Mas não termina por aí. Um ano depois a fazenda foi incendiada, fazendo que um casal morresse. Os únicos sobreviventes foram o filhinho do casal e o seu avô. Todos desconfiam que o autor do crime tenha sido o seu pai e, já que ele trabalha na polícia pode ter se livrado da pena.

- Espera ... o papai pode ter assassinado os pais do Mike ? Aí meu Deus ! Como eu vou sobreviver até o final do verão aqui ? Me explica Beverly  ! - A menina gritou no meio da rua e comecou a chorar de raiva da sua vida.

- Eu não deveria ter contado isso para voce, né ? Olha ... só esquece isso! São só boatos e ... sabe como cidades pequenas são - a menina disse começando a mexer no seu bolso - aqui estão - ela entregou dois convites para o baile na mão da amiga, que reagiu abraçando-a e esquecendo um pouco seus problemas.

[...]

A Extraordinária História de Charlotte Bowers (PRIMEIRA VERSÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora