Capítulo 11: Renata Martins

77 29 58
                                    

RENATA MARTINS

A lanchonete não estava muito cheia. Três mesas ocupadas, cada uma com duas pessoas. E, todas foram atendidas. Aqueles que haviam chegado para tomar o café da manhã tinham ido embora. E, como estava sem nada para fazer, fiquei sentada em uma mesa junto com meu irmão, Pedro e Cecília. Minha amiga contava como foi a conversa com Kamilly em sua casa (como eu imaginava, Cecília quase surtou).

Depois do show, na sexta feira, Pedro me contou o que havia feito para ajudar Cecília. Nunca, nem em meus melhores sonhos, eu poderia imaginar Paulo sendo amigo do empresário da Kamilly Kessyly (nem Pedro, ele me falou). Meu melhor amigo poderia ser amigo dela e de tantas outras pessoas famosas. Mas, ele preferiu fazer amizade com dois garçons (que trabalhavam na lanchonete dos próprios pais) e de uma aspirante a cantora. Quando me dei conta, a vontade que eu tinha era de dar um abraço nele (e nunca mais soltar).

Lembrar da minha conversa com Pedro, depois do show, me fez recordar de algumas lembranças terríveis. Lembranças que eu queria esquecer. Mas, mesmo que eu esquecesse, ela não esqueceria. E seria pior. Era melhor eu falar com ele. Mas, em outro momento. Quando tivermos a oportunidade de ficarmos sozinhos.

Cecília explicou tudo, com o máximo de detalhes que podia. Meu irmão ficou levemente incomodado quando ela decidiu agradecer Pedro com um abraço. Confesso que eu também fiquei. Acho que Pedro estava gostando dela, mais do que uma simples amizade. E, quem sofreria com essa história seria eu. Eu e meu irmão.

— Olha, Renata. Chegaram mais dois clientes. É melhor você ir atender. — Pedro falou.

Olhei na mesma direção que ele olhava. E vi um homem entrando com um garoto. Os mesmos estranhos que conversavam com Paulo depois do teatro. Os dois sentaram em uma mesa próxima da porta. Iria perguntar ao meu amigo quem eram.

Porém, eu percebi que havia alguma coisa errada. Olhei para Pedro, e analisei sua expressão por alguns segundos. Era o mesmo Pedro, meu amigo, que estava na minha frente?

— Que foi? — ele perguntou.

— Você? Me pedindo para ir atender alguém? Normalmente acontece o contrário. Quem é você? O que você fez com meu amigo?

— É que… é… — Pedro começou a gaguejar. Ele não era de agir assim. Havia algo de muito errado — É que… eu falei isso porque você pode atender logo e ficar livre para conversarmos. Mas, se você quiser continuar aqui, por mim, tudo bem. Eu até prefiro.

Não sabia se acreditava em sua desculpa. Até porque Karol e tia Gizelly também trabalhavam nas manhãs de sábado. E, eu estava tão concentrada na história de Cecília, que não me importaria de deixar uma delas ir atender.

Porém, Pedro deu um sorriso. Um sorriso que fez com que qualquer dúvida sobre o que ele falava ser mentira ou não sumisse. Um sorriso capaz de me fazer esquecer até o meu nome, onde estava e o que estava fazendo. Um sorriso que fazia qualquer uma se derreter por inteira.

Por que ele gostava de fazer isso comigo? Por que ele achava divertido me deixar confusa? Às vezes, eu tinha certeza de que ele era completamente apaixonado por Cecília. Mas, quando ele olhava e sorria para mim, me abraçava, me dava beijos na bochecha ou pegava minha mão, uma chama de esperança se acendia dentro de mim. E me fazia imaginar em um universo perfeito. Com ele ao meu lado. E ele me fazia acreditar que era possível.

O que não era.

Meu irmão ficou sério na mesma hora. E eu tentei me manter no controle. Eu não podia (nem deveria) me derreter, como um sorvete depois de ficar horas no sol, por ela. Pedro era meu amigo. E, talvez, estivesse gostando da minha melhor amiga.

Sonhos Possíveis [Concluído]Where stories live. Discover now