Três

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Logo as notificações das mensagens apareceram, mesmo com a internet mais lenta que o normal, resolvi tentar visualizar. Qual seria o interesse dele por mim? Pensei soltando o ar de forma pesada.

@_blackstyles: porque me pediu para voltar?

@louis91: talvez para tentar entender o que você quer comigo?

@_blackstyles: olha cara, eu te dou unfollow novamente e fingimos que nada aconteceu, pode ser?

@louis91: espera

@louis: podemos tentar de novo ok?

@_blackstyles: tudo bem, vamos do inicio, meu nome é Harry Styles muito prazer e o seu é Louis...?

@louis91: Tomlinson. Louis Tomlinson, muito prazer. O que faz por aqui?

@_blackstyles: tentando me distrair e você?

@louis91: apenas desabafando

@_blackstyles: quer me contar dos seus problemas?

@louis91: um pouco cedo não?

@_blackstyles: realmente. Bom, eu vou até a casa de um amigo, até mais Louis

@louis91: até mais

Estranho. Era a única coisa que eu conseguia pensar sobre isso, a conversa se saiu melhor do que eu imaginava, talvez ele fosse diferente. Pela primeira vez em anos coloquei uma playlist mais animada e comecei a cantarolar alguns versos me sentindo um pouco mais feliz. Olhei as marcas do meu pulso, a única forma de alivio na minha vida. Senti fome, afinal não havia almoçado e então, desci em busca de algo para comer. Como sempre sozinho. Tinha horas que eu acreditava que eu morava sozinho, pois nenhuma das fúteis das minhas irmãs parava em casa, minha mãe muito menos ou quando estava em casa ficava no seu estado mais alterado possível. Minha casa se resumia no meu quarto. Peguei umas guloseimas e um refrigerante, não ligava muito para o que eu comia, afinal se eu quisesse ter uma alimentação saudável eu mesmo teria que me colocar a frente do fogão e preparar e com certeza cozinhar não era uma tarefa que me agradava. Subi ajeitando todas as coisas no criado mudo e deitei ouvindo as batidas pesadas da bateria em um rock que tocava. Fiquei ali até que o silencio tomasse conta e resolvi ir fazer minhas tarefas para o dia seguinte. Por não ter vida social eu sempre passei a maior parte do tempo estudando (até descobrir o twitter), sempre tiro notas boas, mais um motivo para o ódio de alguns por mim.

Ouvi o telefone tocando e desci apressado, era raro receber ligações e normalmente eram noticias ruins.

- Sr Tomlinson?

- Sim?

- Aqui é Trisha, da rua ao lado. Eu queria avisar que sua mãe esta deitada no meu jardim pedindo para que Louis venha busca-la.

- Oh não, eu já estou indo.

Trisha havia se mudado para cá havia uns três anos. O filho dela se chama Zayn e ele é muito legal, ele estuda em um colégio do outro lado da cidade, mas as poucas vezes que falei com ele tudo ocorreu muito bem. Sai com a roupa que eu estava e fui correndo em direção à casa da mesma. Já estava acostumado a ter que ir atrás da minha mãe, era comum, como ir ao mercado comprar pão. Na maior parte das vezes ela ficava deitada em um gramado gritando meu nome ou chorando depois de ter bebido tudo o que ela (e até o que não tem) direito. Às vezes as coisas ficam mais sérias, pois ela tem surtos e a agressividade dela aflora, então eu preciso chamar os enfermeiros de alguma clinica para aplicar uma injeção calmante. Eu nunca quis que ela fosse internada por acreditar que ela melhoraria tendo a nossa companhia a sua volta, mas não foi bem assim. Minhas irmãs começaram a se envergonhar quando minha mãe surtava e foram se distanciando, otárias.

Encontrei-a deitada em meio a uns arbustos e a ajudei a se levantar. Pedi desculpas a Trisha e fui o mais rápido possível para casa, afinal já estava escurecendo. O cheiro de álcool que ela exalava me deixou semi embriagado, era horrível ver sua própria mãe nessa situação. Entrei e a deixei na porta do banheiro.

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