Sete

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Sai de casa e fui até a loja, afinal ela ficava no caminho que eu estava percorrendo. Em aproximadamente menos de dez minutos sai de lá com boas noticias. Amanhã pelas exatas 13h eu começarei a trabalhar, me sinto empolgado, pois amo aquela loja e lá no fundo sempre quis trabalhar nela ou até mesmo passar semanas por lá, apenas fuçando e remexendo os CDs das bandas ótimas que a mesma possuía e agora eu iria realizar meu mini sonho.

O relógio indicava que eram 15h45min, em 15 minutos eu daria um grande passo. A dor era evidente e ao mesmo tempo um alívio. Minhas mãos estavam banhadas pelo suor, minhas pernas trêmulas e o coração palpitando de forma rápida. O nervosismo era aparente.

- Lou?

- Lottie, até que enfim, vamos?

- Claro.

Entrei observando a fonte que trazia um cisne alimentando seus filhotes e a sua volta uma longa parede de arbustos, era aconchegante, trazia paz e calmaria.

Avistei a sala com a placa indicando que ali era a recepção, então dei duas batidas leves e adentrei o cômodo.

- Pois não? - uma mulher com aproximadamente vinte anos, com seus fios de cabelos marrons presos em um coque e com uma roupa formal falou logo em seguida em que me avistou na entrada da recepção.

- Eleanor não é? Eu liguei mais cedo, tenho horário marcado com Des. - respondi, caminhando até o balcão onde a moça estava, ficando com os cotovelos apoiados no mesmo e esperando ela falar algo.

- Ah claro, vou avisa-lo sobre sua chegada. - a garota respondeu pegando um telefone preto no guincho e discando alguns números.

- Oh, obrigado. - agradeci olhando para ela, logo em seguida desviando o olhar para as minhas unhas roídas e meus pulsos cobertos de pulseiras de todas as cores possíveis e impossíveis para destaca-las em vez de destacar meus pulsos que permaneciam com cicatrizes.

Eu estava tão nervoso que não prestei atenção nos traços leves e delicados da garota. Logo a voz fina me fez despertar:

- Des está te aguardando, vamos?

- Ah sim, vem Lottie.

Andei através do longo corredor com Lottie ao meu lado e a Eleanor andando em nossas frentes, nos guiando até o escritório do patrão. Logo vendo a porta entreaberta, respirei fundo e entrei sentindo um leve afago de Lottie nas minhas costas, sorri levemente e observei o senhor com alguns fios de cabelos brancos em meio aos fios marrons que estava a nossa frente sentado em uma enorme cadeira preta e majestosa.

- Boa tarde Louis. - o senhor, Des, disse simpaticamente.

- Boa tarde Sr. Des. - eu falei com um tom um pouco nervoso.

- Me chame apenas de Des, o Senhor me envelhece mais do que eu já sou. Vamos dar uma volta para conhecer o espaço? - Des, disse sorrindo abertamente com seus dentes brancos e brilhosos.

- Ok Des.

Andamos por todo o local conhecendo a ala de recreação, onde alguns pacientes estavam, alguns dos quartos, a equipe de enfermeiros, fui apresentado cautelosamente a tudo e todos. Voltamos à sala e eu pude me sentar novamente me sentindo um pouco cansado. Fiz uma nota mental para deixar o sedentarismo de lado e começar a me exercitar.

- Bom, vocês gostaram?

- Sim e muito, acredito que minha mãe ficara segura aqui - Pela primeira vez desde que entramos Lottie se manifestava.

- Podemos ir busca-la amanha mesmo caso queiram.

- Seria ótimo, eu quero vê-la limpa de tudo isso e com seu comportamento normal o mais rápido possível.

- Não será da noite para o dia, mas a espera valera a pena.

- Eu acredito que sim.

- Vocês podem ir até a recepção com a Eleanor ela está com o contrato e passa mais detalhes.

- Muita obrigada Des - Lottie disse em um agradecimento sincero e eu apenas assenti com a cabeça, também com um sorriso em meus lábios, demonstrando gratidão.

Ambos tivemos que assinar para comprovar que aceitamos as condições propostas, em menos de um dia minha mãe estaria ali. Em menos de um ano minha mãe voltaria ser a Jay que nós estávamos acostumados.

- Bom, eu vou indo Lou, eu preciso ver como estão às coisas lá em casa.

- Você esta na casa do seu namorado, não é?

- Sim, porque?

- Por nada, apenas curiosidade, bom, então até mais, mande um beijo para Fizzy.

- Eu mando, até mais.

Não havia reparado, mas já estava escurecendo e havia algumas estrelas pelo céu, formando um lindo cenário. Passei praticamente três horas dentro daquele lugar. Fui direto para casa e gastei todo o percurso pensando como seria daqui para frente. Resumindo apenas estudar, trabalhar e morar sozinho, finalmente ter a sonhada liberdade.

Segundo Des o processo de recuperação da minha mãe não seria tão demorado, a principio ela vai passar por uma desintoxicação e depois começar uma rotina incluindo os remédios, atividades físicas e recreativas, os resultados serão visíveis após três meses.

Fiquei impressionado com as atitudes sensatas de Lottie, ultimamente ela age como se tivesse cinco anos e as coisas não são assim. Agora eu acredito que ela vá querer voltar para casa, eu não posso negar que eu sinto falta da companhia dela, mas tudo o que ela já me disse machucou muito (e ainda machuca), mesmo assim todo ser humano é feito de erros e quando se há o sincero arrependimento deve se haver a consideração e o perdão.

Cheguei na esquina e vi um garoto alto e com cabelos cacheados conversando com Liam e logo após entregando uma sacola, não dei muita atenção e continuei tentando ver de quem se tratava, cheguei mais perto e ele saiu não olhando para os lados, apenas seguindo o caminho até o carro que estava estacionado na garagem da minha casa. Cheguei perto de Liam e sem cumprimentos rapidamente o questionei:

- Liam quem era aquele garoto?

- Era somente o Harry, ele veio trazer umas roupas minhas... Por quê? - Liam falou entediantemente, mas mesmo assim com um tom confuso em sua voz.

- HA - HARRY? - senti minha respiração faltar por um minuto e falei um pouco alto demais, com os meus olhos arregalados.

- Sim bro, ele mesmo, qual o problema? - Liam ficava cada vez mais confuso e com um olhar de dúvida.

- Nenhum, enfim, vamos entrar. - tentei dar de ombros, mas ainda parecia chocado.

- Sim, aproveita que a pizza chegou agora pouco. - Liam deu de ombros, falando e logo em seguida abrindo a porta.

Entrei e fui diretamente para o meu quarto, troquei minha roupa e coloquei algo mais confortável. Passei na frente do quarto da minha mãe e ela dormia como um anjo, perturbado talvez, mas ainda era um anjo. Cheguei próximo a sua testa e depositei um beijo agradecendo por não ter acordado.

Desci e encontrei Liam segurando um pedaço de pizza com as mãos enquanto o devorava e com a outra mão trocava o canal em busca de algum filme. Comi silenciosamente enquanto minha mente pensava no dia de amanhã, eu teria que faltar da escola, pois algumas pessoas da clínica viriam na parte da manhã para pegar minha mãe e leva-la definitivamente para lá.

Tudo estava tranquilo até eu entrar no twitter e ver que havia quatro mensagens de ninguém menos que Harry Styles. Senti meu coração bater forte sem motivos aparentes e li atentamente.

@_blackstyles: hey blue eyes boy

@_blackstyles: eu te vi hoje, você é tão pequeno, não que isso seja ruim

@_blackstyles: fiquei sabendo que sua mãe vai ser internada na clinica do meu pai

@_blackstyles: agora eu sei onde é sua casa, até mais

Twitter DepressionDonde viven las historias. Descúbrelo ahora