Capítulo 13 - Serena

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O pagode rolava solto atrás deles. Ela não estava muito habituada aquele tipo de música. E admitia, tinha um pouco de saudade do sertanejo, da viola...do Sul. E claro, do frio, porque aquilo dali não era calor, era o inferno.

Serena abanou os cabelos que teimavam colar em sua nuca. O pouco vento que passava por ali nem refrescava. Pelo contrário, parecia colocar fogo no parquinho. 

Na frente da piscina as pessoas se amontoavam para dançar e prestigiar o grupo, que agora tocava uma música chamada Pirata e Tesouro (Ferrugem). Serena nunca tinha escutado falar, mas acompanhar aquela letra era exatamente o mesmo que lembrar do relacionamento que tivera com Hector. 

- Hipocrisia é pintar amor só de faixada, quando chega em casa cada um vai pro seu lado. Não tem cheiro, nem abraço, nem carinho. Boa noite sem beijinho, dorme junto, separado... – O vocalista cantava.

Serena fizera de tudo para sustentar o relacionamento deles. Mesmo quando viajava, mandava presentes, declarações no facebook... E aquela casa que construíram com o dinheiro do trabalho duro dela? Hector tinha batido tanto o pé para fazer uma casa gigante...talvez para ficar o mais longe possível dela, porque quando chegavam cada um ia pro seu lado. Na maioria das vezes só se encontravam durante o dia quando ele precisava exibi-la em alguma reunião de trabalho.

E na hora de dormir? Se deitar com Hector era estar ao lado de um completo desconhecido. Serena suspirou, triste. Engraçado que dormir com Bruno, que conhecera a poucos dias, a fizera se sentir mais em casa do que já experimentara em toda vida. 

Como a música dizia, o amor dela e de Hector era mais pirata do que tesouro. E a verdade é que talvez nunca tivesse provado tanto desamor. E não em virtude de Hector, mas dela mesma. Quando foi que tinha renunciado à própria felicidade e o amor que tinha por si?

Porém, na vida nada é em vão. E Serena estava tendo cada vez mais certeza que de precisou daquele choque da realidade para fugir de Hector e o amor pirata dele.

- Ei! Serenaaa... – Michele passava a mão na frente de seus olhos. – Ah, até que enfim voltou. -Quanto tempo ela estaria naquela viagem? A colega deu uma risada aguda. – Vamos, é a sua vez.

Todos os olhos encaravam Serena, que engoliu em seco. A garrafa de Skol no meio da mesa  apontava a boca para ela e o fundo pra Farley, que tinha um sorriso travesso nos lábios.

- Então... donzela. – Farley olhava para cima, procurando dentro da cachola suas possibilidades.

- Pega leve, bonitinho. – Foi Guilherme quem o alertou. Farley deu uma risadinha macabra. Fosse ou não brincadeira, Serena sentiu um calafrio percorrer a pele.

- Verdade ou desafio? – O loiro perguntou.Serena não sabia o que era pior, mas a verdade estava fora de questão, ainda mais levando em conta que sua estadia ali estava envolta em mentiras e segredos.

- Desafio. – a voz dela soou decidida. Decidida demais. O pessoal deu um uivo desafiador.

- Isso, garota! – Foi Michele quem incentivou.Serena se remexeu desconfortável na cadeira, rezando para que sua expressão não transparecesse seu medo.

- Vou pegar leve com você... – Farley disse na mesma hora em que Bruno vinha pisando duro com a morena ao seu encalço.Bruno se sentou ao lado de Guilherme, a mulher sentando-se ao seu lado. 

Apesar dele estar com as sobrancelhas franzidas, parecendo bravo, o modo como a morena olhava pra ele feito uma gatinha ronronando já dizia tudo. E ter ciência de que Bruno transara com uma mulher qualquer a deixara enojada.

Rebeca também devia compartilhar do mesmo sentimento, porque cruzou os braços na frente do peito, meneando a cabeça. Renato, sentado ao lado de Rebeca, parecia relaxado, com os  olhos claros fixados em Serena.

Me Deixe Amar Você - Livro 1 Duologia Amor em JogoWhere stories live. Discover now