Voltar para casa jamais tivera um significado especial. E a saudade nunca batera tão rápido por alguém que se havia visto poucas horas atrás.
É, estar apaixonado é foda.
Bruno tamborilou o dedos no volante, ainda dentro do carro estacionado na garagem. Tinha acabado de chegar do treino, e o motivo de se deter quando queria correr para os braços dela, era justamente esse: estava completamente aterrorizado com o que sentia.
Ele inspirou fundo, decidindo sair do casulo e entrar em casa. Porque no final, não importava a batalha interna que travasse entre mergulhar ou não naquela relação, sempre acabaria caindo.
O barulho de seus passos o denunciou quando entrou na sala, onde Serena estava sentada como uma menininha. Os pés debaixo do corpo, os olhos na televisão e o sorvete no colo.
No entanto, a cena que ele se habituara a ver e enchia seu coração daquele sentimento louco, se esvaiu assim que os olhos dela cruzaram com os dele.
Alguma coisa tinha acontecido.
Sem trocar uma palavra sequer, ela colocou o pote de lado e correu para os seus braços. Bruno a abraçou forte, apertando-a contra o peito.
Serena o soltou. E os olhos tristes que o fitavam deslizaram para sua boca, um segundo antes de beijá-lo.
Os lábios se encontraram num beijo doce e lento que ele aprofundou, provando o gosto de pistache que a língua gelada dela oferecia. Os dedos de Serena se fecharam em sua nuca, ao mesmo tempo em que desfazia o coque frouxo para sentir a sedosidade dos cabelos dela.
Contudo, o que era pra ser um cumprimento, se transformou. Ela parecia desesperada, e ainda que também estivesse pronto e sedento, queria entender o que estava acontecendo.
Bruno a separou de si.
- O que houve?
Serena engoliu em seco, meneando a cabeça. Ele esperou por uma resposta que não veio.
- Me diz.
- Bruno...
Ela desviou os olhos, demonstrando que era mais sério do que aparentava. Bruno segurou o queixo dela.
- Serena, no segundo dia em que esteve aqui, combinamos que seríamos totalmente sinceros um com o outro. Sem segredos.
- Eu sei.
- Então me diz.
Ela suspirou, se desvencilhando de seu toque para virar-se de costas. O coração dele disparou dentro do peito, atiçado pela ansiedade que aquele comportamento incutia.
Finalmente Serena o encarou novamente, os olhos claros o mirando com expectativa.
- Se você precisasse esconder algo de mim para me proteger... o que faria?
Ele franziu o cenho.
- Como o quê?
- Qualquer coisa... – ela devolveu receosa. – Só me diga o que faria.
- Não sei. - deu de ombros. - Provavelmente diria a verdade.
- Mesmo que fosse algo que me magoasse muito ou me deixasse... revoltada?
Ele pendeu a cabeça, observando-a balançar as sobrancelhas sugestivamente.
- Serena, não estou entendendo aonde quer chegar. Está supondo que eu fiz algo para te deixar assim?
- Não, não é isso! Eu só preciso saber se você iria me contar.
- É claro que sim. – abriu os braços – Eu te conto tudo, e até o que não quero dizer você consegue me fazer falar.
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Me Deixe Amar Você - Livro 1 Duologia Amor em Jogo
RomanceBruno Toro é um jogador, não só de futebol, mas da vida. Pra ele, a única coisa que merece importância é o seu trabalho, e o que resta de sua família. E bem...Mulheres. Mas, isso a carreira e a fama lhe davam de bandeja. No auge de sua carreira, tud...