Capítulo 27 - Bruno

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Sentada em cima da bancada, Serena estava linda. 

Os lábios avermelhados se encontravam entreabertos, como se não acreditasse em tudo o que ele havia dito. Os fios cor de ouro formavam ondulações ao redor do rosto, emoldurando ainda mais a beleza. E os olhos...

Puta que pariu.

As pigmentações azuis e verdes o observavam atônitos, completamente perdidos. Do mesmo jeito que ele se encontrava.

O vestido que ia até as coxas agora estava embolado perto do quadril, revelando a calcinha vermelha.

Bruno apertou os olhos, custando acreditar que a parte mais escura do tecido significava que Serena estava molhada. Seu pau pulsou dolorosamente, lembrando-o de que estava tão pronto quanto ela. 

- Droga. – blasfemou, perpassando os dedos pelos cabelos enquanto ia a passos rápidos para o quarto.

Bruno deitou na cama, desejando desaparecer sob o colchão.

A imagem deliciosa de Serena rebobinava infinitas vezes na sua cabeça, como um sonho que jamais poderia ser realizado.

Estava sendo castigado, e sua punição pelas escolhas erradas durante toda a vida era essa: estar ao lado da mulher mais doce do mundo, e não poder tê-la.

Serena era uma flor. E como tal, ser cortada sem ser replantada, significaria que murcharia até a morte. Ele era o ser humano inconsequente, que sem observar os cuidados necessários, estava prestes a sucumbir ao desejo de ter para si algo que não poderia ser de ninguém. Só da natureza.

Bruno precisava seguir o conselho de Bia: entender o que sentia e escolher o que queria.

O problema? Não fazia ideia do que estava sentindo. Talvez porque não conseguisse enxergar outra coisa, senão o desejo. Talvez porque o sentimento dessa vez era inédito, algo nunca antes experimentado por ele.

De toda forma, não poderia sucumbir sem entender o que estava acontecendo. 

Porém, lutava contra o tempo. A cada segundo que passava, o tic tac o espremia a fim de tomar decisões. Se você não faz a escolha, alguém escolhe por você. E ele estava arriscando colher algo que não teria plantado. 

Fechou os olhos, rolando para o outro lado. Era só concentrar e entender. Não devia ser tão difícil. 

Respira, Bruno. Só respira...

O perfume floral impregnado na fronha voou até sua narina, trazendo a imagem de Serena novamente. Ele resmungou, tentando ignorar a mente que o apresentava um leque de perguntas mais urgentes. 

Onde ela estaria agora? Dormiria sozinha? Na verdade, conseguiria ele dormir sozinho?

Praguejou mentalmente, se levantando da cama a contragosto com seu travesseiro debaixo do braço.

Bruno saiu, passando pela sala e cozinha para procurá-la. 

Ninguém. Nem sinal da gata, também. 

Ele girou nos calcanhares, seguindo para o quarto dela.

- Serena?

Adentrou o cômodo com a porta entreaberta. O ambiente estava escuro, somente com a luz bruxuleante do abajur ao lado da cama acesa. 

A gata estava recolhida em cima do cobertor, e Serena... os olhos dele escorregaram pelo quarto, encontrando-a sentada no parapeito da janela aberta.

Ela estava de perfil, e tinha os olhos fechados e os ouvidos tampados por fones. Sua cabeça erguida balançava em um ritmo imaginário e lento.

Bruno ficou observando os detalhes dela à meia sombra.

Me Deixe Amar Você - Livro 1 Duologia Amor em JogoWhere stories live. Discover now