Cap.10 Um Olhar Misterioso

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Seguir uma trilha que é coberta de neblina ao por do sol, com uma suave brisa que trazia o som da conversa dos corvos ao escurecer, partindo para um reino que até pouco tempo era uma ameaça, e tão sombrio como a própria escuridão. Na minha humilde opinião não foi das melhores decisões do futuro rei, rejeitar quem sempre fizera sua guarda pessoal, que em situações de eventuais ameaças a continuidade do reino, usariam de todas suas habilidades, e o defenderiam a qualquer custo, sem exitar dar as suas vidas.

No que então, mostrou-se o príncipe autónomo diante do seu pai, trocando as Jasps, que de início deviam com ele seguir ao reino de Zac, pelos seus amigos que depois de defenderem o seu reino durante a guerra, ganharam a honra de serem chamados Zeus.

Decidido partiu Kayn para Khóblak, convicto de que voltaria com uma aliança que finalmente traria paz a seu povo. O que de certa forma era caricato, partir seguro, por uma trilha, e para um reino, onde podiam existir de tudo, menos certezas. Alguém queira que o príncipe e seus companheiros cheguem ao seu destino antes que o sol se ponha. Pois eles terão de escolher, passar a noite numa trilha onde ameaças inimagináveis podem surgir inesperadamente, ou num reino, coberto de traições, e segredos a ponto de serem descobertos, que chegam a gerar arrepios e mudarão por completo a vida dos envolvidos.

— Ainda não acredito que o senhor convenceu o rei em fazer de nós a sua guarda pessoal. — Disse Oryon, que estava sentado do lado de seu príncipe no canto da fechada e reconfortável carruagem.

— Senhor? - Rebateu Kayn. — Guarde isso para quando estivermos diante de outras pessoas, entre nós, grandioso soberano já basta. — Concluiu, colocando-se a rir com o Oryon.

Enquanto a alegria pairava no fundo da carruagem de aparência peculiar, de cor escura, e evidentemente fechada para que não se pudesse identificar quem nela está. Um pouco em frente, o responsável pelos animais direccionar, e firmemente seguir a trilha dentre as árvores, mantinha-se calado e pensativo, com um olhar distante.

— Harkin!! Harkinn!! Harkinnn!! — Chamava Kayn, ao perceber que seu amigo estava com o pensamento distante, e uma expressão mais séria que o comum.

— Príncipe! — Respondeu Harkin olhando para o fundo da carruagem, depois de deixar seu soberano sem reposta por alguns instantes. E logo em seguida voltou seu olhar para frente, continuando a direccionar os animais.

— Não se preocupe com ele. — Disse Oryon. — Harkin, desde a nossa infância é desse jeito, perdido em seus pensamentos, ele não é de demonstrar muito seus sentimentos. — Concluiu.

— Não é nada disso. — Respondeu Harkin.

— Concordo com o Oryon, conheci vocês durante a guerra faz poucos anos, e já me dei conta que você é um tipo de pessoa que prefere ficar calado e só escutando. — Proferiu o futuro rei.

— Nada disso meu príncipe. Estou só fazendo a minha função como parte da sua guarda, zelar pela sua segurança. E é por isso Oryon. — Falou Harkin olhando para o seu companheiro de longa data. — Que estou tentando me concentrar, nunca se sabe donde o inimigo pode surgir, principalmente nessa trilha dentre as árvores, e tendo o herdeiro de Thámblak connosco. Você Oryon devia parar de puxar assunto com o príncipe e também começar a fazer a sua função, ficar atento para qualquer eventual surpresa. — Concluiu.

— Se eu não quis levar as Jasps comigo, foi para evitar que a minha ida a Khóblak fosse uma simples viagem dum príncipe para um reino em busca de aliança. Eu cresci dentro daquele castelo, não podia brincar com as crianças do reino, que via correndo pelas ruas enquanto eu só olhava pela sacada do meu quarto, imaginando como devia ser divertido poder ser uma criança como todas as outras. Eu quis vir com vocês, porque essa é a primeira vez que me sinto de facto importante para o meu povo, eu queria saber como é poder conversar com amigos, falar de qualquer assunto, sem se importar com facto de ser o futuro rei. Eu não queria que essa fosse uma simples viagem. — Falou o Príncipe que olhava para Oryon com certa tristeza e pesar em sua expressão.

— Kayn, não me leve a mal, mas eu sou obrigado a concordar com o Harkin, você é o herdeiro de Thámblak, por mais que na altura você sempre quisesse ser uma criança normal, você faz ideia de quantas crianças normais queriam ser um príncipe. Você cresceu é protegido, nós, as crianças normais, tínhamos sempre de estar em alerta, nunca sabíamos quando um varredor podia simplesmente nos atacar, desde cedo tivemos de aprender a lidar com perdas, as bruxas quando entendiam invadiam o reino e levavam quem elas avistassem, sem se importar com os filhos que viam seus pais sendo arrastados. As Safiras e os Zeus não cobriam todo reino, o único lugar seguro em Thámblak, era o castelo, e você estava no castelo, em segurança. Então por...

— Por mais que você faça o máximo para ter uma vida comum, não será possível, pois você é e sempre será um soberano. - Disse Harkin, interrompendo Oryon.

Depois da dura e realista conversa que pairou pela carruagem, estendeu-se um silêncio nada constrangedor, foi como se eles realmente precisassem de organizar seus pensamentos, assimilar o que acontecera. Com os Zeus atentos e em alerta, o herdeiro de Thámblak fitava as árvores de tal forma que se permitira desligar um pouco da realidade. E então a viagem foi seguindo.

— Senhor!! Senhor!! — Sussurrava Oryon, dando inúmeras batidas de leve no ombro do seu soberano.

— O que se passa? Quer dizer, quanto tempo fiquei apagado. — Rebateu o príncipe, com uma voz roca e se espreguiçando.

— Não muito tempo. — Proferiu Oryon. - Mas olhe-lá em frente. — Concluiu apontando para a pequena ponte sobre o riacho que desagua no mar cego.

Após a ponte, eles abriram as pequenas janelas da carruagem, pois já estavam perto e estava claramente visível o tamanho e a dimensão do reino de Zac. Harkin preocupado, Oryon fascinado e Kayn surpreso, pela grande aglomeração que existia logo nos portões do reino, a maior parte do povo Khóblakiano, estava nas ruas dando boas vindas ao herdeiro de Thámblak.

— Olha quanta gente para nos receber. Proferiu Oryon, olhando dum lado para outro.

— Para receber o Príncipe, e não a nenhum de nós. — Falou Harkin, também olhando para o povo que se apresentava de vestes escuras.

Enquanto os Zeus olhavam para o tamanho daquele reino, viam a vestes escuras que os habitantes possuíam, olhavam o castelo também escuro que eles iam se aproximando pouco a pouco, o olhar do príncipe era fixo, ele fitava uma jovem que também o encarava de volta em meio a multidão, cabelos ruivos, vestes esfarrapadas e com certo mistério em seu olhar.

— Vocês conseguem ver ela? — Perguntou Kayn desviando seu olhar para seus amigos.

— Ela quem? — Rebateu Oryon.

— Aquela ali. — Proferiu Kayn em um reflexo, apontando uma pequena multidão que ele podia avistar da janela da Carruagem.

— Mas ali há muita gente. — Disse Oryon incrédulo.

— Eu sei, mas, estava, ali, exactamente ali, uma garota ruiva. — Falou Kayn também incrédulo, após não mais vislumbrar a garota do olhar misterioso.

— Humm!!! Meu soberano, já tendo alucinações com garotas. — Proferiu Oryon que se colocou a rir logo em seguida.

Não tardar ao pé do castelo prontamente estavam. "Chegamos senhor" proferiu Harkin, descendo e abrindo a porta da carruagem para seu príncipe descer. Então desceu também Oryon, que esbugalhou quando avistara quem estava na enorme porta do castelo para prontamente os receber.

— Aquele é

— Zac, o rei de Khóblak. — Proferiu Harkin, interrompendo Oryon.

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EVELYN o fruto dos bosques Where stories live. Discover now