Catarina
Abro os olhos lentamente, aos poucos vou recobrando a consciência, sinto uma respiração calma em meu pescoço e um braço forte rodeando a minha cintura. Sinto o perfume que muitas vezes me fez suspirar. Carlos.
Vou me virando aos poucos e o vejo deitado ao meu lado. Seus olhos estão fechados e sua respiração esta calma, o que me leva a crer que esta em sono profundo. Seus cabelos claros estão mais rebeldes do que a última vez que eu o vi, e também mais claros. A barba esta como da ultima vez, por fazer e bem, mais bem mais forte que a última vez que eu o vi.
- Gosta do que vê? – me diz em uma voz rouca que caracterizo como uma invocação ao sexo.
Subo meu olhar e eu vejo seus olhos castanhos que sempre me prendiam e um sorriso malicioso na boca.
- Você mudou. – falo a única coisa que me vem à mente.
Ele sorri e passa a mão pela minha bochecha.
- Pois é, muitos anos fora me fizeram bem.
- Por quê?
Ele franze a testa e um vinculo se forma entre as suas sobrancelhas. Claramente indicando que não entendeu a minha pergunta.
- Por que me deixou? - Falo num fio de voz.
Ele aproxima ainda mais os nossos corpos.
- Foi necessário. Há muita coisa envolvida e na época eu não tinha tantos aliados como tenho hoje. Seria muito mais complicado se eu ficasse.
- E por que não me levou? Tem ideia do que é estar grávida e sozinha?
- Você nunca esteve sozinha. Eu estava lá sempre. Quando estava no meu funeral eu estava lá ao longe, quando você ia ao médico por uma consulta qualquer ou para bater o ultrassom, eu estava lá. Fiquei tão orgulhoso de o meu primogênito ser um menino, que não cabia em mim de tanta felicidade.
- Então por que não voltou?
- E o que eu falaria? “Hey, Catarina, eu não morri”. Você jamais me aceitaria de volta.
- E por que voltar só agora? Por que não deixou as coisas como estavam?
Ele solta uma respiração pesada. Ele rola e paira por cima de mim.
- Perguntas de mais amor. Vamos ao que interessa.
Ele fecha os olhos e quando vai para me beijar, eu o paro.
Carlos olha para mim, visivelmente emburrado.
- Me responda.
- Por que eu não quero outro homem na sua vida. Eu sou o único que pode te beijar e te tocar. Eu sei que aquele idiota já te tocou e te marcou como dele, mas eu sou teu primeiro e o pai do teu primogênito, então você é minha e ponto final.
- Mas eu estou grávida, Carlos.
Ele bufa.
- Eu sei disso, não sou tão idiota assim. Eu te amo e vou criar o nosso filho e essas crianças. E não se fala mais nisso. Agora...
Ele fecha novamente os olhos e vem para me beijar. Merda! E agora?
Ele encosta seus lábios nos meus e... Nada! Não acontece nada! Não sinto um formigamento, um raio que aparece atravessar o meu corpo, ou um misero suspiro nem sai da minha boca, como acontecia com o marco.
Empurro-o para longe.
- Estamos indo rápido demais. Isso que me contou mexeu comigo, eu preciso de um tempo para você sabe...
Ele olha para mim incrédulo.
- Precisa de um tempo para transar comigo. É isso mesmo que eu ouvi? – ele fala um pouco agressivo.
Meus olhos arregalam-se e o pavor toma meu corpo.
Ele aproxima-se de mim, quase colando nossos rostos.
- Eu NÃO fico sem sexo. Entendeu?
Faço que sim com a cabeça e uma lágrima escorre pelo meu rosto. E a partir dai, a cascata de Foz do Iguaçu se abrem e os soluços tomam conta do meu corpo. Ele olha para mim assombrado.
- Eu te assustei?
Ele me levanta e faz-me ficar em seu colo. Abraça-me e começa a fazer carinho em meus cabelos.
- Desculpe Amorinha, não quis te assustar, eu te amo muito, jamais faria algo para te machucar. Entendeu?
Balanço a cabeça em sinal afirmativo.
Eu sei que ele não vai me machucar, mas ter relações sexuais com ele, já é demais. Tenho nojo e sinto repulsa com o toque dele, mas se eu recusar tenho medo de que essa obsessão comigo se transforme em violência, e agora eu tenho, além do edu, mais dois anjinhos para proteger. E é o que eu farei. Eu os protegerei com a minha vida.
Marco
Depois das quatro da manha, eu já estava louco de raiva. Não se tinha nenhuma outra pista e minha vida poderia estar muito longe.
Sento no sofá da sala do Miguel, coloco meus braços em meus joelhos, ponho minha cabeça entre as minhas mãos e choro. Soluços irrompem pela minha garganta e sinto-me angustiado, sem uma saída que me leve ate minha amada.
- Espere ai. Congela a imagem, agora. – sou desviado dos meus devaneios pela voz do Miguel. Levanto-me num rompante e vou ate a sua mesa, ali vejo uma ambulância do necrotério.
- Marco, sabe me dizer se alguém morreu hoje em seu hospital? – ele me pergunta.
Penso e...
- Até eu ver a Catarina, não, ninguém morreu. Todos os papeis passam por mim, sou eu quem assina o atestado de óbito.
Ele sorri para mim e da um soco na mesa.
- Bingo! Eles a levaram na ambulância do necrotério. Vamos à filmagem do hospital ao vivo, veja se consegue ver a ambulância.
Olhamos e nenhum sinal da ambulância, ate que...
-Olha é ela, a van do necrotério.
Miguel levanta e chama os outros policiais.
- Vamos, não temos tempo a perder.
Todos saem e em viaturas seguem para o hospital a toda a velocidade.
Quando chegamos o Jonas saía tranquilamente do hospital e nós chegávamos ao estilo “Velozes e Furiosos”, quando nos vê arregala os olhos e tenta fugir, mas um dos policias o pega antes dele conseguir ir para algum lugar.
Chego perto dele e o seguro pelo colarinho e lhe dou um soco, e depois outro, e mais um.
- Calma ai, Mike Tyson, deixa comigo agora – fala o Miguel.
Saio da frente dele e deixo o Miguel no meu lugar.
- Jonas, eu quero saber para onde levou a Catarina.
- Eu não sei do que esta falando, mas quero denunciar uma pessoa por agressão física. – ele fala com um olhar raivoso para mim.
Miguel o empurra até ele bater em uma coluna.
- Escuta bem o que eu vou te dizer: se você não me falar onde ela esta, eu vou te acusar de assassinato, roubo e sequestro qualificado. Vou te fazer apodrecer na cadeia.
- Se eu te falar, ele me mata.
- Eu sei de quem esta falando, mas você NÃO SABE com quem esta falando. Eu sou o dr Miguel Cavalcante, delegado e dono de uma das maiores empresas de segurança do mundo. E eu posso te colocar na boca do leão ou te salvar. Você quem escolhe.
Ele parece ponderar. Olha para todos nós.
- Ok. Vamos a outro lugar e eu te conto tudo o que eu sei.
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Para Sempre Voce
ChickLitNa vida todos tivemos um grande amor... Pode ser o primeiro, ou o segundo, enfim, um dia amamos incontrolavelmente alguém. Para Catarina, seu grande amor morreu em um acidente de carro, deixando-a grávida e sozinha. Ela cria o filho Eduardo, até co...