Aniversário II (Downtown)

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Bianca P.O.V – madrugada do domingo, 03 de abril.

Saí da mesa fingindo o máximo de normalidade possível, tentando disfarçar minha ansiedade e torcendo para que a mineira de olhos verdes não tenha notado o meu nervosismo.

Meu deus, a mulher mais linda desse fucking bar realmente tá jogando papo fora comigo.

Lorena.

Cheia de educação, tão gentil. Tão delicada e ao mesmo tempo tão imponente. Onde diachos você foi se meter, Bianca?

Eu devo definitivamente uma a Mari. Coitada. E ainda fingiu pagar um mico para me ajudar. Ri ao lembrar da cena ridícula que ela se prestou a atuar por querer me agradar. A minha amiga não existe, mesmo. Um Oscar para ela urgente.

Peguei o celular e escrevi para a Mari no WhatsApp:

Bianca Andrade:

Espero que você esteja dando bastante agora, meu amor. É o que você merece depois desse papel que se prestou. Pelo menos tá dando certo, por incrível que pareça ela ainda não mandou ninguém me matar. <3

Mariana Gonzales:

Já saí do bar depois que vi o plano dando certo, mas transar mesmo só vou depois das 3 da manhã. Kkk

Deixei 200 reais no caixa. Se a sua conta passar disso, passa no crédito que eu pago depois. E trate de beijar na boca, é o mínimo depois do que me fez passar, peste.

Mariana prontamente me respondeu e eu ri alto com sua mensagem. Eu amo a minha baianinha.

Abri a câmera frontal do meu celular, retoquei meu batom e ajeitei meu cabelo. Ok, melhor que isso não vai ficar. Volta lá, Bianca. Coragem, porra.

Pedi duas tequilas, duas garrafas d'água e duas caipirinhas de morango ao garçom, que prontamente me acompanhou de volta à mesa. Meu coração batia de forma descompassada. Eu precisava beber mais. Definitivamente.

Lá estava ela, com seu cabelo preso à um rabo de cavalo alto, seu olhar perdido nas ondas e aquela boca de lábios grossos pintados de nude. Reparei que também retocou o batom.

No seu jeans - perto das coxas expostas por um rasgo intencional na calça - havia manchas de bebida que a Mari derrubou "acidentalmente". Espero de verdade que saia depois. Quase me senti culpada.

— Psiu, mineira. Trouxe presentes para você. — Sorri e agradeci ao garçom, que nos serviu educadamente. — Gosta de tequila?

— Meu deus. — Lorena gesticulou colocando as duas mãos na cabeça. — Já bebi demais hoje. Será que não vai dar ruim?

— Que naaaaada. Vem, vamos virar o shot juntas. Só tomar água depois, porque equilíbrio é tudo. — Sorri ao perceber que sua risada sempre vinha acompanhada de seus olhos semicerrados.

Ela sorria com os olhos. Era lindo.

Bebemos juntas, depois de eu a ensinar a fazer o "Arriba, Abajo, Al Centro y Adentro". Ela fez uma careta ao engolir a tequila e eu só passei a língua sob os lábios. Eu estava acostumada a tomar bebidas baratas e fortes, quem dirá drink chique do Leblon – descia feito água. A mineira pelo jeito não estava acostumada e isso me fez rir.

Tudo nela era adorável.

— Okay. Estamos sentadas juntas há pelo menos uma hora e pouco sei de ti. — Olhei-a de canto e percebi seu desconforto. Ela claramente não curtia falar de vida pessoal, mas resolvi arriscar.

Sinestesia | RabiaWhere stories live. Discover now