You Found Me

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Capítulo grandinho. <3

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Bianca P.O.V – dois meses depois, Rio de Janeiro.

O barulho do meu celular despertou-me do devaneio. Passei, para variar, o dia inteiro trabalhando. O sol já havia se escondido e minha cabeça doía – o que havia se tornado costumeiro na minha rotina.

Passei os dedos nas minhas têmporas e atendi irritada.

— O que é, Mari?

— Oxente! Que humor é esse, viada? — Mari respondeu na linha.

— Desculpa, Mari — suspirei. — Eu realmente ando um porre. Aconteceu algo?

— Na verdade, aconteceu. Tô te ligando para saber qual bebida cê vai querer, porque vai precisar.

— Como assim? — franzi o cenho. — Pode ser sei lá, Budweiser.

— Não — Mari riu abafado. — É melhor eu levar algo mais forte. Te vejo daqui a pouco em casa.

— O que acontec..

E ela havia desligado.

Bufei ainda mais irritada e tomei um banho lento, com a água escaldante escorrendo sobre meu corpo. Luete, como sempre, me observava do outro lado do box – aproveitando para também tomar o seu banho noturno. Isso me fez sorrir.

Nesses dois meses que se passaram, basicamente me tornei outra pessoa. Saí pouquíssimas vezes, transei o total de zero. Resolvi mergulhar de cabeça nos freelas de design para conseguir uma grana extra e viajar. Eu precisava mais do que nunca espairecer.

Esqueci basicamente de tudo e todos para focar no trabalho. Exceto uma pessoa, claro. Lorena.

Minha amiga me convenceu a deixar a mineira no passado, porque a procura por ela estava me fazendo mal demais. Apesar de relutante, concordei. Não havia o que fazer, simplesmente a mineira-alta-de-olhos-verdes desaparecera. E levou consigo uma parte de mim.

Às vezes eu a odiava. Mas, na maioria dos dias, eu apenas sentia a sua falta.

Mariana chegou cerca de uma hora depois, com três sacolas de mercado e uma garrafa de tequila nas mãos. Ajudei-a com as compras e fui preparar petiscos. Havíamos combinado de maratonar alguns episódios da série "Killing Eve", o que se tornara nosso ritual todas as sextas-feiras.

— Tequila, hm? — perguntei enquanto pegava os copinhos de shot que tínhamos em casa. — Qual é a comemoração?

— Sim. Acho melhor do que cerveja, para essa ocasião. — Mari sentou-se ao meu lado no sofá e nos serviu dois shots da bebida mexicana, junto com limão e sal.

Olhei-a desconfiada.

Arriba, abajo, al centro y adentro — dissemos em uníssono brindando os copos.

A frase automaticamente me transportou à dois meses atrás, no Deck Beach Bar. Lembrei-me dos olhos verdes atentos aos meus movimentos e me acompanhando na fala, antes de entornar o copo. Lembrei-me da careta adorável que se formou ao rosto de Lorena quando o líquido chegou ao seu estômago.

Merda.

— Então? O que é, Mari? Cê tá grávida?

Mariana caiu na gargalhada e tomou mais um shot, me oferecendo. Acabei cedendo e virei mais um com ela.

— Não, Bi. Graças a Deus — a baiana pegou nas minhas mãos e me olhou nos olhos. — Olha, tenta não surtar, tá? Eu sei disso faz uma semana, mas precisei ter a certeza antes de falar contigo. — Ela mordeu os lábios num sinal de nervosismo.

Sinestesia | RabiaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora